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65% dos brasileiros que solicitam empréstimos têm entre 25 e 45 anos

É preciso cuidado para que o dinheiro emprestado não vire bola de neve e provoque superendividamento

Publicado segunda-feira, 06 de novembro de 2023 às 06:43 h | Atualizado em 07/11/2023, 12:12 | Autor: Inara Almeida*
Liz ressalta que  falta de educação financeira é o principal motivo para que os brasileiros  mais jovens tomem mais empréstimos
Liz ressalta que falta de educação financeira é o principal motivo para que os brasileiros mais jovens tomem mais empréstimos -

Quitar uma dívida, reformar um imóvel, realizar uma viagem, resolver uma emergência. Muitos são os motivos que levam pessoas a solicitarem empréstimos no banco. Apesar de quebrar o galho na vida financeira de muita gente, se não for encarado com o devido cuidado, o empréstimo bancário pode virar uma bola de neve e provocar o superendividamento.

No primeiro semestre de 2023, pessoas entre 25 e 45 anos, com renda de até R$ 3 mil, foram responsáveis por 65% das solicitações de empréstimos pessoais, de acordo com levantamento realizado pela fintech de crédito pessoal Simplic, em parceria com a klavi, plataforma SaaS especializada em soluções de Open Finance.

Para a educadora financeira Liz Midlej, os números adquiridos a partir do levantamento são um indicativo de que a vida financeira dos jovens brasileiros não caminha bem. Os motivos, segundo Midlej, vão além da falta de educação financeira.

“A falta de educação financeira é a causa principal deste problema, mas não é a única. A maior facilidade na abertura de contas correntes e concessão de crédito acessíveis a um simples clique no aplicativo e o incentivo ao consumo e a falta de orientação financeira para lidar com essa nova realidade também fizeram com que as estatísticas do endividamento atingissem cada vez mais famílias de variados perfis de idade e faixa de renda”, destaca.

Ainda de acordo com o levantamento, o pagamento de empréstimo está entre os gastos mais comuns (30%), seguido pelo cartão de crédito (29%), táxi ou aplicativos de transporte (21%), pets (10%), viagem (9%), e educação (7%).

A professora Janaína Souza precisou solicitar um empréstimo ao banco para completar o valor do seu carro. Apesar de ter conseguido driblar o endividamento, é uma experiência que, segundo ela, espera não precisar repetir. “Os juros são até menores quando comparados a outras linhas de crédito, mas são muitos anos pagando. No final, você paga três vezes o valor. Peguei uma vez para nunca mais”, diz.

A queixa de Janaína é comum entre pessoas que já solicitaram empréstimos bancários. De acordo com o planejador financeiro Raphael Carneiro, é crucial que o correntista entenda o impacto que as parcelas farão em seu orçamento.

“Muitas pessoas solicitam empréstimo pensando só em resolver o problema na hora e esquece que as parcelas virão. Com o passar dos meses, você conseguirá arcar com essas parcelas? Se não, você estará pegando um empréstimo para criar outro problema”, afirma.

Educação financeira

Solicitar um empréstimo já é um sinal de que as finanças não vão bem. A fim de evitar chegar a esse ponto, o mais imprescindível, ressalta Liz, é buscar a educação financeira.

"Algumas instituições fornecem cursos gratuitos com orientação básica sobre organização financeira tais como: Banco Central (através do site); MEC (através do site ENEF); Fundação Bradesco (através do site). Com esse conhecimento adquirido, o cidadão poderá conhecer mais sobre a própria realidade, adotar uma postura mais consciente do uso do dinheiro e lidar com o seu próprio futuro de forma mais segura e próspera".

Se a necessidade de pedir um empréstimo bater na porta, por outro lado, é importante ter certeza de que as parcelas serão honradas. Além disso, reforça Raphael, é preciso ter cuidado para que a solicitação de empréstimos não se torne um hábito. “Não pode se tornar um vício, algo corriqueiro. O momento de pegar um empréstimo é quando ele, de fato, vai resolver o problema, em última instância”, pontua o planejador financeiro.

Escute as dicas do planejador financeiro Raphael Carneiro

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*Sob supervisão da editora Cassandra Barteló

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