TELEVISÃO
Ana Paula Padrão: "um dia eu me ajeito na Bahia"
Por Ricardo Feltrin

A jornalista e empresária Ana Paula Padrão nunca esteve tão feliz em sua vida. À frente do MasterChef Brasil, na Band, se tornou uma das personalidades mais citadas da internet brasileira - assim como seu programa. O reality gastronômico é hoje também a maior audiência da Band em praticamente todo o país.
Exemplo da mulher brasileira "empoderada", a brasiliense Ana Paula de Vasconcelos Padrão é bem-sucedida, famosa e muito, muito bonita. Ninguém lhe dá os 49 anos que tem. E para deixar invejosas mais irritadas, também é magra. E elegante.
Apesar disso, Ana é modesta. Afirma que boa parte de seu sucesso é "sorte". Nessa entrevista exclusiva ao Jornal A TARDE, ela revela que adora cozinhar, adora experimentar novos pratos e que sonha um dia, caso se aposente, morar na Bahia. Adora uma pimentinha. Veja a entrevista exclusiva com Ana Paula Padrão, a MasterChef da TV brasileira.
Pergunta que não quer calar: você sabe cozinhar? Qual é seu prato pièce de résistance?
Cozinho bastante, é um de meus grandes prazeres. Mas sou muito mais amadora do que qualquer dos competidores do MasterChef! Não tenho um prato que sempre repito. Como tudo na minha vida, curto mais as novidades...
Acho você um tanto implacável no programa. A Paola, jurada, parece ser mais manteiga. Nesses anos, você nunca ficou triste com uma eliminação de um candidato ao ponto de chorar?
Eu? Implacável? Preciso pedir ao diretor que edite mais meus momentos chorona... sou a maior manteiga derretida! Mas, de fato, tenho mais tempo de estúdio e blindo algumas áreas de emoção durante as gravações. Afinal, se jornalista se comovesse com tudo, a matéria não sairia, né? Acho que é treinamento de ofício.
O que acontece com toda aquela comida depois que o programa acaba? A produção ataca? Jogam fora?
Todo o estoque de perecíveis do supermercado é doado para instituições que necessitam, todos os dias. Os pratos que os participantes fazem são o que os chefs comem para votar. Não sobra.
Você já levou alguma 'quentinha' feita no programa para casa?
Pra casa, não, mas quando algum participante faz um prato muito bom, confesso que almoço ele todinho! Depois que os chefs votam, é claro.
Hoje o MasterChef é o assunto mais comentado da internet brasileira. Você achava que a atração chegaria a esse nível de repercussão?
Não tinha ideia. Acreditei nos que entendem de formatos internacionais e me diziam que este era um sucesso no mundo todo. Mas nem em meus melhores sonhos imaginei que chegaríamos a tamanha repercussão. Meu irmão sempre me diz que tenho muita sorte, que tudo de que participo dá certo. Deve ser...
O programa também é a maior audiência da emissora. Também foi surpresa ou já esperava?
De novo não esperava nada. Estava feliz em fazer algo novo, bastante animada com os companheiros de trabalho e com o profissionalismo da produção toda. Sabia que ficaria bem feito, mas que a tal "mágica" da TV - quando tudo e todos estão nos lugares certos e na hora certa - aconteceria conosco, isso eu não poderia antecipar.
O MasterChef é extremamente longo para os padrões da TV brasileira, e mesmo assim mantém um enorme share, também o maior da Band. Como isso aconteceu, na sua opinião?
Toda quarta de manhã ouço o mesmo comentário de todo mundo com quem encontro: puxa, fiquei acordado até uma da manhã por causa do seu programa! A verdade é que, quando se começa a assistir, não se consegue desligar! A edição tem um ritmo bom e a gente fica muito curioso pra ver qual será o desempenho de cada um dos competidores naquele dia, quem vai ser eliminado e em qual circunstância! O formato é bom. E é prova de que nem tudo precisa ter meia hora na TV aberta para dar audiência.
Outra dúvida sobre o programa: por que os candidatos têm tantos problemas para preparar carnes de aves? Posso estar enganado, mas ave é o prato que eles mais cometem erros, não?
Concordo que aves são um dos grandes erros dos participantes. Em geral, eles têm medo de passar do ponto e a ave acaba meio crua. Não tenho repertório culinário para dizer qual é o problema e onde eles erram tanto mas, segundo os chefs e outros especialistas, cada ave tem seu próprio tempo de cozimento e é preciso estudar muito pra não errar.
