Menu
Pesquisa
Pesquisa
Busca interna do iBahia
HOME > cultura > TELEVISÃO
Ouvir Compartilhar no Whatsapp Compartilhar no Facebook Compartilhar no X Compartilhar no Email
28/02/2021 às 6:00 | Autor: Rafael Carvalho - Crítico de cinema

TELEVISÃO

Série nacional 'A cidade invisível' leva mitos brasileiros à Netflix

Criada pelo cineasta Carlos Saldanha, a série em live action reapresenta mitos e personagens do folclore brasileiro
Criada pelo cineasta Carlos Saldanha, a série em live action reapresenta mitos e personagens do folclore brasileiro -

O investimento local que a Netflix tem feito na produção de filmes e séries com a cara de cada país é uma estratégia muito bem pensada para diversificar a produção audiovisual, oferecer ao público novas narrativas e paisagens, além de concentrar um acervo bastante variado na sua plataforma. Em certa medida, podemos pensar que tais conteúdos miram no mercado interno, na audiência local, mas no caso de Cidade Invisível a coisa tomou outra proporção.

Criada pelo cineasta e animador Carlos Saldanha, a série em live action – o primeiro de seus trabalhos nesse formato – reapresenta mitos e personagens do folclore brasileiro que coexistem com a realidade do Rio de Janeiro. A série acabou se tornando um hit mundial, sendo bem assistida ao redor do mundo – chegando a ficar em primeiro lugar na Netflix norte-americana.

É bastante curioso observar tal fenômeno por conta da dimensão local e cultural que a história oferece, muito localizado ao Brasil – prova de que mesmo os mitos são universais. Por outro lado, para o público brasileiro, não deixa de ser uma novidade também utilizar esses personagens para criar uma trama adulta, séria e atraente em termos narrativos. Cidade Invisível equilibra realidade e fantasia de modo muito perspicaz, apesar de um roteiro que falha em alguns detalhes.

Na trama, o investigador da polícia ambiental Eric (Marco Pigossi) perde sua esposa em um incêndio dentro de uma mata próxima a uma vila de pescadores na qual ela fazia pesquisas. O fato de uma grande empresa estar de olho no local, querendo desapropriar os moradores, levanta suspeitas de um ato criminoso, mas as evidências sobre isso caminham para outras direções.

As coisas começam a ficar estranhas quando, pouco depois, Eric descobre um boto-cor-de-rosa morto e encalhado na Praia do Flamengo – mais tarde o animal irá se transmutar em um corpo humano. Um misterioso grupo, capitaneado por Inês (Alessandra Negrini), proprietária de um estranho bar, fica em alerta com a morte do boto, e logo eles irão revelar que não apenas sabem mais sobre isso, como escondem suas verdadeiras identidades.

Personagens como a Cuca, o Saci e a Iara vão dar as caras na trama, cruzando o caminho de Eric, que, além das investigações, tem de lidar com a ausência da esposa que lhe aparece como um fantasma, e ainda com a filha pequena do casal com seu comportamento arredio e também fora do comum.

Sem exotismo

Logo na primeira cena da série, um senhor empreende uma busca floresta adentro, mas é atacado e morto por uma poderosa criatura das matas, com os pés virados ao contrário e a cabeça em chamas.

O Curupira nos surge com essa roupagem séria e com ares de violência e destemor, longe da figura burlesca com a qual é mais conhecido. A representação que tais personagens ganham na série é o ponto alto aqui, na medida em que eles revelam personalidades e potencialidades mágicas diversas.

Apesar de a série ter direção geral de Luis Carone – ele assume a direção de boa parte dos episódios, junto com Júlia Jordão –, é importante salientar o papel de Saldanha como criador da série.

Animador de longa tradição, carioca radicado nos Estados Unidos, ele possui carreira internacional reconhecida, integrando a equipe da produtora de animação Blue Sky, tendo codirigido o sucesso A Era do Gelo e posteriormente assumindo a direção das duas continuações da franquia.

