TECNOLOGIA
41% das empresas brasileiras já adotam a Inteligência Artificial
Até micro e pequenos negócios já investem em AI para ganhar competitividade
Por Mariana Bamberg
Até pouco tempo, a Inteligência Artificial (AI) era vista como uma possibilidade apenas para o futuro ou restrita às grandes empresas de tecnologia. Agora, ferramentas como ChatGPT e Midjourney têm se popularizado e chegado em negócios de todas as áreas. Uma pesquisa realizada pela IBM, por exemplo, mostrou que, até o ano passado, 41% das companhias brasileiras já tinham adotado esse tipo de instrumento em suas rotinas. Entre elas, micro e pequenas empresas, que passaram a enxergar na AI a possibilidade de otimizar tempo e garantir um diferencial competitivo.
Coordenador de negócios de inovação do Sebrae, Tauan Reis não tem dúvida de que essas ferramentas já deixaram de ser uma tendência e passaram a ser uma realidade nas micro e pequenas empresas. Para ele, o uso cada vez mais recorrente da AI na gestão, no marketing e até na área técnica desses negócios está relacionado à popularização dessas plataformas e, por isso, deve crescer ainda mais.
“É uma marco dentro de qualquer negócio, não só os de tecnologia, mas também daqueles mais tradicionais. Quem não estiver atento pode ficar para traz, porque a AI é um apoio que vai trazer uma série de avanços que o mundo dos negócios nunca viu antes, a começar pela velocidade e pela assertividade que elas permitem”, afirma.
A agência de gestão de imagem Taurus Group (@taurus.group) ganhou em otimização de tempo com as cerca de 30 plataformas de inteligência artificial que usa diariamente. O CEO da empresa, Jiovani Soeiro, conta que elas ajudam desde traduzir o idioma de um país distante onde mora um cliente até decupar reuniões e entrevistas. Isso sem falar nas plataformas que facilitam a busca e a reunião de informações, por exemplo, sobre concorrentes, tudo isso em um clique.
“Um material que antes levávamos 5h ou 6h para ter, hoje já conseguimos ter, revisar, entregar e ter aprovado em menos da metade desse tempo. É o caso, por exemplo, de uma apresentação, que eu ia precisar ter layout, buscar imagens, construir roteiro, as plataformas já me ajudam com tudo isso, otimizando nosso tempo”, conta Jiovani.
Para chegar às 30 plataformas em uso na empresa, a Taurus realiza toda sexta-feira um encontro para que suas equipes compartilhem ferramentas, plataformas e novidades que descobriram. “Às vezes, há um impacto porque as pessoas precisam se colocar no lugar de aprendizes, mas depois que se acostuma, que testa pode funcionar ou não. Muitas não estão prontas, outras não se encaixam na nossa realidade”, explica.
Pago e gratuito
Apesar da empolgação, Jiovani diz que algumas das plataformas têm um preço bem salgado. Mas ele tem uma estratégia para contornar esse problema: utiliza aquelas que são gratuitas, vai completando a insuficiência de uma com outra plataforma e deixa para fazer um investimento financeira apenas naquelas que estão dentro do orçamento da empresa e que mostram que realmente é essencial para a otimização de tempo das tarefas da equipe.
Não é só na Taurus que o custo do investimento é uma barreira para avançar no uso da AI. O levantamento da IBM apontou que esse é um problema para 29% das empresas menores. Também foram citadas como dificultadores a complexidade para integrar e dimensionar projetos (20%), a complexidade de dados (17%) e habilidades, experiência ou conhecimentos limitados (17%).
Para tentar contornar essas barreiras, a orientação do coordenador do Sebrae é começar pelas ferramentas com opções gratuitas e pesquisas a fundo sobre elas. Uma boa opção, segundo o especialista, é usar plataformas de vídeo, como o Youtube, para encontrar possibilidades que se encaixem na rotina do negócio. Depois disso, o segredo é testar até aprender os macetes. “O que o empresário precisa é ser educado para aprender a importância dela e como ela funciona”, afirma.
Se na Taurus uma apresentação que seria feita em 6h é produzida em menos de 3h, na Stike Games (@jogosparasuasaulas), um planejamento de comunicação que normalmente levava uma semana para ser feito, agora é pode ser concluída em minutos. Alexandre Macedo, fundador da empresa que oferece aulas de gameficação para professores introduzirem jogos no processo de aprendizagem dos alunos, usa o ChatGPT e a área de inteligência artificial do Canva para produzir todo o conteúdo de divulgação do negócio.
“Hoje, elas me ajudam muito a criar posts para as redes sociais e dar ideias de pautas. Acaba servindo como uma espécie de consulta, como se estivesse ali com outras pessoas, cada uma dando suas ideias. Mas claro que não simplesmente copio e colo as sugestões. Faço um pente fino, mudo algumas palavras, confiro algumas informações porque elas podem errar, não é um ser humano, tem um ponto cego”, relata Alexandre.
A orientação do coordenador do Sebrae é justamente essa: usar as plataformas como um apoio para economizar tempo e utilizá-lo em outras áreas do negócios, mas não deixar de analisar e humanizar o resultado. “As ferramentas não vão substituir o homem. Elas vêm para ajudar. Ainda é necessário criar, tomar decisões, ter o ‘feeling’. As características humanas são essenciais”, destaca Tauan.
Na Helix (@oi.helix), uma estruturadora de startups, a inteligência artificial é utilizada não só na parte administrativa e no marketing da empresa. Um novo produto desenvolvido pela equipe também lança mão desse tipo de tecnologia. O CEO, Paulo Pietrobon, conta que a plataforma que será lançada vai usar AI para conectar de forma automatizada os atores do meio tecnológico – profissionais das universidades, empresas e governo.
E, para chegar nesse e em outros projetos, a Helix usa ferramentas de inteligência artificial que, por exemplo, monitoram tudo que é estudado e desenvolvido nas áreas das startups atendidas pela empresa. Uma outra plataforma, conta Paulo, faz a automação do planejamento operacional das equipes, revisando as atividades e gerando gráficos e índices sobre a performance em um determinado período.
“Temos fomentado os líderes das nossas equipes para conhecer e adotar essas tecnologias. Quando há resistência nas pessoas é porque é preciso agenda para se dedicar, manusear, testar. Mas não existe isso de ter uma empresa sem essa tecnologia. Quem não tiver vai perder em inovação, faturamento, seleção de profissionais. Pode ser um mercadinho de bairro”, afirma Paulo.
Além das áreas de pesquisa e marketing e vendas, a AI tem impactado no atendimento ao cliente, em tecnologia da informação e segurança, logística, e ainda em finanças e contabilidade. Quem faz essa análise é Mauricio Frizzarin, CEO da QYON Tecnologia, empresa especializada no desenvolvimento de softwares com Inteligência Artificial. De acordo com ele, outros negócios que devem ser beneficiados com a popularização desse tipo de tecnologia são: turismo, imobiliário, mídia e entretenimento, varejo, além de educação e contabilidade.
“Entre os principais benefícios, estão a eficiência operacional, que automatiza tarefas rotineiras, a capacidade de tomar decisões mais acuradas com base em análises de grandes volumes de dados apresentados de maneira clara e concisa. A AI contribui ainda para a redução de erros e potencializa a competitividade”, avalia Mauricio.
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