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TELEVISÃO

Ingra Lyberato sobre sumiço: "Foi puro medo do sucesso"

Por Maiara Lopes | Foto: Divulgação

11/06/2019 - 14:19 h | Atualizada em 21/01/2021 - 0:00
Atriz retornou para a televisão após 20 anos de hiatus
Atriz retornou para a televisão após 20 anos de hiatus -

Sucesso nos anos 90, quando protagonizou A História de Ana Raio e Zé Trovão, na TV Manchete, a atriz Ingra Lyberato passou quase 20 anos longe dos holofotes até retornar para a TV, no ano passando, quando interpretou Fátima na novela Segundo Sol, da TV Globo.

Nesta terça-feira, 11, às 19h, Ingra vai participar de um bate-papo no evento “Café.Com”, promovido pela Faculdade Social da Bahia (FSBA), em Salvador.

Em entrevista ao Portal A TARDE, a atriz conversou um pouco sobre sua infância, as inspirações de seus pais, os artistas Chico e Alba Liberato e o motivo de passar quase 20 anos sem atuar em novelas.

Desde pequena você conviveu com arte por ser filha do artista plástico Chico Liberato, pioneiro no cinema de animação com o longa Boi Aruá (1984) também é filha de Alba Liberato, por sinal, roteirista do mesmo longa metragem. Qual foi a infuência dos seus pais na sua carreira?

Influência total! Como cresci em um ambiente que respira e produz arte no dia-a-dia, me expressar através da escrita, dança, pintura ou teatro, sempre foi natural. Nunca me imaginei em alguma atividade que não fosse uma expressão artística. Minha mãe Alba abandonou a carreira de professora convencional, para se dedicar a uma educação diferenciada para os cinco filhos. Isso foi um projeto pensado e hoje se estende para outros jovens. Ainda era criança quando participei como colorista do filme O Boi Aruá, que levou anos para ser feito e foi meu primeiro crédito como profissional.

Animação é um processo longo e meu pai sempre fez questão de envolver toda a família. Afinal ele realiza suas expressões artísticas em casa e isso faz da nossa morada uma verdadeira escola de arte. Crescemos todos pintando, fazendo teatro de marionete nos aniversários, encenando, dançando e ouvindo todo tipo de música de qualidade. Primeiro me apaixonei pela dança e cursei metade de licenciatura na UFBA, mas chegando no Rio com vinte anos, me apaixonei pelo teatro e os caminhos se abriram me segurando por lá.

De qualquer forma, nesses mais de trinta anos morando fora, sempre voltei para Salvador no mínimo uma vez por ano para me realimentar do ambiente criativo da casa de meus pais. Meus irmãos também desenvolveram suas expressões na arte e nos inspiramos uns nos outros. Esse documentário que estamos fazendo, começou a ser gestado por todos em 2013. Naquela época, João entrevistou vários parceiros de nosso pai, Alba começou a separar materiais de pesquisa e começamos a pensar também com nosso pai, Flor, Cândida e Tito, como seria essa abordagem.

Depois de algumas tentativas, conquistamos um edital de inovação de linguagem, com um projeto que traz a família como construtores da obra. Temos alguns colaboradores fundamentais no material que será utilizado. Estamos animados para assumir nossos papéis no Doc, assim que passar a fase de pesquisa, afinal será um trabalho bem no estilo de Chico e Alba, com toda a família participando da realização.

Na extinta TV Manchete, você participou de grandes produções que revolucionaram a Televisão Brasileira, que foram as novelas Pantanal e A História de Ana Raio e Zé Trovão. Muita coisa mudou desde então. Como você vê hoje essa guerra pela audiência que ocorrer dia após dia?

Aquela audiência fenomenal de um único canal, em um horário específico, pertence a outros tempos. Claro que ainda existe liderança de audiência, mas isso está diminuindo. Os conteúdos de qualidade sempre terão seus espaços, mas agora também fora da TV. Por exemplo, Pantanal e Ana Raio estão no YouTube com enorme quantidade de acesso. Sinto que as tvs abertas estão se reinventando. O mundo mudou. A internet toma cada vez mais espaço e isso quer dizer ampliação de uma plataforma de exibição, que antes era só da televisão ou o cinema. Como as pessoas têm a internet para acessar todo tipo de conteúdo, existe cada vez menos pessoas dispostas a parar tudo para assistir os conteúdos com hora marcada. Não significa que não querem ver, só que agora, cada um faz sua própria grade de programação. Está tudo em transformação para uma nova realidade mais focada no interesse de cada um.

