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ECONOMIA

Bella Napoli permanece como uma empresa familiar

Por Paula Janay

30/07/2015 - 22:40 h
Ana Sciarretta Angelino e Gian Francesco Angelino
Ana Sciarretta Angelino e Gian Francesco Angelino -

A família Sciarretta Angelino saiu da Itália na década em 1950 para tentar a sorte no interior da Bahia. Após anos na agricultura, chegaram a Salvador, em 1962, para fundar o Bella Napoli, um dos restaurantes mais antigos da cidade, que completa 53 anos em 2015. Até hoje o Bella Napoli permanece como uma empresa familiar, com Gian Francesco Angelino, da terceira geração da família, à frente dos negócios e sua mãe, Ana Sciarretta Angelino, chefiando a cozinha.

Como foi que surgiu o restaurante Bella Napoli?

ASA - Viemos da Itália e fomos para o interior, para a colônia de Itiruçu, no sul da Bahia (a 325 km de Salvador). Ainda tem uma colônia italiana lá. A família toda, meu pai, minha mãe, e quatro irmãs. Eu tinha 13 anos. Meu pai era Francesco Sciarretta e minha mãe Giuseppina Costantini Sciarretta.. Viemos porque o governo da Bahia solicitou famílias agrícolas para implantar agricultura aqui na Bahia. Eles fizeram uma colônia em Itiruçu e deram a terra e a casa. O governador foi o Otávio Mangabeira. Como os meus irmãos tinham que estudar, meu pai pensou em vir para Salvador e abrir um restaurante. Em Salvador não existia restaurantes italianos. Depois de 12 anos como agricultores, viemos para Salvador, em 1962, e abrimos um restaurante na Rua Nova de São Bento, no centro da cidade. Abrimos com o nome Bella Napoli. Nós não somos de Nápoles, somos de Abruzzo, mas naquela época a referência à Itália era Nápoles, todo mundo conhecia Nápoles como Itália, então nomeando como Bella Napoli as pessoas sabiam que era um restaurante italiano.

O restaurante era direcionado para que tipo de público?

ASA - Para a classe média, como hoje. Vinha gente de todo o tipo. Vinha muito estudante que morava no interior, que os pais colocavam aqui para estudar. Pagavam por mês ou pediam delivery. Delivery naquela época se chamava marmita. E já fornecíamos delivery naquela época para o povo que estudava aqui, mas era do interior.

Como foi a recepção do restaurante quando abriu?

ASA - Poucos sabiam, pouco se conhecia, pouco se saía, mas devagarzinho ia. Naquela época ainda não existia a estação rodoviária. E lá na frente do restaurante, na mesma casa, tinha um salão que vendia passagens de ônibus para o interior. Então o povo começou a conhecer. Paravam lá para pegar ônibus e começaram a conhecer. E assim começou a ser conhecido. Nós fazíamos tudo em casa. Ravióli, lasanha, macarrão. Eu e minha mãe e minha irmã quando voltávamos da escola. Era totalmente familiar. Até hoje é assim. Já é a terceira geração.

O restaurante e os negócios passaram por diversas transformações da economia e da sociedade brasileira. O que vocês trazem da experiência de 53 anos de negócio?

ASA - Crise sempre vai ter. Teve uma crise quando ele (Gian Francesco) ainda era menino e ele não vivenciou. Na ditadura, não se achava comida, não se achava carne para comprar. Lembro de meu marido ir em Candeias para comprar carne, não se encontrava filé para a gente poder trabalhar. E eles colocavam carimbos no cardápio e a gente não podia aumentar um tostão, em nada. E era tudo restrito. Nós, como éramos em família, e naquela época não se tinha tantos impostos como se têm hoje, conseguimos seguir em frente. Em empresa familiar a gente sempre vai se virando.

Por que vocês saíram do centro da cidade?

GFA e ASA - O público da gente foi se esvaindo. E nós vimos a necessidade de vir para o Caminho das Árvores. Foi quando estava surgindo o mercado financeiro na Tancredo Neves. A gente está aqui há 19 anos. Nós vimos essa demanda, saímos procurando um ponto nessa região. Durante um ano e meio nós mantivemos as duas casas. Depois não dava para manter mais lá, principalmente depois que abrimos a nova loja. E decidimos fechar a unidade do centro. Isso foi em 1996 e 1997.

Como foi a mudança de gestão? A empresa ainda é familiar, mas como são divididos os setores de gestão entre a família?

