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26/02/2024 às 6:00 • Atualizada em 26/02/2024 às 11:16 - há XX semanas | Autor: Divo Araújo

ENTREVISTA – ALESSANDRO CUNHA

‘O parque será a terceira onda de desenvolvimento do Litoral Norte’

CEO do Grupo Aviva, responsável pelo Costa do Sauípe, fala sobre construção de parque temático e turismo

Alessandro Cunha. CEO do Grupo Aviva
Alessandro Cunha. CEO do Grupo Aviva -

Nos próximos 5 anos, o Grupo Aviva, que administra o complexo hoteleiro do Costa do Sauípe e o Rio Quente Resorts, em Goiás, pretende investir cerca de R$ 1,2 bilhão nos dois empreendimentos. Parte desses recursos será aplicada na construção do Hot Park Baía das Tartarugas, que vai promover uma nova onda de desenvolvimento do Litoral Norte baiano, segundo a projeção do CEO do grupo, Alessandro Cunha.

“A gente aposta muito nesse projeto como um grande diferencial competitivo para região. Ele será importante para Sauípe, mas também para todo Litoral Norte”, explica ele, nesta entrevista exclusiva ao A TARDE. Segundo o CEO, o parque temático que traz como grande estrela a tartaruga marinha, será o maior diferencial do destino. Na entrevista, Cunha fala também sobre turismo doméstico e internacional, preço de passagens aéreas, dentre outros assuntos.

Começo esta entrevista pelo factual que foi o anúncio das obras no Hotel Premium Sol, em Costa do Sauípe. Além da requalificação, qual o objetivo desta obra e os números envolvidos?

Ele vai passar por um retrofit. A gente chama de retrofit, quando se preserva a arquitetura do hotel, mas ele passa por uma transformação muito profunda. O Hotel Premium Sol tem 20 anos e a gente precisa atualizá-lo para se manter competitivo. Nós fizemos isso no Grand Premium Brisa, em 2019 , e agora estamos dando sequência. Nosso plano é de renovação de 100% do ativo Sauípe. Dos hotéis começamos com o Brisa e agora passamos para o Sol, que tem uma área de convenções bem importante e que será totalmente atualizada. O restaurante será ampliado e terá capacidade para atender mais clientes, com possibilidade de incorporar uma gastronomia mais sofisticada. O hotel foi pensado inicialmente para um modelo que não era all inclusive. Com o regime all inclusive, a gente fez algumas adequações na parte gastronômica. Temos um restaurante interno e temos um restaurante que atende a piscina e também será totalmente reformulado. Os quartos passam a entregar também um conceito novo. E vamos ter uma ala do hotel que será tematizada. Vai ser uma temática infantil e nós estamos trabalhando nesse momento neste processo. A gente quer ter uma nova categoria até para entender um pouco da experiência de famílias que buscam hotéis temáticos, apartamentos temáticos. Toda área comum passará por renovação, as piscinas, por exemplo. Em torno de R$ 77 milhões serão investidos nesse retrofit. Iniciamos agora e a nossa projeção de conclusão das obras é em dezembro, quando ele já abre para temporada de Verão de 2025, totalmente reposicionado.

Para o segundo semestre, o grupo iniciará a construção do Hot Park Baía das Tartarugas, que é todo calcado na experiência de desova das tartarugas marinhas. Porque investir neste modelo?

Nós acreditamos muito nesse modelo que chamamos de modelo misto. Existe esse case no Rio Quente Resorts. Temos a hospitalidade dos nossos hotéis, temos o parque que caracteriza muito nosso empreendimento e move o cliente para o destino. Temos o Parque das Fontes lá. E temos nosso programa de férias, o programa de fidelização do cliente, que compra pontos para utilizar por determinado período de tempo. Ele pode voltar para o nosso destino, mas também tem acesso a vários destinos pelo mundo. São quatro mil resorts associados que ele pode utilizar com esse programa. Nós temos o parque como gerador de demanda, hospedagem como complemento dessa experiência e o programa de fidelização fazendo com que o cliente retorne ao destino. Estamos pensando em Sauípe neste modelo também. Hoje, nós temos a vertical hotelaria muito consolidada em Sauípe. Começamos o programa de fidelidade já desde que nós assumimos em 2018. Mas falta o parque como diferencial do produto, que leva o cliente até ele. Hoje, dentro da cesta competitiva, a gente tem um bom quarto, boa gastronomia, uma praia bacana, mas outros players da região têm os mesmos atributos. O parque será o diferencial do destino. A gente acredita que o parque vai ser a terceira onda de desenvolvimento do Litoral Norte da Bahia. Só pra explicar esse conceito de terceira onda, em 1970, com Klaus Peter em Praia do Forte, foi o primeiro desenvolvimento do Litoral Norte. Os anos 2000 a gente considera a segunda onda de desenvolvimento do Litoral Norte com Sauípe, o maior resort do Brasil até hoje, 20 anos depois. O projeto foi muito audacioso e, a partir de Sauípe, tivemos demais players que se desenvolveram na região. Agora a gente considera o parque essa terceira onda de desenvolvimento. Vai ser importante para Sauípe, mas vai ser importante também para todo Litoral Norte. A gente aposta muito nesse projeto como um grande diferencial competitivo para região.

