CULTURA
Encontro no Goethe Institut debate a criação de cidades mais inclusivas e sustentáveis
Com o tema Espaço Urbano, o evento é gratuito
Por Eugênio Afonso
A quem pertence a cidade? Esta é a pergunta-chave do simpósio internacional Repensando Cidade, que acontece no Goethe-Institut Salvador (antigo Icba – Corredor da Vitória), hoje e amanhã.
Voltado para especialistas de diversas áreas com o intuito de refletir sobre o espaço urbano e a construção de cidades sustentáveis e inclusivas, o encontro marca o encerramento das atividades de 2024 do Programa Internacional de Residência Artística Vila Sul, do Goethe.
Com o tema Espaço Urbano, o evento é gratuito e propõe uma análise das dinâmicas citadinas e do direito ao espaço público. É aberto a todos, mas para participar precisa se inscrever no site goethe.de/ins/br/pt. É lá também que pode ser conferida a programação completa.
Para Friederike Möschel, diretora do Goethe Salvador, entender como a população poderá viver em suas cidades no futuro é uma prioridade no contexto da igualdade social, da participação cultural e das mudanças climáticas.
“Se quisermos uma cidade mais sustentável onde todos se sintam respeitados, todos os setores da população precisam estar presentes quando esses planos forem discutidos e decididos”, pontua a diretora.
E referindo-se ao tema deste ano, Friederike diz que o município pertence a todos que vivem nele. “Mas se você olhar mais de perto e pesquisar quem concebeu uma cidade, perceberá rapidamente que, geralmente, foi o mesmo grupo de pessoas. E isso não inclui, por exemplo, mães com filhos pequenos que moram na periferia e cujo local de trabalho é no centro da cidade, ou idosos que não estão mais em boa forma física”.
Programação
A palestra de abertura, Planejamento Urbano Feminista – Desenvolvimento na Alemanha e no Brasil, conduzida pelas doutoras Nina Schuster, da Universidade de Hamburgo, e Gabriela Leandro Ferreira, da Ufba, hoje, às 14h30, é um dos destaques do encontro, já que vai tratar das questões de gênero e da necessidade de repensar o planejamento urbano sob uma perspectiva mais inclusiva.
Uma das residentes do evento, a arquiteta e artista cabo-verdiana Patti Anahory também participa, hoje, às 16h, com LAMA/s: percurso/s pelas águas, um momento de compartilhamento sobre experiências de vida e comunidade pelas ilhas baianas.
“Vou partilhar um pouco de como tem sido a experiência a que fui exposta. O que compreendi desse espaço, dessas lutas. Vai ser, digamos, um diário dessa minha estadia”, informa Anahory.
Ultimamente, Patti tem desenvolvido um trabalho em Ilha de Maré, realizando pesquisas junto a comunidades quilombolas. “Para mim, foi muito importante conhecer algumas ilhas da Baía de Todos os Santos. Propus compreender essas cidades insulares e costeiras, e saber quais as relações que podemos tecer a partir desse olhar”.
Ela acredita que, hoje em dia tem que se levar em conta todos os seres vivos quando se projeta uma cidade. “Tem que haver essa noção de equilíbrio, e não a cidade somente como uma urbanidade construída, mas também como uma ecologia de habitar este planeta. A cidade deverá pertencer a todos com a noção de equilíbrio e direito”.
E, segundo a arquiteta, ainda por cima muita gente que deveria participar não tem sido chamada para esta conversa. “É preciso quebrar essa ideia de que só arquitetos e planejadores urbanos planeiam a cidade. Todos planeamos (sic) a cidade, compreendemos o que a cidade deveria acolher e como deveria criar um estar mais sustentável”.
Até porque na falta da consolidação de direitos a todos, os mais afetados são sempre as mulheres. “As racializadas, as mais pobres. Temos que pensar, imaginar, definir e considerar essas pessoas no planeamento”, finaliza Patti Anahory.
Já amanhã, às 9h, é a vez de Aduke Gomez, consultora e pesquisadora nigeriana, participar com a palestra Conexões Atlânticas - Bahia para Lagos: História & Herança. Momento em que discute a relação histórica entre Brasil e Nigéria e o papel dos afro-brasileiros na construção cultural e social de Lagos.
Também faz parte da programação, a apresentação da conferência Lagos na Bahia: Tempo Passado, Tensão Presente, do cineasta e ativista nigeriano Deji Akinpelu, amanhã, às 11h.
Deji utiliza o cinema e a fotografia para explorar questões urbanas e promover mudanças sociais. E o evento contará também com performances artísticas do escritor canadense-egípcio Nour Symon, e de Jumoke, artista alemã-nigeriana. Ambas, ainda hoje a partir das 18h.
Compartilhar ideias
Em 2024, o programa trouxe à capital baiana 11 residentes de países como África do Sul, Alemanha, Cabo Verde, Canadá e Nigéria, que desenvolveram projetos em diálogo com a realidade urbana de Salvador.
O simpósio é uma oportunidade para esses artistas e pesquisadores compartilharem suas reflexões e processos com o público local.
O encontro se encerra com a presença de especialistas da Alemanha, Brasil e Nigéria, além dos atuais participantes da residência.
Simpósio Internacional Repensando Cidade / 25 de novembro - 14h às 21h, 26 de novembro - 9h às 14h / Goethe-Institut Salvador-Bahia (Corredor da Vitória, 1809) / Gratuito (mediante inscrição prévia) / Inscrição: goethe.de/bahia/repensandocidade
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