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02/03/2022 às 6:03 - há XX semanas | Autor: Eugênio Afonso

INCLUSÃO

Mostra discute acessibilidade a pessoas surdas por meio da arte

MONAS+ chega como resultado de um processo de autoconhecimento, militância e arte-educação

Elinilson Soares, um dos idealizadores do projeto, mostra a importância da comunicação em Libras
Elinilson Soares, um dos idealizadores do projeto, mostra a importância da comunicação em Libras -

Há diversidade na diversidade. Mesmo dentro de comunidades discriminadas desde sempre, como a LGBTQIA+, ainda há questões que precisam ser lapidadas, como a cultura surda, por exemplo.

Por isso, o coletivo Surdarte lançou a primeira edição da Mostra Negra de Arte Surda LGBTQIA+ (Monas+), oferecendo oficinas de dança, poesia e outras ações em Libras (língua brasileira de sinais) em fevereiro.

A ideia das oficinas foi estabelecer conexões entre públicos surdos e ouvintes para debater cultura surda, diversidade e acessibilidade por meio da arte.

Agora, o resultado das produções em vídeo dos participantes das oficinas integra a mostra que será apresentada depois de amanhã, 4 de março, às 19h, no canal do Coletivo Surdarte no YouTube.

“A primeira edição surgiu por conta das inquietações dos membros do coletivo Surdarte referentes à falta de acessibilidade em discussões ligadas às religiões de matriz africana, como também a partir da escassez de projetos artísticos e culturais com foco na comunidade surda”, conta Elinilson Soares, um dos idealizadores do projeto.

Para Herbert Gomes, produtor executivo do Monas+, o intuito da mostra é dar protagonismo a artistas surdos, trazer reflexões de como é produzir e promover projetos oriundos de culturas postas à margem, e debater acessibilidade para pessoas surdas nas artes.

“Esse projeto se deu pela união entre pessoas surdas e ouvintes, pois temos em comum a vivência de uma realidade opressora sofrida na pele, mas vimos a necessidade de virar essa chave”, atesta Gomes.

Gurunga lembra que pessoas surdas seguem sendo discriminadas até no campo afetivo
Gurunga lembra que pessoas surdas seguem sendo discriminadas até no campo afetivo | Foto: Herbert Gomes | Divulgação

Lugar de fala

As ações da mostra chegam para fortalecer a arte e a autonomia de pessoas surdas interseccionando com questões raciais, de gênero e sexualidade, além de discutir o lugar de fala de cada um ao debater conquistas e reivindicações de direitos e pautas na esfera pública e privada. Já a ideia das oficinas foi estabelecer conexões entre públicos surdos e ouvintes para debater cultura surda, diversidade e acessibilidade por meio da arte.

Segundo Alex Gurunga, outro idealizador do projeto, a comunidade surda representa uma parcela significativa da população que tem suas potencialidades desprezadas por uma sociedade discriminatória.

“Chega de capacitismo (preconceito contra pessoas com deficiência). As pessoas surdas são capazes assim como as ouvintes. A diferença está na comunicação apenas. Sendo assim, a surdez não é uma deficiência e sim uma nova forma de experienciar o mundo. Eu diria que a sociedade, em geral, é que é deficiente social, pois se todes nós soubéssemos falar a língua da comunidade surda (Libras) a barreira comunicacional cairia por terra”, relata Gurunga.

Elinilson diz que o capacitismo afeta a vida das pessoas surdas porque os ouvintes, por não conhecerem a cultura surda, oprimem, reduzem e estabelecem hierarquias, já que tratam a língua portuguesa oral como superior a Libras.

“O preconceito existe na sociedade e todas as comunidades devem refletir e analisar suas ações a fim de promover uma desconstrução de pensamentos. Durante o projeto, nos deparamos com relatos de pessoas surdas LGBTQIA+ que sofrem com dificuldades em se relacionar afetivamente, simplesmente porque são excluídas assim que se apresentam enquanto surdas”, relata Soares.

Religiosidade

A Monas+ também tem como propósito falar de acessibilidade e religiosidade afro-brasileira para mostrar como a comunidade surda acessa e exerce sua ancestralidade em terreiros de candomblé, espaços que ainda encontram dificuldades na comunicação em Libras.

A oficina Vibra Dança, por exemplo, teve como proposta oferecer uma nova experiência de percepção e entendimento do som por meio da vibração, utilizando a dança dos orixás. Os participantes também estudaram a terminologia afro-brasileira e os processos de tradução do iorubá para Libras.

Mas, de acordo com Gurunga, essa incomunicabilidade não ocorre somente nos terreiros de candomblé. “Essa barreira comunicacional se estende a toda sociedade. As pessoas surdas enfrentam dificuldades de comunicação em todos os âmbitos sociais. Seja numa consulta médica, numa entrevista de emprego, numa loja e também nos ambientes religiosos. Falta acessibilidade”.

Elinilson acrescenta que um outro ponto que dificulta as adaptações nos terreiros é a escassez de pesquisas voltadas para as pessoas surdas e também aquelas voltadas à tradução do iorubá para Libras.

“O projeto Axé Libras dissemina os estudos em torno das terminologias afro-brasileiras a partir do processo de criação de sinais-termos para a língua iorubá. Pesquisas como essas precisam ser disseminadas para todos os terreiros e toda a sociedade para que consigamos, a cada dia, acessibilizar e garantir o direito de todos poderem exercer sua fé de forma plena”, comenta Soares.

Luta por direitos

O Sudarte é um grupo de ativistas de diferentes linguagens - intérpretes, produtores, surdos e ouvintes - que tem como objetivo promover acessibilidade em Libras, principalmente da comunidade surda, utilizando a arte como ferramenta principal na luta por direitos e por uma sociedade mais igualitária.

“Um dos fatores que levaram à criação do coletivo é a falta de projetos artísticos feitos para e pela comunidade surda, pois entendemos que a arte tem um poder de transformação social incomparável e é através dela que levamos os debates necessários”, conclui Gurunga.

O projeto tem apoio do Estado da Bahia, através da Secretaria de Cultura (Prêmio Cultura na Palma da Mão) via Lei Aldir Blanc, redirecionada pela Secretaria Especial da Cultura do Turismo, Governo Federal.


Serviço

O quê: Mostra Negra de Arte Surda LGBTQIA+ (Monas+)

Quando: 4 de março, às 19h

Onde: Coletivo Surdarte - YouTube

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