CULTURA
Podcast narra história de baiana Urânia Vanério na Independência
Série apresenta trajetória da menina que denunciou corte portuguesa usando versos
Por Da Redação
Conhecida como 'baianinha', a menina Urânia Vanério transformou dor em poemas políticos quando tinha apenas 13 anos de idade. Os versos traziam lamentos pela violência que os militares portugueses praticavam na Bahia. A sua trajetória é contada no quarto episódio de ‘Mulheres na Independência’, podcast original Globoplay que traz a história de seis brasileiras pioneiras que exerceram variados papéis.
O episódio foi lançado nesta quarta-feira, 24. A roteirista Antonia Pellegrino narra a jornada de Urânia Vanério, enquanto a historiadora Heloísa Starling mergulha no contexto histórico que fez com que panfletos, colados nos muros, portas e paredes da capital baiana, se tornassem um meio de debate político. Teresa Cristina, cantora e compositora brasileira é uma das convidadas especiais, na leitura de manifestos de autoria da baianinha.
Há 200 anos, no contexto da independência, os panfletos simbolizavam papéis essenciais na participação política dos cidadãos comuns. O “Lamentos de uma baiana” é um desses textos e foi escrito por Urânia, publicado no Rio de Janeiro, em 1822, ano em que foi redigido.
Misturando denúncia e revolta, a folha de capa trazia um título surpreendente: “Lamentos de uma baiana na triste crise em que viu sua pátria opressa pelo despotismo constitucional da tropa auxiliadora de Portugal”. Escrito entre os dias 19 e 21 de fevereiro, a data coincide com os conflitos armados que explodiram em Salvador entre as tropas portuguesas e os baianos.
"No processo de separação do Brasil de Portugal, o debate político atraiu públicos de todas as camadas da sociedade. Os panfletos comprovavam que o Brasil estava polvoroso na disputa pela independência, mas a Bahia especialmente”, explica Heloísa Starling.
Antonia Pellegrino diz que Urânia, com seus 13 anos, via a guerra de outra perspectiva. “Ela estava em Salvador, cidade tomada pela Coroa e que, mais tarde, seria cercada pelo Exército Pacificador. Ela queria intervir, e fez com palavras. Havia um silêncio encobrindo a identidade da baiana que lamentava a realidade de sua pátria. Urânia ficou 200 anos confinada ao esquecimento”, revela a roteirista.
A história da jovem foi descoberta e analisada em um vasto conjunto de panfletos da independência pelos historiadores, Marcelo Basille, José Murilo de Carvalho e Lúcia Bastos, responsáveis por resgatar os versos e incluir na publicação ‘Guerra Literária’, de 2014, da editora UFMG.
‘Mulheres na Independência’ é um podcast original Globoplay, com produção da Pipoca Sound. A série tem seis episódios, publicados às quartas-feiras, com encerramento no dia 7 de setembro, marco dos 200 anos da Independência do Brasil.
Para ouvir o quarto episódio sobre a história e o contexto familiar de Urânia Vanério, clique aqui.
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