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SOMAR E MULTIPLICAR

Tribunais de contas ajudam municípios na gestão da educação

Projeto “Educação é da nossa conta” surgiu no intuito de alavancar índices de aprendizagem e otimizar recursos

Por Alan Rodrigues

01/11/2023 - 0:00 h
Aula ao ar livre na escola Padre Anchieta, em Licínio de Almeida, a melhor da Bahia nos anos finais
Aula ao ar livre na escola Padre Anchieta, em Licínio de Almeida, a melhor da Bahia nos anos finais -

Orientar e dar segurança jurídica para gestores de educação de todos os municípios da Bahia na execução dos recursos. Com esse objetivo surgiu o programa “Educação é da nossa conta”, parceria dos tribunais de contas do estado (TCE) e dos municípios (TCM), que oferece capacitação e contribui para a construção e validação de projetos educacionais em todo o estado.

Criado em 2017, o projeto foi motivado inicialmente pelo baixo rendimento da Bahia no índice de desenvolvimento da educação básica, o Ideb. “O projeto "Educação é da nossa conta" é uma iniciativa de controle externo minuciosamente concebido e executado pelos Tribunais de Contas da Bahia (TCE-BA e TCM-BA), direcionado tanto à fiscalização dos recursos empregados, quanto à forma de concretização das políticas públicas ligadas à Educação”, define o presidente do TCE, Marcus Presídio.

O primeiro passo foi a capacitação de servidores. Já no primeiro seminário, 500 inscrições, número que dobrou no ano seguinte, levando a organização a promover a transmissão online a partir de 2019 através do Instituto Anísio Teixeira (IAT).

Em parceria com a Uncme (União dos conselhos municipais de educação) e Undime (União dos dirigentes municipais de educação), o TCE avalia metas de planos estadual e municipais de educação e orienta gestores sobre os recursos disponíveis, quais as suas fontes, como acessá-los e quais os gastos permitidos ou não.

Anderson Passos é presidente da Undime e secretário de educação de Aratuípe há 3 anos. Antes, já tinha comandado a secretaria por 2 anos em sua primeira nomeação. Ele vê a mudança na atuação do TCE de forma bem objetiva. “Antes era meramente fiscalização, agora com o projeto formativo o programa fortalece a democracia”. E ele explica: “Uma coisa é colocar informação no mural, outra é fazer que a informação chegue às pessoas”.

Em Aratuípe, cidade com menos de 10 mil habitantes, há 3 anos havia 120 matriculados na educação infantil na zona rural, distribuídos em 15 escolas, em turmas que abrigavam alunos de idades e séries variadas, o que comprometia o aprendizado e afastava os estudantes de menor idade.

Hoje, o município tem uma grande escola de tempo integral na zona rural, a José Leone, que conta com um anexo. Toda a estrutura abriga 230 estudantes, que têm acesso, além das aulas, a reforço escolar, atividades esportivas, culturais, transporte escolar e 4 refeições diárias. Os professores contam com auxiliares em todas as turmas e a permanência das crianças na escola por todo o dia favorece o trabalho dos pais, além, de promover economia no orçamento e, de quebra, ajuda a combater o trabalho infantil no campo.

Escola José Leone, em Aratuípe, turma lotada com alunos da mesma faixa etária e ensino em tempo integral.

Imagem ilustrativa da imagem Tribunais de contas ajudam municípios na gestão da educação
| Foto: Divulgação

O prédio onde a escola funciona estava abandonado há mais de 10 anos e tinha se tornado abrigo para moradores de rua, além de servir como ponto de tráfico de drogas. Hoje, a escola, totalmente reformada e ampliada, tem ar condicionado em todas as salas, núcleo de informátice e biblioteca com mais de 300 títulos.

As escolas antigas viraram pontos de vacinação e servem de espaço para associações de moradores, celebrações religiosas, além de aulas de educação de jovens e adultos (EJA). “Na verdade, os recursos sempre existiram, fizemos busca ativa, implantamos uma creche na zona rural, os pais antes não tinham confiança, viam a creche como depósito de crianças”, lembra o secretário.

Erenildes Souza é mãe de Eric, de 11 anos, aluno do colégio José Leone. Ela conta que a educação na zona rural melhorou muito. “A zona rural nunca teve esse privilégio”. Ela lembra que o filho antes ficava em casa no celular e televisão e admite que alguns pais ainda “precisam” dos filhos na roça, mas acredita que isso está mudando. “Se veio para a gente (o ensino integral) tem que agarrar. Jamais tiraria isso do meu filho. Eu nunca tive isso”.

