Grande Sertão: Veredas será apresentado neste fim de semana no TCA

Uma peça-instalação que mais do que retratar o sertão regionalizado, tem o objetivo de evocar o sertão que esta dentro de cada um, o sertão mundo. Trata-se do espetáculo Grande Sertão: Veredas, direção de Bia Lessa, que chega a Salvador, amparado por sucesso de público e crítica.

Vencedor do Prêmio APCA 2017 na categoria Melhor Direção (Bia Lessa), do Prêmio Shell nas categorias Melhor Direção (Bia Lessa) e Melhor Ator (Caio Blat) e do Prêmio Bravo! 2018 na categoria Melhor Espetáculo de Teatro, a montagem será apresentada, neste sábado, 21, às 21 h, e domingo, 22, às 19 h, no Teatro Castro Alves, em Salvador.

“É um espetáculo apoiado na simplicidade, sem grandes efeitos, tudo feito na tentativa de traduzir Guimarães Rosa. O que quero mesmo é evocar o sertão porque cada um tem o seu sertão metafísico” afirma a diretora Bia Lessa, que em 2006 criou a exposição Grande Sertão: Veredas, que inaugurou o Museu da Língua Portuguesa, em São Paulo.

Afastada há 10 anos do teatro, ela justifica que voltou ao palco cênico porque “para fazer teatro tem que ter algo a dizer. Preciso estar totalmente envolvida. E voltar ao universo de Grande Sertão: Veredas é um desafio gigantesco”. Ainda segundo Bia, “a gente está fazendo turnê pelo país sem nenhum patrocínio”.

Bonecos de feltros

Bia entrega que a montagem que conta a saga do jagunço Riobaldo (Caio Blat, e também Luisa Arraes), que atravessa o sertão para combater seu inimigo Hermógenes (José Maria Rodrigues), acabando por firmar um pacto com o diabo e se apaixonar por Diadorim (Luíza Lemmertz) conta com 280 bonecos de feltros.

De acordo com a encenadora, os intérpretes , que ensaiaram 8 a 9 horas por dia, representam não só humanos, mas também animais, — escorpião, sapo, ave de rapina, cachorro, onça, etc– plantas e até minerais.

E tem novidades: a cenografia traz ao palco uma grande estrutura tubular que remete a uma gaiola, cenário de violentas batalhas. O público poderá optar por assistir no palco (tendo uma experiência estética diferenciada) ou no espaço da plateia.

Os espectadores que estiverem na gaiola usarão fones de ouvido que permitirão escutar separadamente a trilha sonora (assinada, nada menos, por músico do porte de Egberto Gismonti) , além das vozes dos atores os efeitos sonoros e sons do ambiente.

Elenco e técnica

No elenco, atuam os intérpretes Caio Blat, Luíza Lemmertz, Luísa Arraes, Leonardo Miggiorin, José Maria Rodrigues, Balbino de Paula, Daniel Passi, Elias de Castro, Lucas Oranmian e Clara Lessa.

Para dar vida ao mítico sertão, Bia além de Egberto Gismonti (trilha sonora) reuniu, Camila Toledo (concepção espacial, com a colaboração de Paulo Mendes da Rocha), Sylvie Leblanc (figurino) e Fernando Mello da Costa, que assina os adereços.

O ator Caio Blat fala da construção de seu personagem Riobaldo: “Ele é um homem perplexo, que ri de seu próprio destino. Foi construído sob o signo da leveza”. O ator conta que a preparação corporal dos atores foi intensa, ”pois o sertão evocado teve que ser representado a partir do físico”. Já a atriz Luisa Arraes afirma que “o processo foi único e transformador”.