ECONOMIA
Com R$ 30 já é possível começar a investir
Em geral, os bancos têm modalidades a partir de R$ 100, mas com menos já é possível aplicar no Tesouro
Por Inara Almeida*
O mercado de investimentos pessoais no Brasil ainda tem muito chão pela frente para percorrer. Uma pesquisa do instituto Locomotiva deste ano revela que 76% dos entrevistados não possuem qualquer aplicação financeira – ou seja, três a cada quatro trabalhadores.
Em um país com alto índice de desigualdade social, onde muita gente labuta para adquirir o básico, como alimentação, não é surpreendente que se acredite que investir dinheiro é exclusivo para quem o tem de sobra. Existem, no entanto, alternativas de aplicações para quem tem pouca verba e quer fazer as cédulas renderem ou garantir uma poupança.
Os primeiros critérios que devem ser levados em consideração na hora de escolher o modelo de aplicação devem ser a segurança e a liquidez. Isso significa que, para os que têm menor proteção ao risco, produtos mais “conservadores”, como o CDB e o Tesouro Direto, são mais interessantes, destaca o planejador financeiro Gabriel Engmann.
A pergunta que não quer calar, afinal, é: qual o valor mínimo para iniciar um investimento? No caso dos CDBs, por exemplo, a quantia inicial pode variar de acordo com o potencial de retorno e o risco da aplicação. É possível encontrar instituições financeiras, como o Itaú, Bradesco e Nubank, que permitem investimentos a partir de R$ 100.
Para quem sente que R$ 100 mensais ainda pesa no bolso, no entanto, existem opções com valor mínimo ainda menor. Através do Tesouro Direto, é possível começar a investir com R$ 30. Já a poupança, apesar de oferecer rentabilidade inferior às demais, não tem mínimo para aplicação.
“Vejo influencers na internet falando que a poupança é perda de dinheiro, mas é melhor ter um dinheiro investido na poupança do que não ter nada investido ou aplicado em algo muito arriscado, que você não consiga resgatar quando precisar”, explica Engmann.
Foi partindo da premissa de que pouco é melhor que nada que Esther Morais, 22, começou a investir durante a pandemia de Covid-19. Mesmo ganhando menos de um salário mínimo como estagiária, ela buscou alternativas para rentabilizar o seu dinheiro.
A estudante optou, inicialmente, pelos bitcoins, onde conseguiu bom retorno. Devido à iminência de risco, no entanto, Esther preferiu dar lugar para os investimentos de renda variáve,l no Inter, e de renda fixa, no Rico.
“Todo mês eu separo cerca de R$ 200, parte disso vai para renda fixa e a outra, para a renda variável. Assim, eu consigo retorno a curto e a longo prazo. É melhor pegar de volta R$ 10, R$ 50 como resultado daquele investimento do que deixar o dinheiro parado. Sempre traz um saldo positivo, ainda que pequeno”, afirma.
Junta dinheiro
Pessoas com renda mensal limitada, mais do que ninguém, precisam se atentar a um passo crucial antes de pensar em investir: o de poupar. Existem produtos financeiros que permitem investimentos de baixo valor, mas, antes disso, é preciso economizar e juntar dinheiro, destaca o economista Edisio Freire.
Só guardar, no entanto, não é suficiente, já que dinheiro parado é sinônimo de perda e desvalorização. Investir as notas, ainda que sejam em aplicações conservadoras, que oferecem pouca rentabilidade, é o último passo para garantir a saúde financeira.
“Devido à inflação, há perda do poder de compra. O investimento é importante porque, mesmo com aplicações pouco rentáveis, há a garantia do poder de compra, do crescimento do dinheiro. Se você consegue investir em produtos com rentabilidade maior que a inflação, além de garantir o poder de compra, você tem também o ganho real”, explica Edisio.
*Sob supervisão da editora Cassandra Barteló
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