CULTURA
Integrantes do Legião Urbana se apresentam em Salvador
Por Daniel Oliveira

Músicas que ecoam nas rádios e em rodinhas de violão Brasil afora após mais de 20 anos do fim do grupo; morte precoce do vocalista e letrista, Renato Russo; briga judicial pelos direitos da marca da banda envolvendo o seu herdeiro, Giuliano Manfredini, e os integrantes remanescentes, Dado Villa-Lobos e Marcelo Bonfá. A história da Legião Urbana é cheia de nuances, complexa, digna de um dos principais conjuntos de rock do país.
As canções existenciais, políticas e passionais, mesmo contextualizadas no período da redemocratização, ainda fazem a cabeça de diferentes gerações. Para celebrar essa trajetória, o guitarrista Dado e o baterista Bonfá chamaram André Frateschi para cantar, além de outros convidados, e rodam o Brasil desde 2015 com o show Legião Urbana - 30 anos, que tem direção musical de Liminha.
A turnê, enfim, chega a Salvador neste sábado, 2, às 21 horas, na Itaipava Arena Fonte Nova. O primeiro álbum da Legião Urbana, homônimo, será apresentado na ordem e depois o roteiro segue com os maiores sucessos da discografia da banda. Nesta sexta-feira, 1º, os rockeiros tocam no espaço Ária, em Feira de Santana. "Tudo isso tem sido incrível. São 20 e tantas músicas em mais de duas horas. No sábado a gente vai ter um grande convidado, Jander Bilaphra, que foi da Plebe Rude", conta Dado.
Dividido em duas partes, o repertório vai desde Dezesseis, que antes dessa turnê nunca havia sido apresentada ao vivo, até os hits, como Faroeste Caboclo, Será, Daniel na Cova dos Leões, Tempo Perdido e Que País é Este?. O espetáculo também marca o relançamento do disco de estreia do grupo, agora em versão dupla e com faixas-bônus no segundo CD.
Dado diz que a turnê tem evidenciado a renovação do público e a permanência da obra da Legião Urbana ao longo do tempo. "A faixa etária é bem larga, desde crianças até pessoas mais velhas. E muitos jovens. É muito bom ver que 30 anos depois essas músicas continuam emocionando intensamente e transformando as pessoas. E Renato é lembrado o tempo inteiro, a cada segundo, a cada acorde, a cada palavra, a cada nota".
Vocalista insubstituível
Nos últimos cinco anos, a dupla vinha ensaiando uma série de shows do grupo. Começou quando o ator Wagner Moura participou do tributo à Legião Urbana em 2012, transmitido pela MTV. Os fãs na internet e a irmã de Renato não deixaram passar alguns deslizes de afinação - o que é normal, afinal, ele não é cantor profissional, havia sido convidado - e criticaram a interpretação do baiano.
Dado explica que, desde o surgimento da ideia dos shows comemorativos, o objetivo não era convidar alguém para assumir o lugar do ex-vocalista. "Renato era um grande cantor, isso era uma característica muito especial. Ele tinha uma voz de barítono e uma extensão de quatro oitavas, o que é bem difícil. Se você for cantar Tempo Perdido, você vai começar em uma oitava e terminar três oitavas acima. Isso não é para qualquer um. E cada um canta do seu jeito. Mas Renato é insubstituível", afirma.
O único entrave, de fato, para a realização da turnê, era a proibição da justiça de Dado e Bonfá utilizarem o nome da banda. Porém, em 2014, garantiram esse direito, mesmo não tendo a posse da marca. Assim, convidaram André Frateschi, cantor de timbre mais agudo que Renato, que conheceu de perto, na infância, a Legião Urbana. Em 1985, o garoto acompanhou a mãe, Denise Del Vecchio, na turnê da peça Feliz Ano Velho, de Marcelo Rubens Paiva, que fazia dobradinha com as apresentações do grupo em algumas cidades.
O reencontro nos palcos é passageiro. Dado garante: "Não é um retorno. É uma celebração". O momento, inclusive, não poderia ser mais adequado: crise política e incerteza sobre o futuro do país, como no final dos anos 1980 e início dos 1990. A postura continua contundente. "Sou a favor do impeachment dos dois, de Dilma e de Michel Temer!", completa.
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