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ECONOMIA

Braskem amplia domínio em Camaçari

Por JORNAL A TARDE

22/03/2006 - 0:00 h

Maior empresa petroquÍmica da América Latina está adquirindo o controle acionário da Politeno por R$ 500 milhões



Berna Farias




Mais de 30 anos depois de implantado, o modelo da petroquímica brasileira começa a seguir o exemplo de outros países, onde o setor é controlado por poucas e grandes empresas. Junto com a Petrobras, a Braskem parte para executar um plano de expansão que, fortalecendo a empresa no Nordeste e no Sul, também lhe dá mais poder de fogo no Sudeste.



A estatal tem até 31 de março para decidir pelo aumento de sua participação acionária na Braskem de 10% para 30%, transferindo para a empresa ativos da Companhia Petroquímica do Sul (Copesul), central de matérias-primas do Pólo Petroquímico do Sul, em Triunfo (RS). A meta da Braskem é partir para o mercado internacional, comprando fábricas em outros países – a empresa já toca projetos na Bolívia e na Venezuela.



Na Bahia, a ofensiva incluiria a aquisição do controle acionário da Politeno Indústria e Comércio S/A. A transação, que envolveria investimentos da ordem de R$ 500 milhões, é dada como certa nos bastidores, embora a Braskem se negue a falar sobre o assunto, alegando que nada há de conclusivo. A empresa detém 35% das ações da Politeno e, adquirindo os 35% de ações do grupo Suzano, ficaria com 70% do total. Procurada, a Suzano Petroquímica não se posicionou sobre o assunto.



A Petrobras não fala sobre a transferência de 15,6% de ações da Petroquisa, “braço” petroquímico da estatal, para a Braskem, argumentando que o assunto está sendo analisado e a empresa vai cumprir o prazo estipulado.



O vice-presidente de Relações Institucionais da Braskem, Alexandrino Alencar, diz que a estatal está negociando com a Odebrecht, grupo controlador da Braskem. O martelo não foi batido porque, por acordo de acionistas, a Braskem teria que oferecer metade dessas ações para a Ipiranga Petroquímica.



Também está em negociação a transferência, para a Braskem, de 85% da participação da Petroquisa na Petroquímica Triunfo, o que consolidaria o poder do grupo Odebrecht no sul do País. A transação é definida por Alexandrino Alencar como “estratégica” para a Petroquisa, que também deve transferir para a Braskem 40% de sua participação na Petroquímica Paulínia, em São Paulo. “A Petrobras estaria junto a um grupo privado nacional forte. E a Braskem, que é uma empresa brasileira, vai se tornar uma petroquímica mais forte ainda, e grande, de modo a competir bem no mercado globalizado”, afirma.



TABULEIRO – Para o economista Oswaldo Guerra, professor da Faculdade de Ciências Econômicas da Ufba e estudioso do setor petroquímico, a aquisição da Politeno pela Braskem é, apenas, o primeiro movimento no complicado tabuleiro em que é disputado o controle da petroquímica nacional. E que abre caminho para a mudança de modelo do sistema tripartite, instituído quando da criação do setor, no período da ditadura militar, para o modelo vigente em outras partes do mundo, onde o domínio pertence a grandes oligopólios.



“A petroquímica brasileira nasceu pulverizada: o Estado (Petroquisa) detinha 33% do capital, a iniciativa privada nacional ficava com mais 33% e o capital estrangeiro outros 33%. Era um modelo sui generis no mundo, onde a petroquímica é dominada por grandes empresas, com grande concentração de capital”. Este modelo brasileiro é complicado, segundo Guerra, na medida em que gera um “nó acionário” e não se sabe, exatamente, quem é o dono do negócio.



A necessidade de rearrumar a petroquímica, buscando criar empresas com musculatura mais potente e capazes de promover maior concentração do setor para melhor competir no mercado globalizado, é um consenso. Ao mesmo tempo, há o temor de que grupos restritos controlem o setor em termos regionais. O primeiro passo teria sido dado, no sentido de se concentrar empreendimentos petroquímicos, com a aquisição do controle acionário da Copene pelos grupos Odebrecht/Mariani, a partir dos ativos do Banco Econômico, e o consequente surgimento da Braskem.



Polibrasil deve ser o próximo alvo



O interesse do grupo Odebrecht pelo controle da Politeno existe há mais de dois anos. “A formação da Braskem reuniu empresas de segunda e terceira gerações da petroquímica, transformando-a em uma espécie de coração do Pólo. Mas duas empresas ficaram de fora: a Politeno e a Polibrasil, do grupo Suzano”, afirma Oswaldo Guerra.