O parque vai ter todo um story telling em cima das desovas das tartarugas marinhas?

A praia em Sauípe é o segundo maior ponto de desova de tartarugas marinhas do Brasil. Estamos com o projeto Tamar ali junto com a gente. Temos aqui um grande uma grande oportunidade de unir que as pessoas possam se divertir e gerar conhecimento. A gente faz isso em Goiás, mas hoje é no hot park em alguns equipamentos. Nós fizemos investimento em 2023 que também traz entretenimento, que é temático, mas é só em alguns equipamentos. Mas a gente viu que foi muito acertado. Lá fora se usa muito. A gente fala de Orlando, que referência em parques temático. Em Rio Quente, a gente viu o quanto isso pode agregar de valor para o cliente. E o parque de Sauípe já nasce totalmente temático. Não só um equipamento, mas o parque inteiro traz no seu story telling a tartagura marinha, que para gente é a Marina. Ela já existe dentro da composição da Turminha da Zoeira, que são os personagens do nosso programa de educação ambiental. A ideia do story telling é contar um pouco da jornada dela, da desova da tartaruga, o desafio de voltar para o oceano. Ela viaja no oceano, faz amizade, enfrenta os predadores, a poluição. Alguns equipamentos vão trazer essa temática de canudo, rede, os desafios que ela tem que superar para sobreviver. Em outros locais vão ser equipamentos muito voltados para a proteção da natureza. A ideia passa pela viagem dela pelo oceano e sua volta depois para Salvador. Vamos ter no parque características das redes de pescadores, Farol da Barra. Retrata um pouco da cultura baiana. E ela volta na maior festa do Brasil, que acontece em Salvador, que é o Carnaval. No Parque, a gente vai ter o que chamamos de paradas que vai retratar todo fechamento do parque com uma parada de Carnaval. Essa ideia que está permeando toda arquitetura e todos os equipamentos que estarão contidos neste enredo.

O grupo Aviva superou, em 2023, a marca de R$ 1 bilhão de faturamento com o Costa do Sauípe e Rio Quente Resorts. Como foi o movimento no início deste ano e quais são as perspectivas para 2024?

Sim, conseguimos superar, em 2023, a barreira de R$ 1 bilhão de faturamento. Isso foi muito marcante para gente. Em 2024, também teremos um crescimento significativo. Estamos falando de um crescimento de quase 10% em relação ao ano anterior. Essa é nossa projeção, nosso orçamento prevê esse crescimento. Teremos o desafio este ano de ter uma oferta menor em Sauípe, porque um hotel estará fechado. E o outro desafio este ano, se comparado a 2023, é que a gente terá menos feriados. E os feriados impactam bastante no nosso negócio. Estamos falando de seis feriados que descolaram. Quando ele sai da segunda, quinta ou sexta e passa para outros dias, ou para o final de semana, para gente é como se fosse um dia normal. Em função desses fatores sazonais a gente vai crescer mais ou menos na casa dos 10%. Mas, considerando que o PIB deve crescer em torno de 2%, um crescimento real de 8%, é bem significativo e muito pautado numa estratégia de posicionamento de novas praças que a gente quer abrir. O parque que está indo muito bem. E nosso clube férias que também está indo muito bem. Batemos recorde de vendas no ano anterior. Este ano a gente tem o desafio de lançar produtos cada vez mais adequados as expectativas dos clientes. Janeiro foi muito bom para gente. Surpreendeu realmente em relação ao que a gente havia projetado. Tivemos um resultado bem superior ao que a gente imaginava. Agora, no início de 2024, tivemos o melhor Verão de Sauípe, em termos de resultado. Janeiro foi o melhor mês histórico para Sauípe. Foi recorde para gente. Estamos bem animados.

Os preços do turismo no Brasil seguem bem altos. Chegamos ao patamar mais elevado?

