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TELEVISÃO

Tony Ramos: "Fui criado respeitando as mulheres, a vida e o tempo”

Por Raquel Rodrigues

11/03/2018 - 17:03 h | Atualizada em 11/03/2018 - 20:29
Tony Ramos interpreta José Augusto na novela “Tempo de Amar”
Tony Ramos interpreta José Augusto na novela “Tempo de Amar” -

Tony Ramos acredita ter cumprido sua missão na pele de José Augusto em Tempo de Amar, novela das 18h da Globo. Na reta final da trama de Alcides Nogueira, o ator enaltece a beleza da trama do pai que se redime com Maria Vitória (Vitória Strada), após tê-la separado da filha recém-nascida. O conservadorismo do personagem afastou os dois por um período, mas o perdão triunfou no fim.

Na entrevista a seguir, o ator, que completará 70 anos em agosto próximo, comenta o caminho da redenção de José Augusto, o reencontro em cena com Regina Duarte e o talento de uma nova geração de atores presentes em Tempo de Amar. Além disso, Tony avalia a passagem do tempo e o respeito a sua vida particular com a esposa Lidiane Barbosa, com quem é casado desde 1969. Ele ainda confessa ser conservador, diz como vê o Brasil atualmente, o que espera do país e quais são seus próximos projetos.

O que você achou dessa virada do personagem, que foi visto com um vilão no início, mas que se redimiu com a filha? O que você achou dessa virada do personagem, que foi visto com um vilão no início, mas que se redimiu com a filha?

É muito interessante. Mas o que é um vilão de fato? Nós estamos muito acostumados ao psicopata. Eu fiz um em A Regra do Jogo (2015). O Zé Maria era um psicopata. Só tinha amor para os filhos, o resto passava batido. Então, era um vilão que se mascarava de um bom homem, mas era horroroso. Aqui, essa vilania aos olhos do público era: "Meu Deus! Como ele tem coragem de fazer isso com a própria filha?", mas esse é o raciocínio de hoje. Mamãe me dizia: "Filho, isso é triste, mas eu conheço, no mínimo, uns três casos destes". Quando ele começa a se dar conta do ato agressivo que fez, há uma virada. Então, isso mostra a contradição do próprio ser humano.

A cena do pato com a Lucerne foi ótima. Como vê esse reencontro com a Regina Duarte?

Ela não sabia que este português não era um pato (risos). Aquela cena foi muito engraçada realmente. O reencontro com Regina dispensa qualquer comentário, porque ela é minha querida amiga, uma atriz que é um ícone da história da televisão brasileira. A nossa reunião foi de exercício de atores. Havia citações da própria Rainha da Sucata (1990). Tinha ali uma metalinguagem do Alcides Nogueira que foi colaborador do Silvio de Abreu na novela. Nosso reencontro foi de muito humor. Nós não fizemos cenas duas vezes nunca. Ensaiávamos e saía de primeira, tamanha a nossa sintonia.

Em Tempo de Amar, você também contracenou com uma galera jovem. Qual a sua relação com eles?

Minha relação é ótima! Quando me perguntam coisas, respondo, mas nunca com um tom professoral. Às vezes, a pessoa tem uma dificuldade cênica naquele momento e me pergunta o que é melhor, mas só isso. De resto, é uma turma primorosa. Olha essa menina, a Vitória Strada! Ela não veio pra brincar não! Veio para ficar. A Olivia Torres, que faz a Tereza, fez cenas com Letícia (Sabatella) que comecei a me comover. Tem o Bruno Ferrari, com quem não tinha trabalhado anteriormente, mas claro que eu sabia da carreira dele. Ele estava na Record, voltou para a Globo e é um belíssimo ator, consciente, inteiro. O Bruno Cabrerizo também. Num capítulo recentemente encerrou com aqueles olhos enfrentando o Ferrari e você quer saber o que vai rolar no próximo porque tem dramaticidade. Tem também as meninas que fazem a Celina (Barbara França), a Olímpia (Sabrina Petraglia)...

Como você lida com o passar do tempo?

Eu sou um senhor. A coisa que mais gosto é de assumir as minhas idades, porque nunca tive crise com elas. Não tive crise aos 30, 40, 50, 60, então não vou ter aos 70, porque sou muito grato a Deus. Sou um homem que foi criado numa família que minha mãe era separada de meu pai e você pode imaginar o que era ser separada no início dos anos 1960. Lá atrás, isso era um palavrão. Então, a minha mãe, uma mulher muito forte, lidou bem com isso, com minha avó e elas me educaram no sentido de que a vida é libertária, os homens é que a tornam proibitiva. Então, cresci assim, respeitando as mulheres, a vida e o tempo. Envelhecer é uma dádiva. Fico feliz em assistir à televisão, ver O Outro Lado do Paraíso e olhar para Lima Duarte, Laura Cardoso, Fernanda Montenegro. Outro dia vi Ilva Niño, nossa grande atriz de teatro e televisão. É uma benção estarmos de pé trabalhando. Quando Laura (Cardoso) fez 90 anos, telefonei muito emocionado, porque eu comecei com ela e tem toda essa história de vida.

