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ECONOMIA

Produtos e serviços mais consumidos no verão estão 17% mais caros

Levantamento da XP Investimentos revela que entre os vilões estão passagens aéreas, hospedagem e até o sorvete

Por Mariana Bamberg

30/01/2023 - 6:00 h
Landulfo destaca o impacto da pandemia
Landulfo destaca o impacto da pandemia -

Viajar, tomar um sorvete, ou cerveja gelada, cuidar da pele. Tudo isso faz tradicionalmente parte da forma que o baiano curte o verão. Mas aproveitar a estação ficou mais caro. Pelo menos é o que aponta um levantamento realizado pela XP Investimentos, que revelou que os preços de produtos e serviços mais consumidos neste período sofreram com uma alta de 16,6% no acumulado de 2022 em comparação com o ano anterior.

Entre os vilões estão passagens aéreas (23,5%), sorvete (20,1%), hospedagem (18,2%), pacote turístico (17,2%), produtos para pele (17%) e refrigerante (12,4%). Os percentuais foram mais altos que o próprio Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que fechou o ano de 2022 em 5,8%, e que o reajuste do salário mínimo (7,4%) em 2023.

Economista e conselheiro do Corecon-Ba (Conselho Regional de Economia da Bahia), Edval Landulfo explica que, na prática, isso significa que o consumidor perdeu poder de compra com relação a esses produtos, que aumentaram acima da inflação oficial. Os motivos, segundo ele, são específicos para cada segmento.

No caso da passagem aérea, por exemplo, parte da culpa é do querosene de aviação, que chegou a acumular uma alta de 58,8% em novembro de 2022, segundo levantamento da Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear).

“O ano de 2022 foi muito complicado para este segmento, tanto que tivemos muitas greves de profissionais do setor. A querosene corresponde a cerca de 40% dos custos totais das companhias aéreas. Esse aumento claro que vai refletir nas passagens e quem vai sofrer somos nós”, explica o economista.

Landulfo lembra ainda que o setor, junto com hospedagem, também foi bastante atingido pela pandemia de Covid-19, com redução de viagens. “Eram setores que estavam ávidos pelo retorno à normalidade, e claro que isso iria afetar também. Já a questão do sorvete está muito relacionada ao leite, que teve um aumento considerável no último ano”, esclarece.

Para quem quer se refrescar no verão, a notícia boa é que os menores acumulados da lista foram na emulsão de açaí (3,4%), no ventilador (4,6%) e no ar-condicionado (8,6%). Sobre os próximos meses, no entanto, o economista afirma que é difícil prever uma melhora e prega cautela ao consumidor. É como tem se comportado a culinarista Rita Caldas. Ela é enfática: tudo aumentou de preço e sua expectativa é que os valores nas prateleiras das lojas e supermercados cresçam ainda mais.

Água mineral

Além da lista da XP Investimentos, que inclui ainda água mineral (12,4%) e cerveja (9,4%), a Rita cita a alta nos preços de itens, como biquíni e acessórios para praias, ingressos para shows, algumas frutas e verduras, e até o famoso acarajé. “Eu comprei um biquíni no verão passado por R$ 120, neste ano fui olhar de novo e estava R$ 320. A passagem aérea que eu comprava para visitar minha filha por R$ 700 agora está por R$ 1,2 mil. Tudo aumentou de preço e isso é uma cadeia. A baiana, por exemplo, teve que aumentar o valor do acarajé de R$ 11 para R$ 12, porque tudo para ela aumentou também”, conta.

Além do aumento da inflação, Rita relata ter percebido reajustes maiores em itens específicos de praia e relaciona isso à sazonalidade. O economista Edval Landulfo, por sua vez, lembra que, em alguns produtos, como sorvete e água de coco, por exemplo, já é tradicional o aumento do preço neste período, tanto para comerciantes quanto para intermediários. E isso acaba sendo repassado para o consumidor.

A expectativa de Rita também não é das mais otimistas. Ela acredita que em alguns itens os preços podem até dar uma melhorada, mas outros devem ter altas, tornando a balança sempre negativa para o consumidor. A saída para a culinarista é economizar, substituindo por outro produto ou deixando para consumir na estação seguinte.

Esta é justamente a orientação do educador financeiro Lucas Spínola. De acordo com ele, o ideal é sempre planejar a compra e procurar nos períodos de baixa estação, quando espera-se que tenham melhores ofertas e condições. Outra dica do especialista é estabelecer um nível de prioridades entre os gastos a serem feitos e buscar fazer aqueles que são essenciais.

O economista lembra ainda que, no verão, mais especificamente no início do ano, existem gastos adicionais, como IPTU, matrículas e material escolar, que devem ser encaixados na renda familiar neste período. O maior cuidado na hora da decisão de compra deve ser, segundo Spinola, nos custos de lazer, que sairão mais caro.

“O verão na Bahia é um momento de muitos atrativos, mas somos um povo que de forma geral tem um nível de renda baixo e que a renda é consumida em sua integralidade todos os meses. Por isso, é preciso ainda mais cuidado. Ainda mais que o aumento do salário mínimo foi bem inferior ao percentual percebido no aumento dos preços dos itens relacionados ao lazer de verão”, alerta.

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