Com a pandemia e com a reabertura depois, a gente teve uma demanda reprimida muito grande. O setor inteiro surfou um pouco nela. As barreiras estavam fechadas, ninguém podia ir para fora. Isso nos possibilitou aumentar preço. Tivemos também neste período um reajuste significativo nos preços dos alimentos. Essa dificuldade de insumos foi outro fator. Mas o setor como um todo aproveitou esse momento e reposicionou preços. Nós recebemos um público novo, que era o cliente que viajava para fora. Durante a pandemia, pelas restrições, eles viram que o Brasil tem bons produtos e que não precisam viajar para fora. Os players que, nesse período, conseguiram mostrar qualidade, absorveram parte dessa demanda. Mas vejo que isso já se estabilizou. Para ter incremento de preços, a partir de agora, o produto tem que ser reformulado e agregar valor para o cliente. Tem que mudar a proposta dele, ou reposicionando o hotel, ou fazendo uma grande mudança física para que ele tenha alguma coisa diferente para oferecer. O cliente está mais racional. Depois da pandemia, a gente chamou o fenômeno da “viagem da vingança”. Em função da restrição, as pessoas não fizeram muito conta. “Me libertei, agora vou viajar”. Foi a viagem sem olhar pelo racional. Mas o racional já está na mesa desde o segundo semestre de 2023 e cada vez mais vai fazer mais diferença.

Dentro desse pacote de custos, tem o preço das passagens aéreas que também está lá no alto. Você vê espaço para redução? Até que ponto isso pode ser uma barreira para o crescimento do turismo nacional?

Hoje é realmente uma barreira. Uma passagem São Paulo-Salvador hoje está em torno de R$ 1,5 mil uma perna. É um valor significativo para uma família que está saindo de férias. Três ou quatro pessoas, fica um investimento muito alto. Mas não vejo espaço, até o momento, para redução. A gente vem acompanhando as companhias aéreas e elas estão muito pressionadas. Provavelmente, esses preços devem seguir nesse patamar. O que a gente começa a ver é muito mais uso de pontuação do cartão de crédito, o programa de fidelidade. A antecedência também faz muito sentido. Dá para antecipar e ter alguns descontos. Mas os preços devem continuar neste patamar.

Muita gente começou a viajar mais de carro?

No Rio Quente a gente vê isso muito. Porque o Rio Quente tem uma facilidade um pouco melhor de acesso para esse grande público que está no Sudeste. Pela localização, o Rio Quente está a 700 quilômetros de distância do Sudeste. O interior de São Paulo está mais próximo ainda. As vias são duplicadas, o acesso é fácil, é uma viagem em torno de sete horas. A gente viu, durante a pandemia, e continua até hoje, um grande volume de clientes indo até lá de carro. Sauípe já não tem isso. Não só Sauípe, mas todo litoral do Nordeste. É uma dificuldade o cliente sair de carro do Sudeste. São dois dias de viagem de carro. Fica quase que inviável. Mas a gente viu também um turismo regional, de uma área de 500 quilômetros, aumentar. Atender o regional é muito importante, mas todo produto hoje no Brasil depende muito do Sudeste. Não é só Sauípe, Rio Quente, o Brasil inteiro depende do Sudeste. Não é uma dificuldade só nossa. Hoje, o preço das passagens é uma questão nacional.

Com esses custos altos e a queda das barreiras da pandemia, o turismo nacional passa a ter uma concorrência maior das viagens internacionais. Como fazer frente a isso?

Isso afeta bastante. Hoje tem passagens para Miami que custam R$ 1,5 mil. Uma viagem para o Nordeste está o mesmo preço. Mas tem outros pontos. Tem que ter visto americano no caso de Miami, por exemplo. Outras barreiras, como a questão da língua, que também influenciam. Mas, sim, a gente tem uma correlação. A queda do dólar faz com que a demanda internacional aumente. Com certeza, a gente perde parte dessa demanda para o exterior. Observamos isso já no segundo semestre de 2023 e provavelmente essa tendência se manterá. Se o dólar continuar a R$4,90, como está hoje, ou cair mais, provavelmente vamos continuar tendo esse crescimento das viagens internacionais. O que a gente precisa fazer, de novo, é cada vez mostrar para o cliente nosso diferencial. Por isso é tão importante essa renovação que estamos fazendo em Sauípe. A gente está chamando esse movimento agora de a “nova Sauípe”. Queremos mostrar para o brasileiro, que tem um carinho muito grande por Sauípe. Ele é muito lembrado nas pesquisas de marca. Já há essa grande lembrança e, com essas novidades, a gente acredita muito nesse aumento de demanda e em poder concorrer com os produtos internacionais.

