CULTURA
"Tesouros do Senhor de Sipán" mostram beleza da cultura mochica
Por EFE
Uma viagem fantástica ao período pré-incaico peruano. É o que oferece a exposição "Os Tesouros do Senhor de Sipán", uma rica mostra da beleza da cultura mochica que a Pinacoteca do Estado de São Paulo abriu no sábado. A exposição conta com mais de 200 peças entre adereços, cerâmicas, peças de ourivesaria, indumentárias e objetos metálicos dos mochicas, uma sociedade teocrática que habitou o deserto do litoral norte do Peru entre os séculos 1 e 7 d.C., e que desapareceu antes da formação do império inca.
A exposição, que ficará aberta até 7 de janeiro de 2007, é uma viagem aos tesouros pré-colombianos descobertos há menos de vinte anos, em 1987, nas proximidades da cidade de Lambayeque (norte) pelo arqueólogo Walter Alva, que encontrou o monumento funerário de um
governante mochica: o Senhor de Sipán. "Trouxemos uma mostra representativa do descobrimento do túmulo de Sipán, que corresponde a 35% de todos os atavios, ornamentos e emblemas que foram descobertos", disse Alva à Efe.
A descoberta arqueológica do túmulo do Senhor de Sipán é considerada como um das mais importantes do século 20, sendo comparada por alguns à do faraó Tutankamon, e em 1988 foi catalogada pela revista "National Geographic" como "o túmulo mais rico do Novo Mundo", lembrou Alva.
O arqueólogo peruano, que dirige o Museu Túmulos Reais de Sipán, de onde vem a maioria das peças da exposição, é também o curador da exposição. Além dele, o Instituto Nacional de Cultura do Peru, a Casa de Cultura Peruana de São Paulo e a Pinacoteca também participaram da organização do evento.
A exposição conta igualmente com uma mostra de maquetes e fotografias do período Formativo, que vai do ano 2.500 a.C. até o começo de nossa era, e que antecedeu ao Clássico, no qual a
civilização mochica floresceu.
Também haverá uma réplica do túmulo do Senhor de Sipán, que reproduz nos mínimos detalhes o lugar escavado por Alva em 1987, além de jóias dos soberanos fabricadas em ouro e pedras
semipreciosas, como a turquesa, que o arqueólogo define como "obras-primas da ourivesaria latino-americana".
A visão de mundo dos mochicas se expressa por meio de uma coleção de copos de cerâmica, uma das técnicas melhor desenvolvidas por esse povo de finos artesãos. "Os mochicas desenvolveram uma arte clássica. Eles são considerados como os gregos da América. Seus trabalhos são realistas e de muita qualidade", afirmou Alva.
Os copos de cerâmica têm representações de governantes, animais, plantas e cenas da vida cotidiana dos mochicas, que para poder sobreviver no território desértico no qual sua cultura surgiu, desenvolveram técnicas de engenharia hidráulica e irrigação artificial para os cultivos. "Eles tinham uma cultura típica de oásis, semelhante à dos povos do Oriente Médio", acrescentou o arqueólogo.
Essa civilização pré-colombiana desapareceu perto do ano 600 de nossa era, aparentemente por causa de uma catástrofe climática que gerou uma seca prolongada no litoral peruano e, segundo explica Alva, também tiveram relação com o colapso de chuvas torrenciais causadas pelo fenômeno atmosférico que hoje em dia se conhece como "El Niño".
Os mochicas também usavam muito cobre na elaboração de armas e adereços e construíram grandes pirâmides às quais se acedia por amplas rampas, como retrata uma perspectiva na exposição. Para que o visitante se sinta mais compenetrado nesse mundo, a exposição inclui também um conjunto de manequins vestidos com reproduções das vestimentas usadas pelos mochicas, com seus respectivos adereços e armas.
São Paulo é a primeira cidade latino-americana não peruana que recebe a mostra "Os Tesouros do Senhor de Sipán", que anteriormente foi exposta no Museu de História Natural de Washington, no Museu de Alicante (Espanha) e na Alemanha.
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