O que assiste na TV? Seus programas preferidos? Aliás, você "se assiste" também? (tem tempo para isso?) É autocrítica? Se arrepende do que fala, às vezes?
Assisto muito pouca TV. Na verdade, só ligo mesmo quando quero ver um filme. Passo dias sem TV. Quando chego em casa quero ler, cozinhar, ouvir música e outras coisas que não tenho tempo na minha rotina maluca. Quando não estou exausta e morta de sono eu vejo, sim, o MasterChef e até participo dos debates nas redes sociais sobre o programa. Quando não aguento de sono - e não sou mesmo uma notívaga - vejo no dia seguinte na internet. Tenho sim uma autocrítica muito pronunciada mas, depois de quase 30 anos na frente da telinha, o jeito foi me acostumar a me ver ali...
Você sente alguma saudade do trabalho de repórter? Vai voltar a fazer matérias investigativas ou mudou definitivamente para o entretenimento?
Adoro rua. Adoro reportagem. Adoro entrevistas. Adoro gente. Sempre que puder estarei inventando uma maneira de exercer essas atividades. No jornalismo ou no entretenimento. Não sou dos rótulos, acho que dá pra fazer o que gosto em qualquer formato.
Além de jornalista, você é entertainer e empresária. Tem uma organização, a Tempo de Mulher, e uma produtora, a Touareg, que emprega cerca de 40 pessoas, certo?
Sim e essas atividades de empresária me tomam bastante tempo e energia. Além da Touareg, que conta histórias em vídeo do universo corporativo, tenho a Tempo de Mulher, cujo projeto mais recente e querido é a Escola de Você (www.escoladevoce.com.br), uma escola online e grátis voltada para a autonomia feminina. Tentamos trazer a mulher ao seu melhor. Acredito, de fato, que mudando uma mulher a gente muda uma comunidade inteira - e a mulher precisa ganhar consciência do quanto é capaz e poderosa! Nossas aulas tentam despertar nela esse espírito guerreiro e equilibrado.
Se fosse para escolher uma só profissão, qual seria?
Contadora de histórias. Por isso virei jornalista.
Você foi uma das primeiras jornalistas (famosas) a migrar para o entretenimento. Pedro Bial, na verdade, fez isso no começo dos anos 2000, mas hoje isso virou lugar-comum. Por que os jornalistas estão caindo fora da profissão, na sua opinião?
Sabe que não me sinto capaz de responder a essa pergunta? Minha decisão foi não mais apresentar telejornais mas nunca imaginei migrar para o entretenimento. Quando deixei a bancada dos telejornais, fiquei mais de um ano apenas nas minhas empresas. E, quando fui convidada para apresentar o MasterChef, fui pela diversão e pelo desafio do novo! Mas não chegou a ser uma migração planejada. Não sei o que leva jornalistas a fazer deliberadamente a transição. No meu caso, ainda me sinto uma jornalista entrevistando e tentando entender a cabeça de candidatos a chefs numa competição culinária.
A questão de fazer propaganda influencia? Aliás, por que você quase não faz propagandas?
De novo, nunca pensei em deixar de ser jornalista para fazer isso ou aquilo. Não fiz nenhuma propaganda até agora. Participei, sutilmente, de alguns merchans no MasterChef para testar a reação do público e foi bem tranquilo. Não descarto a possibilidade de fazer no futuro. Mas ainda não surgiu nada que me provocasse de verdade.
Deixe-me fazer uma pergunta capciosa. Se a Globo te chamasse hoje para apresentar o The Voice, por exemplo, você iria?
Acho que muita gente em outras emissoras gostaria de estar onde estou nesse momento e fazendo exatamente o que estou fazendo. Não tenho motivo para pensar em deixar um time que está ganhando e que me trata tão bem...
Essas perguntas vão especialmente para os leitores de A TARDE. O que você conhece da Bahia? Viaja sempre para o Estado? Gosta de um vatapazinho? É chegada numa pimentinha?
Amo a Bahia. Amo as praias, a gente, o clima. De verdade, é onde fica meu coração no Brasil. Já tive casa perto de Itacaré e fui incrivelmente feliz lá. Sou bem chegada numa pimentinha e adoro a culinária do Estado. Quando me aposentar, se é que um dia eu me aposento, acho que me ajeito num cantinho da Bahia e vou me preocupar só em ser feliz - o que não vai ser nada difícil.
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