Vocês vêm investindo mais em produtos, como o clube de fidelização, para fazer frente a essa concorrência. Até que ponto esses produtos influenciam no faturamento do grupo?

É bem significativo. Nós introduzimos o programa de férias, esse modelo de timeshare no Brasil, em 2008. Temos uma expertise bem grande em relação a como fazer. Hoje, próximo de 50% das nossas vendas já são dos programas de férias. Quando você pega o share de utilização do Rio Quente, 50% é do cliente que a gente chama de convencional e 50% já é cliente fidelizado. Em Sauípe o share ainda é novo, mas a gente está crescendo bastante. Dos 100% de utilização do complexo, 17% são clientes do clube. É um pilar muito estratégico. O custo de manter o cliente na base é mais barato do que sempre se mover em função do cliente novo. E esse cliente que está na base, ele conhece, acredita, evolui. Alguns clientes começam nos produtos iniciais, num período de tempo menor, e vai evoluindo na pirâmide de produtos. Nós vendemos mais de R$ 150 milhões em 2023 para a própria base. Muitos clientes compraram um produto novo, porque o antigo estava finalizando, e ele fez um upgrade de produtos. É um grande diferencial competitivo nosso. E o cliente tem a possibilidade de intercambiar. Ele não precisa ficar preso somente a um destino. Ele pode usar Rio Quente, sem custo de troca de intercâmbio. Se quiser ir para outro destino, México ou Orlando, por exemplo, pega uma semana dele deposita na “intercambiadora’ e passa a ter acesso a esses produtos também. Pelo monitoramento que a gente faz, nosso cliente faz mais ou menos duas viagens por ano. Um para nosso produto nacional e outro para alguma viagem internacional.

Quando o complexo de Costa do Sauípe foi criado, havia um boom de turistas sul-americanos, sobretudo argentinos no Brasil. Hoje, esse cliente estrangeiro ainda é um percentual significativo da clientela?

Pré-pandemia a gente tinha um share até expressivo de clientes em Sauípe. Mas hoje é muito pequeno em função do destino não ter voos diretos. A gente depende de o cliente fazer conexões. Lá no Rio Quente também não tem frequência de voos comerciais todos os dias. Em Rio Quente representava, já na pré-pandemia, 1% ou 2% de clientes estrangeiros. É muito baixo. Comparado, Sauípe no período de pré-pandemia tinha um volume significativo. Em torno de 20% dos clientes eram estrangeiros e boa parte deles sul-americanos, muito concentrado de argentinos. Na pandemia tivemos o fechamento de fronteiras e isso foi a zero. A gente voltou agora, mas está bem aquém do movimento que tínhamos no período pré-pandemia. A gente acredita que o produto para o sul-americano é muito bom. E a gente acredita muito nesse público para o futuro. Agora, pensar mais do que isso... O americano, por exemplo, vir para o Brasil e ir para Sauípe... Um europeu, a distância é muito longa. O americano não tem esse hábito de fazer viagens tão longas. E tem o México muito próximo, com excelentes produtos, e muito mais competitivo. A gente acredita que o cliente americano não é a saída. Talvez o europeu mais um pouco. Mas o grande foco é o cliente sul-americano que a gente espera, ao longo da recuperação da Argentina, voltar a ter um pouco mais desse share como a gente já teve no passado.

Nos próximos 5 anos, grupo vai investir R$ 1,2 bilhão nos dois complexos hoteleiros. Qual é a estimava de geração de emprego direto aqui na Bahia neste período?

Quando estabelecer o plano todo, ele deve gerar mais de mil empregos diretos nesses próximos 5 anos.. A gente acredita no aumento de demanda gerado pelo produto. Tem outras renovações e depois tem o parque, que vai gerar um aumento bastante significativo da força de trabalho ali. Vão desde operação de estacionamento, bilheterias, pontos de vendas, operações de limpeza e salva-vidas. Só o parque vai gera mais ou menos 500, 600 postos diretos, além dos indiretos. E tem o produto de multipropriedade, um pouquinho mais para frente, que também vai gerar um número significativo de colaboradores. Mas, no geral, serão cerca de mil empregos diretos.

Tanto o Costa do Sauípe como o Rio Quente, a experiência é toda muito calcada na relação com a natureza. Como o grupo lida com a sustentabilidade e o turismo consciente?

