ECONOMIA
Clonagem e golpes virtuais são ameaça permanente
Por João Mauro Uchoa, do A TARDE
Desde 2005, golpes envolvendo meios eletrônicos causam prejuízo anual da ordem de R$ 330 milhões, conforme dados da Federação Brasileira de Bancos (Febraban). Apesar do investimento crescente do setor bancário em mecanismos de proteção e campanhas de informação, o consumidor continua esbarrando em armadilhas ao utilizar cartão na internet para fazer compras ou movimentar dinheiro.
Na maioria dos casos, os bancos assumem o prejuízo, pois, na condição de prestadores de serviço, são responsáveis pela proteção dos valores depositados pelo correntista. A mesma regra se aplica ao dinheiro movimentado em transações envolvendo o cartão ou qualquer outro meio fornecido ou mantido pela instituição financeira e empresas parceiras.
Mas o amparo da lei não é perfeito. O Código de Defesa do Consumidor (CDC) determina a devolução imediata de qualquer valor subtraído de forma indevida, mas o processo de apuração da fraude pode levar alguns dias. Neste meio tempo, resta ao consumidor cruzar os dedos para que o prejuízo seja sanado o mais rápido possível.
O auxiliar de compras Stefson Andrade, 21 anos, levou um susto ao ser avisado por telefone, durante um almoço, que seu cartão de crédito fora clonado. “Tinha acabado de receber o meu salário. Tentaram usar o cartão quatro vezes, mas ele foi bloqueado”, conta. Andrade reconhece que não dava muita atenção ao quesito segurança até ser vítima de uma tentativa de golpe.
Embora não tenha registrado boletim de ocorrência, ele acredita que seu cartão foi copiado durante uma parada num posto de gasolina na região do Iguatemi, em Salvador. “Eu não fazia comparas na internet – só usava o cartão para pagar combustível”, argumenta Andrade.
A depender do arsenal tecnológico à disposição dos estelionatários e da demora das instituições financeiras em aposentar os cartões de tarja magnética e sem o chip conhecido como smart card continuarão acontecendo. Segundo Luiz Fernando Ferreira, gerente de segurança do Banco do Brasil – a maior instituição financeira do País – a massificação do chip ajudou a reduzir em 40% o volume de fraudes praticadas este ano.
No entanto, ele acha pouco provável que todos os cartões dos mais de 26 milhões de clientes sejam trocados por modelos mais seguros até o final do ano que vem. Além disso, observa Ferreira, as operadoras de cartões de crédito também precisam modernizar todos terminais de pagamento que ainda aceitam cartões com chip.
CHUPA-CABRA – Numa busca que não durou mais do que dez minutos, a reportagem encontrou uma dezena de sites onde qualquer pessoa pode comprar o dispositivo eletrônico conhecido como “chupa-cabra” ou “mosquitinho”, utilizado para capturar os dados da tarja magnética do cartão. Uma das lojas virtuais oferece um modelo tão pequeno quanto um isqueiro.
Nos esquemas menos sofisticados, o estelionatário aproveita um momento de distração para inserir o cartão da vítima no coletor de dados.
Por outro lado, algumas quadrilhas se especializaram em fazer modificações em caixas eletrônicos. Como isto dificilmente pode ser feito sem chamar a atenção da segurança, um golpe deste tipo conta com a participação de um funcionário responsável pela manutenção do atendimento automático.
Segundo o delegado Adalton Martins, chefe da Unidade de Repressão a Crimes Cibernéticos, da Polícia Federal (PF), alguns golpistas chegam a instalar notebooks no interior dos caixas eletrônicos. “Por meio de uma conexão sem fio, os dados dos cartões e as senhas das vítimas são transmitidas para fora da agência”, detalha. “Se você notar algo diferente, como as senhas solicitadas mais de uma vez, entre em contato o banco”, recomenda o delegado.
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