PROPÓSITOS COLETIVOS
Novo TCA: Teatro Castro Alves encerra o ano com balanço positivo
Equipamento cultural tem a proposta de entregar a sala principal até o final de 2026
Por Eugênio Afonso
Só o Domingo no TCA, o necessário e genial projeto do Teatro Castro Alves, nosso emblemático espaço cultural fincado em pleno Campo Grande – pedaço majestoso do Centro Histórico da cidade –, já mereceria calorosos aplausos para a dupla Moacyr e Rose.
Quem ainda não prestou a devida atenção ao desempenho desses dois gestores, na verdade não tem acompanhado o trabalho dinâmico e sério que eles têm desenvolvido, desde 2007, no mais importante complexo cultural da Bahia. Agora em dezembro, o duo completa quase duas décadas à frente do Castro Alves.
Diretor-geral do TCA, o arquiteto Moacyr Gramacho tem realizado um trabalho competente e com um olhar sempre focado no patrimônio humano. E para desenvolver as inúmeras tarefas que o órgão exige, Moacyr conta com a parceria de Rose Lima, também arquiteta, diretora artística da casa e seu braço direito.
Juntos, eles iniciaram 2023, o 17º ano de trabalho, com duas metas prioritárias: retomar o projeto Novo TCA e completar a sua engrenagem, afinal a requalificação de um equipamento desta magnitude, e tão fundante para a cultura baiana, não pode ficar restrita à questão física.
“O que a gente chama de retomada é o início da execução dessa nova etapa, que começa com a adequação do projeto, a licitação para obra e o início, de fato, das obras civis. Por último, entrará o investimento em equipamentos”, detalha Gramacho.
Rose diz que, mesmo com os percalços, eles conseguiram realizar grande parte dos projetos e das ações previstas para este ano. “Apesar de tudo que vivemos com o incêndio, 2023 mostra a resiliência desse complexo, a união da equipe diante de um momento tão difícil e os esforços em fazer do teatro realmente um novo TCA. O saldo foi positivo. Foi de bastante trabalho, mas com bons resultados, o que mostra todo o empenho coletivo da Secretaria de Cultura da Bahia”.
Ainda em 2023, foi confirmada a realização da 3ª edição do Concha Negra. De janeiro a março de 2024, espetáculos que representam a produção musical afro-baiana poderão se apresentar na Concha Acústica. Os projetos selecionados vão ter gratuidade de pauta e receberão toda a arrecadação dos ingressos, programados para terem preços populares.
Vale salientar que, durante a gestão de Moacyr e Rose, foram entregues ao público a nova Concha Acústica, em 2016, e a nova Sala do Coro (fechada por cinco anos), em 2018. Tudo isso sem que o TCA precisasse parar suas atividades.
Obra estrutural
Depois de um incêndio de pequenas proporções em janeiro deste ano, a Sala Principal do TCA foi fechada e os grandes shows migraram para a Concha Acústica, a semiarena do complexo cultural. Moacyr acredita que este sinistro, de certa forma, serviu para demonstrar as habilidades de sua equipe e o compromisso radical do corpo de servidores deste patrimônio tombado pelo Iphan em 2014.
Para a terceira etapa da reforma do novo TCA serão investidos R$ 243 milhões não só na obra física, estrutural, mas na parte de cenografia, iluminação, varas cênicas, poltronas, revestimentos acústicos, camarins e toda a equipagem. A ideia é manter o Teatro Castro Alves cada vez mais moderno, mas sem perder suas características fundamentais.
“A obra tem como objetivo adequar o teatro às normas técnicas mais atuais e garantir melhor performance acústica, além de investir em tecnologia e conforto ao público. Essa última etapa deve ser entregue até o final de 2026”, informa o diretor geral.
E com a reutilização de materiais, gerando cada vez menos resíduos e garantindo mais eficiência energética, o projeto da reestruturação reforça o compromisso do TCA com a sustentabilidade.
2024 bate à porta
E para o sempre efervescente verão baiano, o TCA abre a programação 2024 com a Osba homenageando Caetano Veloso, dia 07 de janeiro, no Domingo no TCA – projeto focado na formação de plateia, que oferece à população baiana espetáculos de qualidade por um preço especial, apenas R$ 1,00 a inteira e R$ 0,50 a meia. E janeiro segue com shows de Baby do Brasil, Armandinho, Luiz Caldas e Roupa Nova. Tudo, por enquanto, na Concha Acústica (programação completa no tca.ba.gov.br).
Agora, o público já pode comemorar outra boa notícia. Em função das reclamações sobre o preço do ingresso na Concha, o TCA preparou uma nova tabela de cobrança de pauta. As taxas percentuais sobre a receita da bilheteria foram reduzidas e, até o final de 2024, além de estimular que os espetáculos possam oferecer ingressos com valores mais baixos, aqueles que cobrarem até R$ 96 por um ingresso (inteira), garantem taxa de apenas 5% sobre a arrecadação de vendas.
Destarte, Moacyr acredita que o Teatro Castro Alves precisa se relacionar com sua comunidade imediata, como a Gamboa, os Barris, a Vitória, o Garcia, absorvendo o conceito contemporâneo de centro cultural.
“O meu sonho é que a realização dessa obra venha a ser acompanhada de uma grande revolução na gestão, efetivando o teatro cultural. Isso seria algo histórico, a serviço da cidade, das pessoas”, pontua o diretor geral.
E por fim, Rose almeja que o Castro Alves seja um teatro em sinergia com os propósitos coletivos. “Que a cultura possa ser uma grande mola propulsora da nossa sociedade e que seja sempre inovadora, criativa e diversa", finaliza a diretora artística.
A atual dupla de gestores bem que poderia caber na letra daquela canção de Claudinho e Buchecha (Fico assim sem você). Seria mais ou menos assim: ‘Hoje, o TCA não existe longe de vocês, Moacyr e Rose’.
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