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Cristiana Arcangeli: “É necessário ter persistência sempre”

Por Gabriela Albach l A TARDE SP

10/09/2017 - 12:59 h
Cristiana Arcangeli, empresária
Cristiana Arcangeli, empresária -

Cristiana Arcangeli foi eleita a Mulher Mais Influente do País pela Forbes em 2004. Hoje é uma das empresárias que mais contribuíram para o desenvolvimento do mercado de beleza e bem-estar no Brasil. Nesta entrevista, ela fala sobre empreendedorismo, ética e redes sociais.

Como foi a mudança da odontologia para a área de produtos de beleza e eventos de moda?

Na época eu ainda não era uma investidora, eu criei a marca. Saí de odontologia para virar uma criadora de marca e inovação, e eu fui criando essas marcas, todas bastante inovadoras, e nasceu uma atrás da outra. Aconteceu meio sem querer. Não foi uma coisa muito pensada. Eu queria fazer uma linha de cabelos porque na época eu sentia falta como consumidora, e foi assim que eu comecei. A partir daí, fui vendendo as empresas e abri os outros negócios.

Qual é a lição mais valiosa que a senhora aprendeu em 20 anos de carreira?

Tem que perseverar. Normalmente as pessoas desistem um pouco fácil demais das coisas. A lição mais valiosa é que é necessário ter persistência sempre, principalmente no Brasil, onde o mercado é difícil.

Em 2010, a senhora lançou a Beauty’in, empresa de produtos alimentícios à base de proteínas e colágeno. Qual foi o seu maior desafio?

O grande desafio foi aplicar um novo conceito. Era uma nova categoria, completamente inovadora. A ingestão de colágeno era completamente desconhecida na época e fomos nós que trouxemos para o mercado brasileiro.

Hoje a senhora acha que o mercado de produtos à base de colágeno já é bem aceito no país?

Com certeza. Os brasileiros conhecem, e já tem outras marcas fazendo produtos do gênero. Hoje esse mercado é uma realidade. Nós fomos a primeira empresa a fazer o teste para comprovar a eficácia do colágeno hidrógeno. Já existe até uma comprovação científica do Instituto de Dermatologia Americano comprovando essa eficácia.

Qual é a principal mudança que a senhora enxerga no mercado de beleza e bem-estar, desde quando a senhora começou na área?

Antigamente tudo era químico. Quando comecei, a Phytoervas era a primeira marca natural do mercado. Foi o primeiro xampu sem sal, por exemplo, e a primeira empresa que usou ingredientes reativos naturais e depois orgânicos, vindos da homeopatia – que foi o conceito da Phytoervas. Eu trouxe esse conceito dos produtos naturais e a inovação de criar essa preocupação com a saúde, com o bem-estar e com o meio ambiente ao mesmo tempo. Esse mercado cresce a cada ano. Eu comecei a fazer ginástica com personal trainer em 1995, e agora quantas pessoas não fazem? Hoje falam sobre o assunto, como ninguém falava naquela época. Cada dia mais as pessoas têm consciência sobre saúde, sobre o que elas comem, e sobre exercícios físicos. A gente é o que a gente come e o que a gente faz com nosso corpo. O envelhecimento também mudou completamente o mercado de beleza. Há 30 anos, uma mulher ter 40 anos era uma coisa e hoje em dia é outra.

Uma pesquisa revelou que somente 7% das CEOs são mulheres. Qual é o principal desafio de uma mulher à frente de uma marca?

É sempre desafiador e um pouco mais difícil sendo mulher, mas dá para conseguir.

A senhora participou do livro Como Fazer Uma Empresa Dar Certo num País Incerto...

Há muitos anos eu faço parte da Endeavor (maior organização de apoio a empreendedorismo e empreendedores de alto impacto), e ela fez esse livro. Você pode notar que lá só tem homens, e eu sou a única mulher que participou do livro. Depois desse livro eu já fiz mais dois, um de beleza para a mulher, outro de beleza para homens, e agora estou escrevendo meu quarto livro, que será lançado em novembro.

Como uma empresária de sucesso atuante nas redes sociais, as pessoas costumam te procurar pedindo dicas de empreendedorismo?

As pessoas me procuram muito como mentora. Normalmente essa interação se dá pelas redes sociais. Eu conheço muita gente, aprendo com eles, eles aprendem comigo. É uma troca bastante rica. O bacana é que as redes sociais te colocam em contato com as pessoas de maneira muito mais rápida e mais efetiva. É uma via de duas mãos. Eu dou sugestões, eles também e vamos crescendo juntos.

Qual é o seu conselho para quem quer empreender no Brasil? Como a senhora enxerga este cenário?

