TELEVISÃO
Em Série - Névoa e suspense
Por Debora Rezende l Especial para A TARDE
Sob muitos aspectos, a ideia de uma névoa densa pode ser assustadora. Em meio ao branco, saber o que é real ou não é um desafio considerável. Ao menos em O Nevoeiro, nova produção original da Netflix, o terror envolvendo o fenômeno não é exagero.
A produção é fresquinha no catálogo, uma adaptação do conto homônimo de Stephen King. Com dez episódios de cerca de 40 minutos, a série estreia já com o desafio de fazer jus à obra de King, um dos maiores nomes das histórias de horror e suspense na literatura mundial.
10
Então: a série criada por Christian Torper alcança o esperado? Em partes. Cria um ambiente de suspense, mas não consegue chegar ao nível dos livros de King.
Fenômeno
De um modo geral, O Nevoeiro relata uma cidade pequena assolada por um fenômeno ímpar: uma névoa densa que desperta criaturas estranhas.
Não são necessariamente monstros da noite ou figuras sobrenaturais, mas insetos e animais que passam a se comportar de uma maneira aterrorizante.
Na mística da série, aranhas, baratas, sapos e corvos tomam o corpo de qualquer um que se embrenhe na névoa, arrancando maxilares ou saindo pelas costas das pessoas. Misturada com uma fotografia mais puxada para o suspense e o etéreo, a proposta de causar medo e asco dá certo. Ainda assim, a narrativa é fraca em termos de ritmo.
Dramas
Paralelamente ao terror envolvendo o fenômeno, que, nos primeiros episódios, ninguém consegue explicar ou encontrar uma solução melhor do que permanecer em um ambiente fechado, a série tem os dramas envolvendo os personagens do núcleo principal.
As tramas internas da produção também se mostram interessantes: o soldado que não sabe quem é, a garota em crise de abstinência, uma mãe autoritária, um pai permissivo, uma adolescente sexualmente abusada, o casal de idosos hippies e um jovem que se apresenta com uma sexualidade fluida.
Tensão
Mais do que o mistério por trás do que vem assolando a cidade, a série O Nevoeiro tenta criar uma tensão entre os habitantes pelo que eles viviam antes da névoa.
O enfoque maior da série não está nas criaturas (tanto que os primeiros episódios pouco dizem sobre elas), mas, sim, no modo como cada personagem reage: medo, desafio, aceitação e desconfiança são alguns dos fatores envolvidos.
O que falta aqui é um ritmo um pouco mais ágil.
Esta primeira temporada é eficaz em apavorar quem se assusta fácil, mas precisa de um pouco mais de gás para se firmar enquanto suspense-terror.
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