EVENTO
Soberania digital é destaque em seminário sobre educação na Ufba
Conexão Escola-Mundo reúne especialistas para discutir impactos no ambiente educacional
Por Ian Peterson*
“Não podemos pensar em educação com lápis e papel apenas”, diz a professora e pesquisadora Maria Helena Bonilla, durante o III Seminário Internacional Conexão Escola-Mundo que debate o impacto das tecnologias digitais na educação. Promovido pela Universidade Federal da Bahia (Ufba) em parceria com a Academia de Ciências da Bahia (ACB), o evento, que começou ontem e segue até a próxima sexta-feira, reúne especialistas nacionais e internacionais para discutir temas como soberania digital, ativismo e as transformações tecnológicas no ambiente educacional.
Para a professora Maria Helena Bonilla, a questão da soberania digital é uma das mais urgentes. "Nós estamos submetidos, à mercê das práticas dessas grandes corporações", afirma. Para ela, a soberania digital passa pela necessidade de desenvolver tecnologias nacionais e abertas, que permitam não apenas ser um usuário, mas um produtor de conhecimento tecnológico. "Sem soberania, não há um povo cidadão", conclui.
De acordo com o professor e coordenador do evento, Nelson Pretto, as tecnologias digitais têm um papel central no funcionamento das escolas atualmente, impactando tanto a gestão escolar quanto a participação de professores e alunos. "As tecnologias são os materiais que nós temos hoje para a escrita do contemporâneo e não para consumo de informações", afirma Pretto.
Ele destaca ainda que apenas 22% da população do país tem acesso à "conectividade significativa", ou seja, condições adequadas para utilizar a internet. "Elas não têm condições de fazer o que querem fazer com o seu celular que acaba o crédito ou com a banda que vai embora ou com o computador estragado".
Para a professora Salete Noro, a tecnologia é central não apenas para a gestão escolar, mas para a formação humana. “Não adianta ter uma plataforma proprietária se o estudante não sabe o que é código, o que é algoritmo”, alerta Noro, reforçando que o papel da escola é educar para o uso de forma crítica. Ela defende que celulares e outros dispositivos não devem ser proibidos em sala de aula. “Temos que educar para que as pessoas conheçam, saibam que tecnologia é essa".
Para o professor Nelson Pretto, o seminário apresenta resultados e amplia os diálogos para criar “novas possibilidades de pesquisa, de intervenções fortalecendo o compromisso de transformar o debate em ações concretas que impactem a educação e a sociedade”.
*Sob a supervisão da editora Meire Oliveira
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