Referência

Em Licínio de Almeida a situação é diferente. O município, que ficou conhecido por ostentar o melhor Ideb da Bahia em 2021 nos anos iniciais (7,1) e finais (6,3) enfrentou o desafio de replicar em toda a rede o sucesso da escola Pingo de gente.

Michely Teles comanda a secretaria de educação local há 13 anos e já participou duas vezes dos seminários do “Educação é da nossa conta”. Uma com a escola, outra para demonstrar o resultado de toda a rede, que no último levantamento ficou com as 3 melhores escolas da Bahia nos anos finais (Padre Anchieta 6.8, Pingo de Gente 6.7, João Paulo II 6.6) e a melhor dos anos Iniciais, mais uma vez a Pingo de gente, com média 7,6.

“Procuramos identificar por que as outras escolas não estavam desenvolvendo tanto quanto a Piungo de gente”, lembra Michely, que aposta na educação continuada para elevar e manter os índices de aprendizagem em toda a rede. Outro ponto positivo é a igualdade de oportunidades. “Em Licínio de Almeida não há escolas particulares, os filhos de todos, prefeito, secretários, vereadores e comerciantes, estudam no mesmo lugar”, destaca a secretária.

Mas oferecer ensino de qualidade exige investimento e saber equacionar os recursos disponíveis é essencial. “Quando se trabalha com educação de qualidade se acaba gastando muito. O projeto “Educação é da nossa conta” permite compreender o que é possível gastar, de onde vem o recurso, para que se possa fazer educação sem gastar muito, mas na medida correta”, atesta Michely.

Para reduzir a repetência e regularizar o fluxo escolar, o município implantou turmas de aceleração e o projeto “Aprender mais”, que mantém o aluno na escola no contra-turno, oferecendo também reforço na alimentação. Além disso, todo o planejamento e as avaliações são unificados.

Outras iniciativas

Luzinete Lyrio está recém aposentada da secretaria de Educação, onde atuou por vários anos no Programa de apoio à Educação municipal. Ela conhece de perto as dificuldades dos gestores, muitos dos quais deixam de implementar algumas ações pelo simples receio de terem suas contas reprovadas.

Por isso, ela considera a iniciativa do TCE tão positiva. “Quando os tribunais entram com parceria para alavancar a educação é um ponto de relevância. Os municípios têm sede. Eles não deixam de fazer porque não querem, é porque não tem braços e pernas para alcançar”, avalia Luzinete, destacando o valor das capacitações oferecidas nos seminários para a formação de corpos técnicos qualificados.

Em Capim Grosso, a secretária Neumaria Gomes nunca participou de nenhum seminário do “Educação é da nossa conta” mas, como representante da bacia do Jacuípe está sempre presente nos encontros da Undime, onde experiências são compartilhadas. Para ela, a atuação dos tribunais de contas junto aos gestores de educação é um divisor de águas.

“Era para ter acontecido antes, trouxe muitos esclarecimentos para os gestores”, diz Neumaria. Ela criou o “Educa mais Capim Grosso”, programa com foco no analfabetismo, estimado em 7.823 habitantes, segundo levantamento do Tribunal Regional Eleitoral (TRE), cerca de 25% da população do município.

No modelo implantado pela gestão local, o EPJAI (Educação para jovens, adultos e idosos) criou oportunidades tanto para quem abandonou os estudos, pelos mais diversos motivos, quando para os filhos de trabalhadores que nunca tiveram acesso a creches. O objetivo, segundo a secretária, é “garantir direito de aprender”.

Em Capim Grosso, equipes da prefeitura buscam atrair novos alunos para retomar ou mesmo iniciar os estudos.

Imagem ilustrativa da imagem Tribunais de contas ajudam municípios na gestão da educação
| Foto: Divulgação

Para isso, ela envolveu as secretarias de saúde, administração e social, além de associações de moradores, igrejas, sindicatos e comércio. Verdadeiros mutirões de busca ativa foram realizados nas praças, para incentivar a matrícula de quem deixou a escola ou simplesmente nunca estudou.

O resultado foi um salto dos 235 alunos que compunham a rede pública de ensino, incluindo Fundamental I e II, para 1.373 matriculados apenas no EJA. De 3 escolas, Capim Grosso passou para 21, com a construção de uma escola nova e a requalificação de 17 outras unidades que estavam fechadas.

Como atrativo, além do kit pedagógico, fardamento e transporte, a prefeitura oferece cesta básica e reforço da merenda para estudantes do período noturno, em sua maioria trabalhadores. E a permanência na escola também é recompensada com um cartão onde, a cada três meses, ao final da unidade letiva, são depositados R$ 300.

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