A Odebrecht tem interesse nas duas empresas, mas a Polibrasil é menos vulnerável que a Politeno, na qual o grupo Odebrecht tem participação. Já o grupo Suzano teria deixado claro que pode vender a empresa para a Odebrecht, desde que a oferta de preço seja boa. “A Odebrecht, que estava sem capital para grandes gastos por conta da compra de ativos petroquímicos do Banco Econômico e a criação da Braskem, agora tomou fôlego e decidiu comprar a Politeno”, disse o professor.



Ele acredita que o próximo lance neste xadrez é a aquisição da Polibrasil. “A Suzano agora está cercada. A empresa é o que resta, ao lado de outras menores, da antiga estrutura do Pólo Petroquímico de Camaçari. Com a compra da Politeno, a Braskem ganha mais musculatura e a petroquímica brasileira também. Mais uma barreira que cai no mundo globalizado”, sentencia.



XADREZ – Uma outra peça importante deste xadrez será movimentada em breve. A Petrobras tem até dia 31 de março para decidir se aumenta ou não de 15% para 30% sua participação no controle acionário da Braskem. Tudo dependeria de análise sobre se a Braskem estaria sendo bem gerida, em termos administrativo-financeiro. A estatal não se pronuncia sobre o assunto, alegando que a questão está em análise e que só anunciará sua decisão no prazo estipulado.



Caso decida positivamente, a Petrobras – que detém 15,6% da Copesul (Companhia Petroquímica do Sul) e outros 85% da Petroquímica Triunfo, de segunda geração, também no Pólo do Rio Grande do Sul – transferiria essas duas participações para a Braskem. Essa especulação tem gerado mobilizações de empresários e políticos que temem o “controle baiano” sobre o Pólo do sul do País. “A discussão é provinciana, porque a Odebrecht tem interesses empresariais, e não regionais”, define Guerra.



Provinciana ou não, a discussão tem aquecido os ânimos. A Ipiranga, que controla a Copesul com a Odebrecht, manifestou interesse em comprar a parte da Petrobras na empresa, ou vender sua parte caso a Odebrecht (leia-se Braskem) ganhe o quinhão da Petrobras na própria Copesul e na Triunfo.



Se esse repasse acionário da Petrobras para a Braskem se concretizar, a Odebrecht passará a controlar a petroquímica no Sul e no Nordeste, dois dos três principais pólos do País. O terceiro está no Sudeste, dominado pelos grupos Suzano, Ultra e Unipar – que é dono, na Bahia, da Oxiteno. “Se tudo isso se concretizar, o controle da petroquímica brasileira fica regionalizado: Braskem (Odebrecht) no Sul e Nordeste, e o Sudeste nas mãos da Suzano, Ultra e Unipar”, conclui Oswaldo Guerra.



O grupo Ultra e a Petrobras planejam montar uma outra central petroquímica na região, disputado pelos municípios de Itaguaí e Campos dos Goytacazes. Há, ainda, o projeto de construção de uma central de matérias-primas petroquímicas – uma espécie de pólo – em Corumbá, Mato Grosso, pela Odebrecht, que planeja utilizar o gás natural vindo da Bolívia.



PÓLO DE CAMAÇARI



Empresas: 60 (34 químicas e petroquímicas)

Ramos de atividade: química e petroquímica, metalurgia do cobre, têxtil, celulose, automóveis, pneus, bebidas e serviços



Investimento Total: US$ 10 bilhões (incluindo Ford e Monsanto)



Capacidade Instalada: 8 milhões de toneladas/ano de produtos químicos e petroquímicos básicos e intermediários; 250 mil veículos/ano, 220 mil toneladas/ano de cobre eletrolítico, 115.000 toneladas/ano de celulose solúvel



Exportações: US$ 960,2 milhões no segmento químico/petroquímico em 2004 e US$ 640,7 milhões no segmento automotivo



Faturamento Bruto: US$ 9,4 bilhões em 2004

Empregos: 28.800



Geração de Impostos: mais de 90% da arrecadação tributária de Camaçari, que detém a segunda maior arrecadação de ICMS da Bahia. Em 2004, Camaçari arrecadou R$ 750,7 milhões em ICMS e recebeu como repasse do Estado R$ 156,2 milhões. Recebeu também R$ 2,8 milhões em repasses de IPI no mesmo período



Fonte: Cofic – Comitê de Fomento Industrial de Camaçari

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