TEATRO
Marco do teatro baiano volta à cena
Por Eduarda Uzêda

Em 1989, um dos maiores fenômenos do teatro baiano, o espetáculo O Recital da Novíssima Poesia Bahiana surgiu com um grupo oriundo da Escola de Teatro da Ufba: Los Catedrásticos. As letras das canções de axé, pagode, arrocha etc, alvo de sátiras do musical, agradaram em cheio ao público, que fazia longas filas - coisa rara hoje, em tempo de contingenciamento de verbas - para conferir a montagem.
Marco teatral da cena local junto com A Bofetada, Os Cafajestes e Oficina Condensada, O Recital de A Novíssima Poesia Baiana (a segunda maior bilheteria do teatro baiano de todos os tempos), com o passar dos anos ganhou novas versões.
A mais nova - Los Catedrásticos - Nova Mente, pode ser conferida pelo público, sextas, sábados e domingos, até 2 de agosto, às 20 horas no Teatro Módulo.
Equipe talentosa
Desta vez os atores Jackson Costa (A Coisa / Aprovado), Cyria Coentro (Prêmio Braskem de Teatro 2014, na categoria Atriz com o espetáculo Love) e Ricardo Bittencourt (Sarau da Caixa-Sotaque Baiano) dividem o palco. (A atriz Maria Menezes ganhou neném recentemente e teve que se afastar).
A direção é do experiente e versátil Paulo Dourado, mais de 40 anos de teatro com grandes sucessos no currículo, entre eles A Paixão de Cristo, A Caverna, Canudos: a guerra do sem fim, e A Conspiração dos Alfaiates. Paulo é criador de um projeto único no cenário cultural da Bahia: O Teatro Popular Contemporâneo (Teatros do Tempos), vertente do teatro épico, voltados para a encenação de fatos históricos, com caráter democrático.
Sem patrocínio
O ator Jackson Costa conta que o grupo Los Catedrásticos nunca teve patrocínio. "É um marco do teatro baiano e da vida da gente. Foi o primeiro grande sucesso também nosso, dos intérpretes", afirma. "Nós atores apostamos na reflexão das sátiras , o público acompanha o que fazemos, mas a iniciativa privada não acompanha este movimento", acrescenta.
Sem Maria Menezes, ele diz que os atores estão fazendo um novo espetáculo, que traz uma abordagem crítica do conteúdo das letras, do apelo com a sexualidade e do desrespeito com a figura da mulher. "Eu já tinha me chocado com o que a gente vê em letras e em coreografias nas ruas, mas desta vez, na cena, por ter dois homens e apenas uma mulher, houve uma intensificação deste choque", ressalta o ator.
Bilu Bilu
O ator Ricardo Bittencourt afirma que não faltam novidades. "No bloco final do espetáculo, tem interpretações novas, a exemplo de Bilu Bilu (Pablo) e A Muriçoca, Soca, Pica do (O Rei da Cacimbinha). "É um grande privilégio fazer parte deste espetáculo", diz Bittencourt.
O diretor Paulo Dourado tem rido muito nos ensaios do grupo, que encara novos textos, movimentação e marcações. Um desafio e tanto.
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