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CULTURA

Exposição ‘Òná Ìrín: Caminho de Ferro’, de Nádia Taquary, abre amanhã

Exposição programada para iniciar na quinta-feira, 28, e adiada devido às chuvas

Por Israel Risan*

29/11/2024 - 1:00 h
Òná Ìrín: Caminho de Ferro
Òná Ìrín: Caminho de Ferro -

Estreia neste sábado (30) a exposição Òná Ìrín: Caminho de Ferro, da artista baiana Nádia Taquary, no MUNCAB (Museu Nacional da Cultura Afro-Brasileira), em Salvador. A mostra, que faz parte da programação do ‘Novembro Salvador Capital Afro’, une elementos da espiritualidade afro-brasileira com uma reflexão sobre a resistência e a resiliência dos povos negros.

O título da exposição, Òná Ìrín, significa "caminho de ferro" em iorubá, e faz alusão à jornada dos africanos para as Américas, marcando a luta e a força espiritual que perpassa essa trajetória. A curadoria da mostra celebra a dinâmica da vida e a conexão com o feminino sagrado, onde o movimento das linhas ferroviárias é utilizado como uma metáfora para os caminhos que se abrem diante da persistência.

O uso do ferro, ligado a Ogum, orixá da mitologia iorubana, reforça essa metáfora de abertura de caminhos, enquanto Exu, o orixá da comunicação e dos fluxos, alimenta o processo de transformação. A escolha do tema, segundo Taquary, está intimamente ligada ao seu próprio processo de enfrentamento pessoal e criativo, em busca de força e inspiração nas energias divinas.

A artista explica o processo criativo por trás de sua obra. "A exposição nasce de um constante exercício de enfrentamento dos meus medos e da necessidade de transmutá-los em força e potência criativa", afirma Nádia. Ela menciona ainda sua pesquisa sobre a mitologia iorubana e elementos como os Itans e Orikis foram fontes de inspiração para a criação das peças. As esculturas de mulheres aladas, que remetem à divindade Iemanjá, são exemplos dessa fusão entre o feminino sagrado e a ancestralidade africana.

A presença de trilhos ferroviários na exposição, uma das principais características do espaço, não apenas faz referência ao simbolismo de Ogum, mas também remete aos caminhos da diáspora africana e à força de trabalho escravizada que possibilitou a construção dessas tecnologias no Brasil. “A curadoria potencializou a instalação Caminho de Ferro, fazendo dela a centralidade da mostra, onde a artista elege um trânsito ferroviário intenso como metáfora dos fluxos dinâmicos da vida. Linhas de trem se multiplicam em infinitos destinos, perspectivas e encruzilhadas, celebrando a poética do movimento, da comunicação presente na energia das divindades Exu e Ogum. Assim, o conceito do feminino sagrado se instaura através de diversas obras escultóricas inseridas neste espaço imersivo de infinitos caminhos e destinos”, afirma o curador Ayrson Heráclito.

A exposição se dedica ainda a figuras místicas, como as Ìyàmi Aje, que representam o poder feminino nas tradições africanas. Essas divindades são associadas a Iemanjá e Oxum, e sua presença na mostra serve para refletir sobre o empoderamento das mulheres nas sociedades africanas e na diáspora. Segundo Marcelo Campos, outro curador da exposição, as esculturas e joias afro-brasileiras presentes na mostra simbolizam resistência e preservação cultural, sublinhando o papel das mulheres negras na continuidade dessas tradições.

Outro ponto importante é o uso de espelhos e elementos metálicos, que criam uma experiência caleidoscópica no espaço expositivo, convidando os visitantes a uma imersão nas imagens e nas narrativas da diáspora. "Esses elementos, como os espelhos, são uma forma de ampliar e multiplicar as imagens e significados que a exposição quer transmitir", explica Gisele de Paula, responsável pela arquitetura expositiva.

Museologia decolonial

O MUNCAB, com sua missão de preservar e difundir a cultura afro-brasileira, tem se consolidado como um dos principais centros de arte e memória no Brasil. Desde sua reinauguração, o museu atraiu um público crescente, com mais de 200 mil visitantes, destacando-se no cenário cultural nacional. Para Cintia Maria, diretora-geral do museu, a exposição Òná Ìrín é um exemplo de como a instituição contribui para o fortalecimento da representatividade negra nos espaços museológicos. "A valorização de narrativas e práticas culturais negras é fundamental para a reconstrução da história do Brasil", afirmou.

Cintia também reflete sobre o papel de exposições como essa no combate ao racismo e na construção de uma nova gramática visual. "Exposições como Òná Ìrín transformam imaginários e destacam a força das mulheres negras, suas contribuições para a arte e para a história", disse. A curadoria de Òná Ìrín é um reflexo da busca por uma museologia decolonial, que desafia as narrativas tradicionais e coloca em evidência a resistência e a criatividade das populações negras.

A exposição também destaca as joias afro-brasileiras, conhecidas como "joias de crioulas" ou balangandãs. Esses adornos, que combinam metais e elementos simbólicos, foram usados por mulheres negras no Brasil colonial e carregam significados profundos de identidade, poder e espiritualidade. Ao incorporar essas peças na exposição, Taquary reforça a conexão entre o feminino e o sagrado, trazendo à tona a memória de um Brasil que, apesar da colonização, resistiu e preservou suas tradições.

“ÒNÁ ÌRÍN: CAMINHO DE FERRO” / Abertura: amanhã, 12h / MUNCAB - Museu Nacional da Cultura Afro-Brasileira (Rua das Vassouras, 25, Centro) / Visitação de terça-feira a domingo, das 10h às 17h / R$ 20 e R$ 10 / Gratuidade: quartas-feiras e domingos / Até 23 de março de 2025

*Sob supervisão do editor Chico Castro Jr.

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