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CULTURA

Mercado editorial baiano cresce, mas há entraves a contornar

Por Débora Alcântara

20/08/2011 - 11:03 h

O mercado editorial na Bahia, mesmo numa proporção consideravelmente menor, acompanha a tendência nacional de crescimento. Segundo a Fundação Pedro Calmon, somente nos últimos cinco anos nasceram quatro das 17 editoras baianas: Casarão do Verbo, Solisluna, Livro.Com e Kalango.

A aposta do presidente da fundação, Mayrant Gallo, é de que o aumento do campo de conhecimento no Estado, como o parque de novas universidades, vem forçando o crescimento do número de leitores e consequentemente de editoras.

Apesar da centelha de entusiasmo, a Bahia ainda precisa vencer grandes gargalos no setor livreiro: a sustentação do mercado interno e a distribuição, considerada a pedra no sapato dos agentes do mercado editorial baiano. “Temos fonte de inspiração, autores importantes, mas nos esbarramos no escoamento das nossas obras. Além disso, não temos parque gráfico. A nossa produção é toda feita fora do Estado. Tudo isso encarece o produto. Falta ao nosso mercado se organizar de ponta a ponta”, queixa-se Valéria Pergentino, editora da Solisluna.

Disputa - Enquanto as editoras baianas vão sobrevivendo numa luta miúda contra as adversidades, os grandes grupos editoriais se espalham no mercado local por meio das grandes redes instaladas em shoppings centers: a Saraiva e a recém-chegada Livraria Cultura.

De acordo com Primo Maldonado, presidente da distribuidora e livraria independente LDM Multicampi, isso repercute na concorrência desleal entre editoras e autores locais e os de grande repercussão e circulação nacional. “Sem as pequenas editoras, que valorizam os autores regionais, perde-se a bibliodiversidade, que é o conjunto de estilos e gêneros diferentes”, adverte.

Maldonado ainda alerta que essa superconcentração da distribuição, assim como a fusão de editoras, fator de intimidação do mercado local, acontece sem nenhum tipo de regulação do poder público. “É um problema que precisa ser atentado pelos três níveis de governo”, diz.

Nessa cadeia produtiva do livro, quem também sai prejudicado são os pequenos livreiros. Nos últimos seis anos, pelo menos cinco livrarias fecharam as portas ou foram incorporadas por outras em Salvador: Siciliano, Livraria da Torre, Mabel, Civilização e Grandes Autores.

Exemplo de regulação no setor é o que a França estabeleceu para preservar as pequenas livrarias, que lá são tradição. “O preço de capa é tabelado. Não permite a concorrência que quebra os pequenos. Mas no Brasil, isso é entendido como um prejuízo ao consumidor final”, lamenta Andréa Fiamenghi, presidente da Câmara Baiana de Livro (CBAL).

Incentivo - Ela ainda afirma que “existe uma falha na política pública de incentivo ao mercado editorial na Bahia”. Fiamenghi compara os investimentos em vale-livros nas bienais de 2010 em vários estados: “Rio de Janeiro e São Paulo apostaram R$ 12 milhões, cada um. Pernambuco: R$ 7 milhões. Ceará, R$ 1,5 milhão. E a Bahia, R$ 250 mil. É por isso que a bienal aqui não é destaque”, protesta.

Ela admite que iniciativas vêm sendo realizadas nos dois últimos anos pelo governo do Estado, mas o que “dá caldo” ao mercado editorial, segundo ela, é mesmo o vale-livro. "Este ano, estima-se um valor que chegue a quatro vezes isso", anuncia o diretor da Fundação Pedro Calmon, Mayrant Gallo, sobre o montante em vale-livro para o evento em novembro. Mas ele ressalta que esse subsídio se restringe à Bienal. "Precisamos pensar nos outros meses. Por isso, estamos promovendo feiras de livros, encontros com escritores, prêmios, lançamentos e publicações em coedição com editoras baianas", informa.

Mais pessimista em relação à realidade do mercado editorial baiano, o diretor da CBAL, Aurélio Shommer, acredita que se não fossem os últimos subsídios dados pelo governo, as editoras locais estariam em pior situação. “A recente compra regionalizada de títulos para as bibliotecas públicas tem sido a salvação das editoras baianas, que não têm distribuição nacional”, afirma, referindo-se ao investimento de R$ 4 milhões na aquisição de 130 mil obras distribuídas em 100 bibliotecas municipais. A maioria das obras é de autores baianos e editadas por editoras locais.

Livro digital Para driblar o problema da distribuição, Shommer acredita que a saída seja a disseminação do livro digital (e-books). “O livro de papel será objeto de luxo. Com a internet podemos romper as barreiras que são caras à distribuição”, aposta.

Já o escritor e poeta José Inácio Vieira de Melo pondera: “Não há como barrar o avanço desse novo suporte de livro. Mas ele vai coexistir com o livro de papel”, diz. No entanto, para ele, o problema mais grave do setor na Bahia é a falta do hábito de leitura. “Não adianta distribuir livros se não estiverem dentro de uma literatura de qualidade e não forem lidos. É preciso estímulo à leitura e isso deve estar na base”. O mesmo destaca Mayrant: “O baiano não é educado para ler”. Ele defende que a melhora do setor começa por se dar cabo ao preconceito e valorizar as editoras e autores baianos.

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