ECONOMIA
Crianças que aprendem cedo sobre dinheiro lidam melhor na fase adulta
Escola e família são instituições fundamentais para o aprendizado na infância sobre importância do controle financeiro
Por Leilane Suzarte*
A escola e a família são instituições primordiais para o aprendizado das crianças sobre educação financeira. Quanto mais cedo elas entenderem como se administrar o dinheiro, mais hábeis se tornarão na fase adulta.
A pesquisa “Finanças Infantis”, realizada pela Serasa em parceria com a empresa de pesquisa de mercado online Opinion Box, com 1,2 mil pais e mães de todo o Brasil, mostrou que 85% deles ensinam aos filhos a importância em se ter uma vida financeira saudável.
Por outro lado, 67% desses mesmos pais e mães em algum momento tiveram o nome negativado, e 66% atrasaram o pagamento de contas de consumo.
A amostra evidencia uma situação em que muitas famílias enfrentam dificuldades com as finanças pessoais. Coordenador da Serasa, Thiago Ramos destaca que o contexto de inflação e juros altos, acentuada pela guerra na Ucrânia, levou ao crescimento no número de trabalhadores informais, afetando sobremaneira a renda média do brasileiro.
“Essa junção de fatores certamente dificulta as pessoas a manter todas as contas em dia”, frisa Ramos.
Ele afirma, contudo, que os pais não devem ficar com receio de ensinar sobre finanças aos filhos, mesmo que estejam atravessando problemas financeiros.
“Isso não deve impedir uma conversa sobre dinheiro, porque você está trabalhando, na verdade, para a geração futura ser melhor do que a sua, e isso é o mais importante”, afirma.
Mesada
No mesmo levantamento da Serasa, por exemplo, pais e mães se dividem sobre dar (51%) ou não (49%) mesada. De acordo com a economista e professora de finanças na Unijorge, Débora Guimarães, a mesada é uma boa opção para que as crianças saibam como administrar o dinheiro, e apenas pondera na questão da faixa etária. “Essa consciência de não gastar ou começar a gastar aos poucos deve ser a partir dos 6, 7 anos de idade. Até 4 anos, o que a gente pode fazer é montar um cofre para a criança juntar o dinheiro e, assim, comprar um presente que ela queira”, explica Débora.
O analista de sistemas Reinaldo Santos conta que um dia, com a família em uma loja de brinquedos, a criança decidiu comprar com o próprio dinheiro um carrinho que custava, na época, R$ 5. “Ele pediu para voltarmos para casa para pegar o dinheiro dele, muitas moedas que estavam no cofre, separou o valor do brinquedo e retornamos para comprar o brinquedo, com o dinheiro economizado. Ele ficou super orgulhoso por esta façanha, e comemoramos até hoje”, diz.
Desde 2020, foi inserida na Base Nacional Comum Curricular (BNCC) a disciplina de educação financeira, como tema transversal que necessita ser abordado nas instituições de ensino.
Para o mestre em matemática com ênfase em educação financeira, professor no Colégio Antônio Vieira, Caio Bastos, “a BNCC trouxe a temática da educação financeira para o currículo formal no segmento da educação básica, e isso é um ponto positivo que precisa ser reconhecido. Por outro lado, as competências relativas a esse tema transversal ainda estão muito focadas na perspectiva individual dos processos de investimento para projetos pessoais”.
“A partir dessa perspectiva, a escola pode se constituir como um território de abertura para dinâmicas econômicas e financeiras mais colaborativas e socialmente responsáveis, com um desenvolvimento sustentável e humanista, em que o consumo seja ação protagonista e consciente”, destaca Bastos.
O aprendizado do tema pelos estudantes tem a capacidade de impactar a vida da família e, consequentemente, da comunidade, fala o professor. E o uso de métodos criativos de ensino pode ajudar a criança a aprender com mais facilidade, ele diz. “É possível encontrar na internet sites e simuladores que abordam de forma lúdica situações que tratam de educação financeira”.
A professor Débora. “Monopoly, Banco Imobiliário e Jogo da Mesada são jogos que ajudam a criança entender como se compra e vende com dinheiro, como passar troco. E tem outros que até usam cartão de débito e de crédito”, fala ela.
*Sob a supervisão do jornalista Fábio Bittencourt
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