CULTURA
Franz Ferdinand mantém rock na pista em novo disco
Por Lucas Cunha

Um pouco mais de dez anos atrás, no dia 8 de setembro de 2003, foi lançado no Reino Unido o EP Darts Of Pleasure, primeiro registro oficial dos escoceses do Franz Ferdinand.
Se a sua praia dentro do consumo da música pop (se você está lendo este texto, presumo que música pop lhe interesse, certo?) tem algum pé dentro do indie rock, certamente você tem ideia da força que este quarteto de Glasgow teve na música que povoou as pistas de dança mundo a fora.
Hits como Take Me Out, The Dark Of The Matinée, This Fire e Do You Want To? tornaram-se pequenos hinos, ao lado de outras canções de uma nova geração de grupos que colocaram a garotada rocker para dançar, como os Strokes, Killers, Libertines, Arctic Monkeys, Kaizer Chiefs, dentre outros.
Seus contemporâneos ou trilharam (bem) novos rumos fora do rock dançante (Arctic Monkeys) ou desceram a ladeira rumo à quase irrelevância com péssimos discos (Strokes, Killers, Kaizer Chiefs e os projetos dos ex-integrantes do grupo Libertines).
Retorno às raízes
Já o Franz Ferdinand permanece como o último guardião da fórmula que os consagrou, como prova o seu mais novo disco, Right Thoughts, Right Words, Right Action, quarto disco da sua carreira.
O álbum vem sendo considerado uma espécie de retorno ao som do grupo no primeiro disco (Franz Ferdinand, 2004), após experimentos mais eletrônicos não tão bem aceitos pelos fãs no seu terceiro disco, o subestimado Tonight: With Franz Ferdinand (2009).
Parece que a opção dos rapazes foi por apostar nas ações certas, buscando uma zona de conforto dentro daquilo que sabem fazer melhor, o que certamente vai agradar aos antigos fãs da banda.
Dilema
Entretanto, os truques, ou seja, as composições de Right Thoughts soam familiares, como se as músicas tivessem saído em sua maioria de sobras de estúdio dos trabalhos anteriores.
O início do disco empolga com o trio de singles Right Action, Evil Eye e Love Illumination, não por acaso destacadas para abrirem o álbum no clima "o bom e velho Franz Ferdinand está de volta".
O problema é que o restante do álbum vai perdendo força com o passar das faixas, ficando reféns da própria fórmula que ajudam a criar do rock para as pistas. O Franz Ferdinand parece preso entre o dilema de voltar a tentar se arriscar fora de sua fórmula usual, o que não foi bem aceito no disco anterior Tonight, ou seguirem como uma espécie de covers de si mesmo, buscando o mesmo frescor do disco de estreia.
Despedida
Ironicamente, a última faixa do disco, Goodbye Lovers And Friends, propaga em sua letra uma despedida, como um canto do cisne para um provável fim de relacionamento, que também pode ser visto como um futuro fim do grupo.
"Adeus amantes e amigos, é tão triste deixar vocês / Eles mentem quando dizem que este não é o fim / Podemos rir como se ainda estivéssemos juntos, / mas este é realmente o fim", canta o vocalista da banda, Alex Kapranos.
Antes das gravações de Right Thoughts, Right Words, Right Action, o quarteto quase chegou ao fim, após a exaustiva turnê do disco Tonight. Depois de quase dois anos afastados, os quatro voltaram a se reunir para começarem a desenhar um novo trabalho.
Festivais
Se a desculpa do disco era um novo material para voltar a rodar o mundo em festivais, como o Lollapalooza, onde tocaram na última vez que passaram pelo Brasil, em abril deste ano, a banda obteve seu objetivo, com um repertório que não vai ofender os admiradores do rock dançante do grupo.
Não chega a ser decepcionante o resultado de Right Thoughts..., mas é muito pouco se a banda não quiser continuar marcada apenas por suas glórias do passado.
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