TEATRO
Espetáculo adapta conto dramático de Lygia Fagundes Telles
Por Eduarda Uzêda

O espetáculo Alma Morna, inspirado no conto Natal na Barca, de Lygia Fagundes Telles, leva ao palco a história de duas mulheres que têm suas vidas cruzadas quando se encontram em uma barca, a cruzar um rio, entre cidades desconhecidas.
Em cartaz às sextas e sábados, às 20 horas, no Teatro Gamboa Nova, a montagem reúne as atrizes Isabela Silveira e Cynara Paiva, graduadas pela Escola de Teatro da Universidade Federal da Bahia.
O diretor João Lima (O Sapato do Meu Tio) afirma que a peça, além de se apropriar do conto, fala do processo de criação artística, "pois a história destas mulheres é contada por uma escritora", justifica o encenador premiado.
Filho nos braços
"A personagem de Cynara Paiva é uma mulher humilde, que já perdeu um filho, foi abandonada pelo marido e carrega um outro, doente nos braços. Já a personagem de Isabela parece fugir de alguma coisa, o que não fica muito claro na obra de Lygia Fagundes", afirma.
Mesclando o tempo real com fluxos de memória e lembranças pessoais, a peça Alma Morna desvenda ao público como ocorre o processo de criação artística de uma escritora. Para isso, o cenário de Agamenon de Abreu enche o palco de papéis, que simbolizam os variados textos da criadora.
Reviravolta
João lembra que esta é a segunda temporada do espetáculo no Gamboa. "A equipe é de primeira: Rino Carvalho assina o figurino, a trilha é de Jarbas Bittencourt e a iluminação é de David Maia", frisa. Ele revela que no fina da peça há uma reviravolta da trama que surpreende o público.
Escrito em 1958, com uma narrativa linear, o conto tem como tema a força da fé e a oposição entre a vida e a morte.
"Meu personagem é uma pessoa angustiada, que não consegue aceitar a ideia de que a outra mulher, que tem problemas mais graves, tenha fé em Deus", afirma a atriz Isabela Silveira, que também é produtora. Ela acrescenta que a peça trata de diferentes olhares sobre o mundo.
Depois da encenação no Teatro Gamboa Nova, a trupe pretende continuar apresentando o espetáculo, apesar da ausência das dificuldades (os recursos para a montagem foram bancados pelo diretor).
João Lima, que integra a Cooperativa Baiana de Teatro e o grupo Via Palco, apresenta constantemente o solo O Circo de um Homem Só, além da direção de O Sapato do Meu Tio.
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