Eu amo a sala de cinema, mas esse amor é de um grupo de pessoas. Tem aqueles que preferem assistir qualquer coisa em seu sofá e tudo bem. Hoje posso acessar apenas o que me interessa e na hora que eu puder. A propaganda também está migrando para seu segmento específico. Isso quer dizer que não precisamos mais engolir um comercial de produto que não nos interessa, nem conteúdo que não queremos. Acho que essa diversidade de plataforma traz um dos bens mais sagrados do indivíduo: a liberdade de escolha. Essa liberdade se estende aos realizadores. Podemos estar nas histórias que nos movem verdadeiramente e escolher nossos parceiros de acordo com o método de trabalho.

Nos projetos que estou criando, me envolvo cada vez mais com pessoas interessadas em trocar ideias e criar através de um sistema colaborativo, onde todos são ouvidos e juntos chegamos a um resultado mais rico, mais humano, mais colorido. Sinto que esse novo tempo, não suporta mais controle de poucos sobre a maioria. Estamos descobrindo nossos dons e queremos colocá-los a serviço do coletivo. Quem resistir a esse novo tempo, vai sofrer. Quem compreender a riqueza do viver e criar em grupo, estará dando o passo necessário para a construção de algo realmente novo e mais harmônico.

É verdade que a TV Manchete tinha olheiro na Globo para informar os horários em que entrariam os comerciais, favorecendo assim as produções da emissora?

Sim. Não sei quem era, mas alguém dentro da globo avisava o minuto que a novela deles estava saindo do ar, para a manchete colocar a dela. Na verdade, a Manchete fazia isso, porque enxergava a superioridade da Globo e evitava competir. Entrava quando a outra acabava para não perder audiência. Era uma estratégia que hoje não cabe mais, graças a essa nova realidade que dá a todos autonomia para não serem mais manipulados. Hoje só podemos contar com a qualidade irrefutável de um produto. Se não for assim, as pessoas têm mil outras opções para escolherem. Vejo isso com muito bons olhos.

Depois de muito sucesso, de repente, você resolve fugir, se isolar, recusando inclusive convites para participar de novelas e peças de teatro. Foi o medo do sucesso? Algum arrependimento?

Foi puro medo do sucesso, mas claro que na época eu não tinha nenhuma consciência disso. Inventava mil desculpas plausíveis para recusar. As pessoas falam pouco desse medo de expandir, de assumir novas responsabilidades e crescer. Mas é justamente esse medo do sucesso que tem o poder de travar nossa vida, porque ele vem disfarçado, não tem cara de medo.

No meu primeiro livro O Medo do Sucesso, eu abro o jogo e confesso todas as vezes que estava mentindo para mim mesma. Tenho o propósito de ajudar as pessoas a não cair nessa. Se sua vida não vai para frente, tenha certeza de que é você que está fazendo isso. Ninguém tem o poder de nos travar, só nos mesmos. E isso não quer dizer que todos deveriam estar no topo do sucesso, mas sim que todos podem e devem se sentir realizados, fazendo seu melhor e colocando seus dons a serviço do mundo. No livro, depois de destrinchar todos os sinais do medo, eu ressignifico o sucesso.

Ser bem sucedido é estar em paz e harmonia com o que acontece dentro e fora da gente. Se o universo abre um novo caminho, precisamos confiar e trilhar esse novo, fazendo nosso melhor. É um livro que fala também de gratidão. Se somos gratos a nossa historia e honramos as oportunidades, podemos ser generosos e com isso começamos a vibrar prosperidade em todos os níveis.

A gente quer para o outro o que estamos sentindo por dentro. Se estamos sofrendo, causamos sofrimento. Se estamos felizes, queremos expandir esse estado de espírito. Não honrar uma grande oportunidade é arrogância ou medo muitas vezes disfarçado de humildade. De qualquer forma, não me arrependo de nada. Como poderia ter a maturidade que tenho hoje, se não tivesse chegado ao fundo do poço e com isso, decidido enxergar minha verdade?

É verdade que antes de lançar seu livro “O Medo do Sucesso - a vida nos palcos, no cinema e na televisão “ você enviou uma cópia para que duas terapeutas dessem opinião?

Claro! O livro é uma tese sobre um conceito inteiramente novo: o medo do sucesso. Só agora as pessoas estão começando a falar disso. É o medo da felicidade que nos bloqueia, pois não conhecemos muito bem esse estado harmônico. O caos é nosso amigo antigo e estamos acostumados com ele.

