Estudo revela que museus estão concentrados nas médias e grandes cidades

O acesso à riqueza cultural e à memória nacional está mal distribuído pelo país. O mais recente levantamento estatístico dos museus brasileiros, feito pelo Departamento de Museus e Centros Históricos Brasileiros do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Demu/Iphan), constatou que a rede é ampla, mas está concentrada nas médias e grandes cidades.



Realizado entre maio e setembro, e divulgado esta semana, o estudo mapeou 2.106 museus em todo o país, dos quais 20 estão em processo de construção e montagem e 41 se encontram fechados.



Os museus estão presentes em apenas 15% dos municípios brasileiros. “Nossa rede é uma das maiores do mundo, mas é desigual”, disse o diretor do Demu, José do Nascimento Júnior.



Com 784 museus, o Sudeste lidera a lista, com 44% desse total em São Paulo e 33,6% em Minas Gerais. No Sul, foram registradas 701 instituições museológicas. O Nordeste tem 428 museus; o Centro-Oeste, 126; e o Norte, 67. Em relação aos estados, Tocantins, Roraima e Amapá têm o menor número de museus, com apenas duas instituições cada, localizadas nas capitais.



“Há grande carência no Norte, Centro-Oeste e no interior do Nordeste e até de estados do Sul e do Sudeste”, constata Nascimento.



Para o diretor do Demu, a concentração dos museus prejudica a preservação da memória nacional. “Isso significa que muitas comunidades não estão preservando sua memória”, avalia. Segundo ele, a ampliação e a interiorização dos museus são essenciais para construir um projeto de nação. “As comunidades têm de se apropriar dos museus como ferramenta de ação de políticas públicas”, ressalta.



O levantamento servirá de base para ampliar o Cadastro Nacional de Museus, que tem como objetivo catalogar e tornar públicas as informações sobre os museus do país. O cadastro foi elaborado com base em pesquisa censitária, aplicação de questionários, pesquisa de campo, cadastramento eletrônico e pesquisas em cadastros estaduais e municipais.