Mas nos interessa pensar aqui em filmes como Rio e Rio 2, dirigidos por Saldanha em um estúdio internacional, que dá conta de representar a cidade do Rio de Janeiro, o Carnaval e a cultura local num ritmo de festa, folia e melancolia. Nesse caso, havia um claro interesse em revelar um Brasil exótico, com cores vibrantes, em um viés de “filme para gringo ver”.

A ideia de retomar símbolos da cultura folclórica do Brasil poderia apontar para o mesmo caminho agora, mas Cidade Invisível possui um verniz distante dessa representação excêntrica e extravagante daquilo que faz parte de nossa cultura mitológica – e se a série tem feito sucesso com o público estrangeiro, isso se deve mais às qualidades inerentes da obra do que uma tentativa expressa de vender o folclore brasileiro para o exterior.

Trama integrada

As aparições dos personagens mitológicos e suas habilidades mágicas, que incorporam o tom fantasioso à série, estão muito bem integradas à trama realista de Cidade Invisível – que coloca em questão a exploração do meio ambiente, por exemplo, além dos traumas dos seus personagens –, justamente por um tratamento nada caricatural destes seres, apesar de alguns deslizes de roteiro.

A série possui apenas sete episódios que variam de 30 a 40 minutos e, em dados momentos, precisa apressadamente resolver certos lances da trama que poderiam ser melhor ajustados – como a rápida chegada de Eric durante o incêndio logo no primeiro episódio ou a resolução em torno do confronto entre dois personagens em frente à casa de Eric no fim do quarto episódio.

De qualquer forma, Cidade Invisível cadencia-se muito bem até o final, apostando nos ganchos entre os episódios – o fim do segundo é um dos momentos mais bonitos da série, ecoando uma bela versão de Sangue Latino em que Eric cai nos encantos da bela Iara (interpretada por Jéssica Córes).

A série encontra espaço para destacar todos esses personagens – os mitológicos e mesmo os seres humanos – nas suas potencialidades mágicas, mas também nas suas fraquezas, defeitos e virtudes. Cada um tem o seu momento de brilhar, com o gostinho de revelar os encantos e os perigos que carregam em si.

Cidade Invisível (Idem, 2021) / De Carlos Saldanha / Com Alessandra Negrini, Marco Pigossi, Julia Konrad, Jimmy London / Disponível na Netflix

Compartilhe essa notícia com seus amigos

Compartilhar no Email Compartilhar no X Compartilhar no Facebook Compartilhar no Whatsapp

Cidadão Repórter

Contribua para o portal com vídeos, áudios e textos sobre o que está acontecendo em seu bairro

ACESSAR

Publicações Relacionadas

A tarde play
Criada pelo cineasta Carlos Saldanha, a série em live action reapresenta mitos e personagens do folclore brasileiro
Play

Repórter da Record Bahia é agredido ao vivo; assista vídeo

Criada pelo cineasta Carlos Saldanha, a série em live action reapresenta mitos e personagens do folclore brasileiro
Play

Comentarista famoso da Globo detona desfile olímpico: “Merd*”

Criada pelo cineasta Carlos Saldanha, a série em live action reapresenta mitos e personagens do folclore brasileiro
Play

Ao lado de Dedé, Renato Aragão chora e admite ter feito "coisas erradas"; Vídeo

Criada pelo cineasta Carlos Saldanha, a série em live action reapresenta mitos e personagens do folclore brasileiro
Play

Angélica relata assédio na infância: 'pedia para sentar no colo dele'

x

Assine nossa newsletter e receba conteúdos especiais sobre a Bahia

Selecione abaixo temas de sua preferência e receba notificações personalizadas

BAHIA BBB 2024 CULTURA ECONOMIA ENTRETENIMENTO ESPORTES MUNICÍPIOS MÚSICA O CARRASCO POLÍTICA