Arrisco dizer que nosso inferno é nossa zona de conforto. Temos medo da luz. Como nunca fiz terapia da forma convencional, fui enxergando esse mecanismo baseada na experiência própria. Antes de lançar o livro, procurei as terapeutas Christiane Ganzo e Denise Aerz do coletivo Bororó. Dei para elas lerem para saber se eu estava falando algo absurdo, pois era uma descoberta muito nova para mim. Descobri que elas já tinham um trabalho que investigava esses aspectos do medo de brilhar. Elas amaram! Foi um encontro muito sincrônico, que faz parte de um plano maior que eu.

Esse livro foi escrito e lançado em menos de seis meses. Todos os caminhos se abriram e as pessoas certas se aproximaram. Para mim ficou claro que o universo conspirou a favor, por algum motivo além da minha limitada compreensão.

Você até hoje é conhecida nas ruas como Ana Raio? Como você vê essa questão, te incomoda ter sido marcada por um personagem?

Sim! Amo! Como disse no início, esse nível de visibilidade será cada vez mais raro, já que as plataformas estão se multiplicando. Hoje, vejo essa oportunidade de estar em foco como um grande presente. Se naquela época já eram poucos os atores com um personagem marcante, imagine hoje. Vejo a Ana Raio como um presente divino. Criei essa personagem junto com Jayme Monjardim. Olha a roteirista já surgindo naquela época. Mas fiz para qualquer atriz ser a Ana. Na última hora, o Jayme me convidou.

Hoje olho as cenas e vejo que eu tinha a essência da Ana Raio. Inocência e coragem. "O que passou, passou, mas o que passou luzindo, resplandecerá para sempre." Johann Goethe

Como surgiu o convite para Segundo Sol?

Liguei para a produtora de elenco Vanessa Veiga, dizendo que sou baiana, fã de Dennis, João Emanuel e que adoraria fazer parte da trama. Ela me pediu para fazer uma cena de vídeo e avisou que ficaria atenta a primeira oportunidade de boa participação, já que o elenco estava completo.

Quando surgiu a mãe Fatima ela me ligou pedindo para fazer um teste para aquela personagem. Fiz o teste e o Dennis e o João Emanuel aprovaram. Me senti grata ao universo por eles terem apostado em mim para fazer um papel que eu nunca havia feito. Uma mãe de família, super protetora e traficante. Foi incrível! Nunca fiz uma participação com repercussão tão bombástica. Fiquei surpresa com o alcance da personagem e também daquele núcleo familiar. Mais uma vez o universo conspirou trazendo os atores certos para aquela interação instantânea. Parecia que a gente já tinha trabalhado junto. Também fomos recebidos com muito amor por todo o elenco e equipe. Senti um axé de verdade naquela novela.

Imagem ilustrativa da imagem Ingra Lyberato sobre sumiço: "Foi puro medo do sucesso"
| Foto: Divulgação
Atriz interpretou Fátima na novela Segundo Sol, da TV Globo

Já tem novos projetos para cinema, TV e teatro?

Tenho alguns projetos escritos por mim, em andamento. Estou colocando em editais e por isso é cedo para falar. Esse ano terei dois longas em lançamento no segundo semestre: A Batalha de Shangrilá e A Espera de Liz. Fiz o longa Além de Nós em maio desse ano e estou acertando um outro longa no segundo semestre. Paralelamente estarei me dedicando à conclusão do segundo livro que será lançado no segundo semestre, A Natureza Oculta Iluminada e o roteiro do Doc A Vida é da Cor que Pintamos sobre meu pai, com toda a família. Sem falar em tudo que pode aparecer a qualquer momento e que será abraçado com muita entrega da minha parte.

O que o publico pode esperar desse bate papo na Faculdade Social da Bahia?

Vamos descobrir juntos. Espero que saiamos diferentes e transformadas, que aprendamos uns com os outros. Não é uma aula ou fala decorada.

Quero ter uma conversa franca e transmitir tudo o que tenho aprendido com a vida sobre estar aberto para expansão dos dons pessoais e da alegria de viver. Precisamos aprender uma novo forma de existir baseada na confiança de que tudo o que nos acontece é para nosso crescimento pessoal e é saudável abrir os braços e o coração para cada pessoa que cruza nosso caminho.

Também precisamos aprender a nos posicionar em defesa de nossa jornada, não deixando que pessoas equivocadas nos atrapalhe. Ser firmes e amorosos. Tenho aprendido muito sobre isso. Quero responder perguntas de todo tipo, pois tenho buscado uma transparência cada vez maior. A aventura do auto conhecimento pode ser mais rica se compartilhamos com outras pessoas. O Carlos Leal leu meu livro e convidou para esse bate papo. Sou muito grata a ele por essa organização e pelas presenças de Anna Valeria Colares e Bruno Pitanga. Quero convidar você e a todos, sentindo que vai ser lindo!

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