O turismo de lazer tem a natureza como um dos principais atributos. Em Rio Quente estamos no meio no lago de um parque estadual, com uma fonte de água termal. Para gente, aquilo é nosso grande diferencial do destino. Sauípe da mesma forma. O resort mais próximo da orla, que a gente chama de pé na areia, fora a natureza exuberante que tem ali. Sem falar de novo que a praia é o segundo maior local de desova de tartarugas marinhas do Brasil. São realmente atributos muito importantes. A gente não faz nada sem avaliar qual é o impacto que qualquer mudança na edificação ou ampliação vai ter. O parque, levamos três anos só para o processo de estudo do impacto ambiental, quais seriam as compensações necessárias. A gente fez isso junto com o poder público, realmente de forma consciente. Escolhemos uma área para o parque que teria menos impacto. Uma área com grande parte antropizada já, o que facilitou muito o processo. Nós temos uma área de sustentabilidade há mais de 20 anos. Começamos lá em Rio Quente. Começou muito voltada para a área ambiental. Depois, a gente foi entendendo que é mais do que ambiental e deveria absorver também o social e governança. E assim ela passou a ser uma área de sustentabilidade a partir de 2019. A partir daí, nós fizemos um mapeamento que a gente chama de matriz de materialidade. Que é questionar quais são os temas dos materiais importantes para cada um dos nossos destinos. Fizemos esse levantamento junto com uma consultoria para fazer o entendimento. Ela fez pesquisa com a comunidade para entender o que era importante para ela. Olhou todos os stakeholders, acionistas, colaboradores. Entendendo isso, sugeriu essa matriz em que estamos a cada ano trabalhando três temas materiais. Recursos hídricos foi o primeiro. Estabelecemos medições com uso de indicadores, metas de reuso de água, de redução de consumo. A gente está fazendo isso também com resíduos sólidos. Temos uma compostagem para tratamento dos resíduos orgânicos. O turismo, em si, gera uma quantidade de plástico, de material descartável de uso único muito grande. A gente está trabalhando pra reduzir esse uso, mas hoje a gente já tem, com as cooperativas de reciclagem, 90% dos nossos resíduos de uso único, como plásticos, papelão, vidro, são já reciclados. Já demos um grande passo em relação a isso, mas tem ainda muito a ser feito. Para comunidade, a gente quer fazer como já acontece em Rio Quente, trazer as crianças para o parque, proporcionar educação ambiental. Já fazemos isso hoje em Rio Quente e planejamos fazer isso também em Sauípe. Tem o Dia Nacional da Pessoa com Deficiência, quando as pessoas entram sem custo. Que o parque seja adequado para atender pessoas com o espectro autista. Tem muitas coisas que já estão no planejamento para serem feitas, sempre junto com a comunidade. Agora, no retrofit do Sol, a gente quer escolher fornecedores da região.

Para concluir, o que você considera como os grandes desafios para o grupo Aviva seguir nessa jornada de crescimento?

O nosso grande desafio que sempre comento com o time aqui é que temos uma oportunidade muito grande. A Aviva, neste momento, está muito preparada financeiramente. Melhoramos muito a nossa eficiência operacional durante a pandemia. Tivemos que reaprender os nossos processos. Temos um bom sistema de gestão implementado. E a gente tem um apoio muito grande do nosso conselho de administração para esse tipo de investimento. O grupo acredita muito e vai investir R$ 1,2 bi nos próximos anos. Agora, nós temos uma cesta muito grande de projetos. Então, o grande desafio, que comento muito com o time, é conciliar entrega do hoje com a entrega do amanhã. É ajustar o nosso sistema de gestão para que a gente consiga entregar para o nosso cliente a nossa proposta de valor, mas sem deixar de pensar no futuro. É pensar como você tem uma organização ambidestra, que faz muito bem o hoje, mas tem também a cabeça no futuro. É maior desafio que a gente vai ter porque o volume de projetos é muito grande. Para você ter uma ideia, neste momento, estou com um projeto de R$ 200 milhões em Rio Quente de um condomínio de casas acontecendo. Os projetos não começam e terminam no ano. São projetos longos, três anos de obra. É cuidar de todos esses projetos e cuidar muito bem do cliente, porque ele que vai pagar toda essa conta. E tudo isso é pensado para ele.

Raio-X

O CEO do Aviva, Alessandro Cunha está no grupo desde 2002. Ele exerceu diversos cargos, se destacando à frente das áreas de Estratégia e Inovação, quando liderou grandes projetos e decisões importantes, como a aquisição e integração da Costa do Sauípe em 2018. Em sua formação acadêmica, tem MBA com especialização em gestão de negócios pela Fundação José Cabral e MBA em Controladoria, Finanças e Auditoria, pela Ulbra Canoas.

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