COMÉRCIO
Varejo baiano tem alta de 7,7% em 2024
Com melhor índice desde 2015, setor faturou R$ 221,6 bilhões e projeta novo crescimento este ano
Por Fábio Bittencourt
O varejo baiano faturou em 2024 R$ 221,6 bilhões, alta de 7,7% em relação ao ano anterior –, melhor índice desde 2015. Todas as atividades do comércio registraram crescimento, com destaque para farmácias e perfumarias (16,6%); veículos, motos e peças (9,1%); supermercados (8,8%) e materiais de construção (8,6%).
Recorde também no turismo, com R$ 7,1 bilhões em receita, aumento de 12,7% comparado a 2023.
De acordo com o consultor econômico da Fecomércio-BA, Guilherme Dietze, mantido o ritmo atual de queda do desemprego (9,7%) e aumento da massa salarial, – e não havendo eventos atípicos, como pandemia, “quebras”, etc. –, a projeção é que o setor movimente em 2025 R$ 235 bilhões, ou 6% a mais que no ano anterior.
Os cálculos, realizados com base em dados do Banco Central e Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), foram divulgados, ontem, durante o seminário Perspectivas econômicas e reforma tributária. O encontro, promovido pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado da Bahia (Fecomércio-BA), aconteceu na Casa do Comércio, e reuniu autoridades políticas, representantes do governo do estado, prefeitura de Salvador, empresários e jornalistas.
Força do turismo
“Todos os indicadores cresceram forte na Bahia, como queda da taxa de desemprego, que atingiu 9,7% no terceiro trimestre de 2024, melhor resultado da série histórica. Isso é mais dinheiro nos bolsos das famílias. Saldo de 85 mil empregos, com aumento de R$ 1 bilhão da massa de rendimentos em relação ao ano anterior. A inflação, que já foi de 14%, controlada, o que permitiu aumento do consumo. Expansão também na concessão de crédito, da ordem de 9%, exatamente por conta de melhora no nível do emprego”, disse Dietze.
Para o consultor econômico da Fecomércio-BA, o turismo no estado, contudo, “precisa ser tratado como um vetor de crescimento”. A Bahia, segundo ele, participa com 4,4% do faturamento do setor em todo o País, e 1/3 na região Nordeste.
Ainda de acordo com Dietze, os desafios para 2025 passam pela pressão inflacionária, os juros altos –, que levam ao aumento da inadimplência, atualmente estável, na casa de 22% (das famílias) na capital baiana.
Fora isso, tem dólar valorizado, novo mandato de Donald Trump, novo presidente no BC, além de tratar-se de um ano pré-eleitoral. “Para 2025, a previsão é de uma economia mais frágil. Serão dois cenários, um primeiro semestre mais positivo, carregando dados de 2024, e um segundo momento já de desaceleração, com vários desafios”, contou.
Coordenador da Câmara de Assuntos Tributários da Fecomércio-BA, o advogado Sérgio Couto disse que 2025 é “tempo de entender” a reforma tributária, que começa a ser implementada em janeiro de 2026, de forma progressiva. “Ainda estudamos o impacto dessa mudança na formação de preços, principalmente no setor de serviços, de quanto isso vai impactar para o consumidor final. Pois tratamos essencialmente de uma reforma tributária sobre consumo”, afirmou.
“O IVA (Imposto sobre Valor Agregado) a 28% para o setor do comércio preocupa, para serviços ainda mais. A tese de evitar tributação em cascata é importante, mas com uma onda inflacionária prevista para 2025/2026, demora até isso tudo estabilizar. O cenário é desafiador, mas traz oportunidades”.
Em tom mais “pessimista”, o gerente economista na Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), Felipe Tavares, falou que a reforma prometeu simplificação da estrutura tributária, diminuição dos impostos sobre o consumo e de passivos tributários, e “entregou o Imposto do Pecado”, falou, criticando a “subjetividade” da medida. “O Brasil não tem problema de arrecadação, mas em como gasta”, disse.
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