E como fica a vaidade?

O fato de você não aparentar tal idade, não me faz negá-la. Eu não sou hipócrita e, às vezes, me olho fazendo a barba e vejo que realmente setentão não aparenta, mas sei que tenho. Não vou negar essa passagem do tempo, porém não complico pra viver. Faço meus exercícios, mas não por vaidade. Se tenho um bom tônus muscular é porque quero ficar com a saúde em dia. É muito simples a minha vida. Pode parecer, aos olhos de tantos, que não, por causa do glamour que a profissão exala, mas nunca vi glamour no meu ofício.

Ninguém invade a sua privacidade e isso é raro no meio artístico. Como explicar?

Sim, ninguém invade a minha privacidade e sou muito grato. Mas isso é fruto de um acordo tácito entre a imprensa e eu. Nunca me furtei a nenhuma pergunta. Nunca compliquei essa relação com a imprensa, mas também nunca facultei publicamente o meu cotidiano a ninguém. Estou escondendo pessoas? Não. Saio com a minha mulher, com os meus netos. Quantas vezes os fotógrafos que ficam de plantão na rua, em shopping, me fotografaram com netos, mãe, sogra, com minha companheira, filhos. A minha vida fora de casa continua sendo normal. Dentro de casa, ela não está aberta a visitação pública. É isso.

Como você não tem redes sociais isso facilita a sua privacidade?

Sim, não tenho Instagram. Falo isso com muito cuidado porque parece que estou ofendendo quem tem, mas todos são suficientemente inteligentes para saber que não estou dizendo que está errado quem tem. O meu perfil não é esse. Se comprei uma roupa nova, não vou fotografar e dizer: "Olha só! Comprei uma roupa nova". Não faz parte do meu cotidiano. Viajo muito com a minha mulher, fui a lugares que muitos nem sonharam em ir. Fui para o topo de uma montanha na Nova Zelândia, numa aventura linda com a Lidiane. Está toda fotografada, mas é para nós dois. Não ponho na rede. Nada contra, mas me deixa viver do meu jeito.

Você se considera mais moderno ou conservador?

Eu sou um homem absolutamente do seu tempo. O que quer dizer isso? Fui um homem jovenzinho nos anos 1960, querendo amadurecer nos anos 1970, já maduro em 1980, mais maduro em 1990, inteiro e pronto para a velhice nos anos 2000. Mas sempre atentando para o que é a vida e nunca criticando aquilo que via. Primeiro, quero entender o que me cerca. Então, hoje sou um homem conservador em várias coisas e não tenho medo ser. Há muito moderninho que é conservador e não assume.

De que forma você é conservador?

Sou conservador na relação humana, no respeito ao próximo, ao falar ou não palavrão publicamente sendo uma pessoa pública. Ah mas você não é autêntico? Sou mais do que aquele que fala palavrão e acha que é o moderno de plantão. Porque a televisão é uma concessão pública, que nós devemos tomar certos cuidados. A minha mãe está assistindo e é de um jeito, a vovó do apartamento ao lado é de outro. Se nós não atentarmos para isso, estamos violentando a individualidade de cada um. Posso ser conservador na minha relação de afeto com minha companheira, de não nos expormos tanto. Terapia se fosse necessária, a gente faria a dois e não publicamente. Mas sou absolutamente moderno para todas as manifestações culturais, para os novos avanços da transgenia, das relações homossexuais que precisam se afirmar. Se é para falar dessa modernidade, estou completamente identificado com ela, mas há limites.

Quais limites?

Não sou de ficar me exibindo em beijos e abraços em lugares públicos. Posso dar uma bitoca na minha esposa, um aperto de mão, mas não vou ficar dando beijos cinematográficos no meio da rua, com criança passando, com pessoas que podem estranhar. Isso serve para qualquer gênero. Se é ser conservador nesse aspecto, então sou.

Para você, como está o Brasil atualmente?

O meu Brasil está enfermo, triste, desesperado por segurança, emprego, hospitais, educação. Sempre vou voltar ao assunto educação, pois um país sem educação não pode se chamar de nação. Sempre sonhei com criança às 7h30 da manhã na escola e alguém buscando ou condução pública às 16h, com essa criança tendo seu tempo preenchido por música, trabalhos manuais, teatro, educação física, repondo a matéria e aí ela sairia plena da escola. Esse é um pequeno sonho que eu tenho. Será que vou ver isso algum dia? Não sei. O meu Brasil é triste, mas esperançoso. Sou um incorrigível otimista. O que quero é um país que se reencontre, se renove, reflita sobre ele mesmo.

Após terminar Tempo de Amar, quais são os seus projetos?

Estou convidado para a série 'Aracy, o Anjo de Hamburgo', mas ainda não está fechado 100%. É uma história verídica da viúva do (escritor) Guimarães Rosa, que ajudava os judeus a escaparem da Alemanha, mas ainda não bateram o martelo. Só vou procurar saber se estou mesmo nesse projeto depois que terminar de gravar o filme do Luiz Villaça, chamado '45 do Segundo Tempo'.

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