ASA - Meu pai (Francesco Sciarretta) abriu o restaurante. Era do meu pai e da família. Como ele chegou a uma idade em que não conseguia mais trabalhar e todos os meus irmãos casaram, ele não conseguia tocar o restaurante sozinho. Ele se recolheu e vendeu o restaurante a mim e a meu marido. Eu adquiri o negócio da família, em 1971. Nós, eu e meu marido, seguimos em frente. Eu sempre na cozinha, na parte alimentar, e ele na parte administrativa. O sobrenome Angelino é do meu marido. Ele veio em 1968. Fui passear na Itália, nos conhecemos e ele veio para o Brasil e nos casamos.

GFA - Meu pai terminou ficando doente, em 1997 mais ou menos. Quem abriu aqui (Caminho das Árvores) já fui eu, junto com a minha mãe. Viemos eu e minha mãe para cá e ele ficou com meu irmão lá (no Centro). Em 2006, fiquei à frente do restaurante junto com meu pai. Ele adoeceu e terminou se retirando, depois veio a falecer. Hoje somos minha mãe e eu. Nós dois terminamos trabalhando em conjunto porque a experiência vem dela, desde que tudo começou. O que eu aprendi, aprendi aqui dentro também. Então, é um somatório de coisas.

Vocês se apresentam como o mais antigo dos restaurantes de Salvador sobre a gestão dos fundadores. O que significa isso para vocês?

GFA - É um dos. Eu estava vendo esses dias que o Colon é mais antigo do que a gente. É uma responsabilidade muito grande. Você criar uma marca hoje é uma coisa difícil. Você manter, é mais difícil ainda. Qualquer coisa que manche a imagem, para reconstruir de novo é um trabalho muito grande. A minha responsabilidade hoje é muito maior. A responsabilidade em cima de mim é grande. A família manteve o restaurante durante 53 anos e ele ainda está aqui hoje. Vou ter que levar isso para a frente de uma forma muito cautelosa.

Ter uma unidade é uma decisão estratégica da empresa? Vocês pensam em abrir novas unidades ou uma franquia?

GFA - Nós já tivemos franquia e não deu certo. A gente queria expandir por meio de franquia porque terminávamos tendo alguma participação na administração. Só que terminou não dando muito certo exatamente por causa da administração das pessoas e de custo. Então hoje não temos mais franquia. E com relação a abrir outras casas, acho que em Salvador as pessoas até ficaram um pouco bairristas. Quem mora na Barra fica para o lado da Barra. Quem mora no Caminho das Árvores, fica para o lado do Caminho das Árvores e Pituba. Mas a gente não tem um público para ter duas casas do nosso porte. O mercado financeiro e comercial está para o lado de cá. Querendo ou não, as pessoas, de certo modo, vão ter que vir para o lado de cá para trabalhar. No momento de crise atual, quem tem duas casas está sofrendo muito mais do que quem tem uma. O crescimento, como tudo na vida, tem as suas vantagens e desvantagens. A gente não cresce tanto como todos aqueles que abriram mais casas, mas a gente não sofre tanto como aqueles que têm mais casas.

Estamos passando por um período de aumento de preços dos alimentos, de energia, água e combustível. Isso representa um aumento para os empresários e para as famílias, que estão reduzindo a alimentação fora de casa. Como é isso tudo está afetando a empresa e quais são as estratégias para passar por essa crise?

GFA - As pessoas sempre vão precisar comer. Salvador cresceu a um ponto que não é todo mundo que consegue retornar para a casa, por causa do trânsito, para almoçar. O que a gente traçou de estratégia é que, em primeiro lugar, não podemos aumentar os preços. As pessoas que frequentam o restaurante também não tiveram seus salários aumentados. Todos estão sofrendo com isso. Nós não aumentamos os preços e estamos negociando com alguns fornecedores de vinhos com redução de custos para ter atrativos. Não é só a gente. Os clientes da gente também estão tendo o aperto deles. A grande maioria é assalariada. A gente está tentando reduzir custos com o que a gente pode. O nosso lucro já foi reduzido com o aumento dos preços, sem poder repassar aos clientes. Então a gente está apertado de todos os lados. O que a gente precisa agora é girar a máquina. Não pode parar. Já estamos pensando em criar um prato executivo. A gente está sendo solidário e procuramos fazer parcerias para viabilizar mais a vinda deles para o restaurante. Porque vir ao restaurante Bella Napoli já se tornou um hábito. Eu nasci dentro do restaurante, fui criado no restaurante e continuo aqui. Quantas e quantas famílias começaram a vir no restaurante quando seus filhos eram pequenos. Noivaram dentro do restaurante, casaram dentro do restaurante, têm filhos que vêm para o restaurante. A gente tem esse ciclo e temos que trabalhar para mantê-lo. Não podemos deixar esse ciclo quebrar.

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