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Apesar da crise, empresas do Brasil vão às compras

Publicado terça-feira, 11 de outubro de 2011 às 08:03 h | Autor: Agência Estado

Mesmo diante de um período de estresse global, as empresas brasileiras projetam novas aquisições para os próximos 12 meses. Ao invés de diminuir, o período de volatilidade contribuiu para que as organizações aumentassem seu apetite. Levantamento do "Capital Confidence Barometer", produzido pela Ernst & Young Terco, mostra que 37% das companhias no Brasil esperam concluir uma aquisição no próximo ano, índice superior aos 29% registrados em abril, data da pesquisa anterior.

Além disso, o país figura na lista das regiões mais atraentes para investimentos ao lado de China, Índia, EUA e Austrália. De acordo com Rogerio Villa, sócio-líder de Transações da Ernst & Young Terco, apesar de grande parte do mundo estar preocupada com a volatilidade dos mercados, as organizações brasileiras estão focadas no crescimento, com um total de 71% delas projetando expansão nos próximos 12 meses. "Enquanto a maior parte do crescimento deve ser orgânico, nós esperamos um aumento em transações, na medida em que mais de um terço das companhias planeja realizar aquisições", afirma.

No mundo, 41% das empresas líderes globais esperam concluir alguma aquisição nos próximos 12 meses. Saindo do escopo dos BRICS, Malásia, México e Argentina se destacam como os três mercados emergentes mais populares como destino para os investimentos. "Um portfólio de negócios equilibrado precisa ter a presença de um mercado emergente assim como operações em mercados maduros. Os emergentes asiáticos estão entre os mais atrativos, com seu alto potencial de crescimento oferecendo alguma proteção contra a volatilidade atual nos mercados maduros", justifica Pip McCrostie, vice-líder global de Transações da Ernst & Young, por meio de comunicado à imprensa.

Conforme o levantamento, o apetite das empresas por fusões e aquisições é sustentado por demonstrações financeiras mais sólidas e um foco maior na adequação operacional. Somado a esses fatores está o fato de os preços dos ativos terem sofrido uma forte apreciação, estimulando os vendedores a irem a mercado. Na avaliação de quase dois terços (57%) dos executivos entrevistados, as avaliações de ativos devem manter-se nos níveis atuais por 12 meses, gerando uma expansão de 30% em potenciais vendedores na comparação com seis meses atrás - 26% das empresas consultadas avaliavam a possibilidade de serem adquiridas no próximo ano.

"Atualmente, companhias líderes de mercado descartam fazer parte das crises do mercado e focam em crescimento e M&A (fusões e aquisições, na sigla em inglês). Para elas, não se trata de um novo 2008. Essas companhias têm passado os três últimos anos reduzindo os riscos financeiros de suas demonstrações e adotando duras medidas de eficiência necessárias para o fortalecimento de suas posições, o que as habilita à gestão em tempos de volatilidade", explica McCrostie.

Outra mola que sustenta o ritmo de negócios, segundo mais de um terço dos entrevistados, é a possibilidade de abocanhar uma fatia de um novo mercado. Companhias brasileiras que investem no exterior estão buscando espaço na China, EUA e Índia, de acordo com o levantamento da Ernst & Young Terco.

Obstáculos não reduzem confiança

Os riscos regulatórios ainda causam uma grande dor de cabeça para as empresas. Na opinião da maioria dos executivos consultados (87%), o aumento por pressões regulatórias poderia impedir o crescimento das organizações, com destaque para os setores bancários e de reforma financeira que, consequentemente, impactariam "amplamente" em outros segmentos e regiões. "A regulação é um obstáculo em potencial. Além disso, há a questão do ambiente econômico. Embora os nossos entrevistados tenham demonstrado uma posição otimista em relação a M&A, uma recessão global profunda afetaria todas as apostas das empresas", afirma McCrostie.

No entanto, o clima ainda é "surpreendentemente" otimista, de acordo com levantamento da Ernst & Young Terco, que ouviu 1.000 executivos no mundo todo. Dois terços dos entrevistados (63%) consideram a economia global, ao menos, estável, embora seja ressaltado no relatório que "a diminuição do crescimento nos EUA, acompanhada do rebaixamento da classificação de crédito do país e da escalada da crise da dívida soberana na zona do euro, afetou a atividade do mercado de capitais à época das entrevistas". A confiança está "particularmente alta" em setores como energia, petróleo e gás, metais e mineração.

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