É um momento muito desafiador. O mercado está bastante recessivo em quase todos os segmentos, então precisa ser uma empresa que venha regada de muita inovação, com um custo fixo bastante controlado e preço de venda, ou preço de mercado, bem reduzido, já que os investimentos estão difíceis. No futuro as coisas devem melhorar, o Brasil realmente precisava passar por essa faxina que estamos passando. Dessa forma, teremos um país mais honesto não só com políticos, mas também com empresários mais éticos daqui pra frente. A limpeza precisava ser feita e acaba sendo um pouco sofrida para o mercado, mas vamos em frente.

Como é participar do programa Shark Tank Brasil?

Esse programa é bárbaro porque ele incentiva novos empreendedores e as startups brasileiras. Ele mostra que elas podem dar certo, que dão certo e que existem caminhos a seguir. Quem quer empreender tem a chance de observar quais são os desafios e o que precisa ser feito. É o momento de falar de empreendedorismo porque o país está em recessão e, com o desemprego, muitas pessoas estão migrando para o caminho de abrir o próprio negócio. E isso é muito oportuno para o Shark Tank, não só trazendo investidores para ajudar os empreendedores como também incentivando as pessoas a criarem suas empresas.

No programa a senhora é conhecida por ser um dos tubarões que mais intimidam os participantes. Considera-se brava?

Eu não sou brava e sim bastante objetiva. É preciso ter objetividade no mundo dos negócios. Se você não tiver os números certos, o controle do seu negócio e não souber o que está fazendo, você está perdendo dinheiro. A mortalidade precoce das empresas no Brasil é altíssima: 50% dos negócios que começam quebram antes dos quatro anos. Não dá para brincar em um país como esse. Nós precisamos, realmente, fazer as coisas com seriedade. “Onde estão os números?”. Eu fico perguntando mesmo. “Aonde você quer chegar? Quanto você quer vender?”. Nós temos a responsabilidade de investir, mas eles têm a responsabilidade de fazer o negócio acontecer, porque a empresa é deles. Nós estamos ali para apoiar, orientar e dar incentivo, mas não para fazer por eles. Às vezes aparece alguém com um sonho, mas não sabe muito bem do que está falando. E se a pessoa não está preparada, ela precisa voltar para casa e se preparar melhor. A edição também interfere para essa visão das pessoas. Nós ficamos uma hora conversando com os participantes e só vão ao ar sete minutos. A hora que você edita fica muito mais curto e grosso do que é na verdade. Se eu falo “gostaria que fosse assim, porque essa sua visão não dá certo”, e só corta para “sua visão não dá certo”, parece que eu estou sendo mais agressiva do que eu realmente fui. Dependendo de onde há o corte da edição, a fala pode ficar com uma entonação completamente diferente. Então precisamos tomar cuidado com o que vemos e com o que realmente acontece.

A senhora está na televisão já há alguns anos e teve um programa que ajudava comunidades carentes construindo creches, bibliotecas, escolas, entre outras formas. Como foi essa experiência?

Foi muito bacana. Tem nove milhões de crianças sem creche no Brasil, e nós colocamos quase duas mil crianças de volta na creche. É uma coisa que precisaria ter continuado, na verdade. O Brasil precisaria que esse programa continuasse. Tem muita necessidade de construção e reforma de escolas para absorver todas essas crianças. E só assim os pais podem sair para trabalhar, porque se a criança não vai para a creche, a mãe vai trabalhar de que forma? Os casamentos hoje você sabe como é que são: não duram nada, as mulheres acabam ficando com as crianças em casa e com uma pensão muito pequena. Se ela não pode trabalhar, como ela faz para sobreviver e sustentar os filhos? No final, a responsabilidade dos filhos fica com a mulher. Então precisamos poder trabalhar, e para isso é necessário ter creches para a população. Eu construí creches em algumas cidades onde não tinha nenhuma.

A senhora defende os produtos naturais e viver de uma maneira mais equilibrada. Quais são os seus cuidados com a saúde?

Eu treino muito todos os dias. É uma coisa que eu não abro mão e tento, mesmo com a minha rotina maluca, que nada fique acima do horário do treino. Além disso, eu me alimento bem. Sempre me alimentei corretamente porque 30% é treino e 70% é alimentação. Não adianta você comer de maneira errada e depois andar de São Paulo até o Rio de Janeiro. Não compensa.

Quais são os projetos futuros?

Eu criei uma empresa para absorver todas as entrevistas feitas no Shark Tank e estou criando um negócio de inovação e consultoria para outras empresas e pessoas que têm me procurado. Esse é meu foco e o próximo passo para 2018.

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