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EMPREGOS & NEGÓCIOS

Cervejarias artesanais baianas conquistam prêmio internacional

Proa e a Artmalte, 2 das 30 artesanais do estado, foram premiadas na 16ª edição do WBA

Por Mariana Bamberg

17/09/2023 - 9:38 h
Débora começou a Proa produzindo para consumo próprio
Débora começou a Proa produzindo para consumo próprio -

Para muitos, pensar nas praias e no calor baiano é também mentalizar uma boa cerveja. E pode pôr boa nisso, porque a Bahia tem literalmente as melhores bebidas do mundo. A Proa e a Artmalte – duas das 30 cervejarias artesanais no estado – for am premiadas na 16ª edição do World Beer Awards (WBA), realizada em Londres, na Inglaterra. Mas, apesar da qualidade reconhecida internacionalmente, o segmento ainda enfrenta desafios no estado.

O prêmio já tem mostrado seus reflexos. Na Artmalte (@cervejaria.artmalte), a maior saída é a da cerveja Sour de Morango, medalhista de ouro em Londres, na categoria Catharina Sour - que é o único estilo brasileiro registrado. A bebida é produzida no espaço que fica no Rio Vermelho e é uma espécie de mistura entre pub e fábrica – que, por sinal, é o único em Salvador.

Os números desse segmento não são muito empolgantes na capital baiana. Segundo dados do Anuário da Cerveja, divulgado em julho pelo Ministério da Agricultura e Pecuária, Salvador é a cidade com a menor densidade de cervejarias por habitantes. As outras 29 empresas do segmento no estado se distribuem pela Região Metropolitana, Feira de Santana, Recôncavo Baiano e Paulo Afonso.

Na única cervejaria de Salvador, são produzidos mensalmente uma média de seis mil litros de cerveja, que saem direto das torneiras para os copos ou taças, como é o caso da Sour de Morango, que é servida como um champagne. Rubens Soares é um dos cinco sócios. Ele explica que a ideia da Artmalte é quebrar um mito que é uma das grandes barreiras do segmento: a ideia de que a bebida artesanal é para uma tribo específica.

“Investimos muito nessa cerveja do dia a dia. Assim a gente mostra que a cerveja artesanal pode ser leve, refrescante, pode ser do dia a dia. Na Bahia ainda temos muito preconceito porque as pessoas acham que é coisa de motoqueiro ou roqueiro, que é uma cerveja forte. Mas temos 25 estilos, se você pega alguém que nunca bebeu e dá para ele uma mais amarga, ele nunca mais vai beber. Cria aquela coisa do estereótipo, que é prejudicial”, afirma.

Segundo Rubens, o público da Artmalte é bem diferente desse estereótipo: curte um axé, tem entre 35 e 45 anos e é majoritariamente (65%) feminino. Gestor do projeto de bebidas do Sebrae Bahia, Ítalo Guanais acredita que uma mudança no hábito de consumo dos baianos tem ajudado a estimular esse segmento.

“Na Bahia, o consumidor ainda está muito ligado àquelas grandes marcas, as chamadas mainstream. A proporção de consumo de cerveja artesanal ainda é muito pequena comparada a outros países, mas essa não é uma mudança que ocorre da noite para o dia. Durante muito tempo, por exemplo, os baianos não tinham o hábito de consumir a cerveja puro malte. Houve esse crescimento e isso tem ajudado as cervejas artesanais a ganharem destaque”, avalia.

Mas essa mudança ainda tem sido discreta. Segundo o anuário da Cerveja, o segmento teve um crescimento de apenas 5% no estado, enquanto a média nacional foi de 11,6% quando comparados os anos de 2021 e 2022. Apesar disso, os baianos ainda são os que mais têm cervejarias no Nordeste. Italo acredita que premiações como a WBA vão ajudar trazer mais visibilidade para o setor na Bahia.

Ela fez parte da conquista baiana. Isso porque as cervejarias premiadas foram atendidas pelo Programa Aprimore, uma parceria entre o Sebrae e a Ambev. Elas tiveram mais de 300 horas de mentoria e, ao final, receberam a proposta de fazer a inscrição e enviar as bebidas para o concurso, com os custos pagos pela empresa. A primeira etapa do prêmio é uma competição nacional. Nela, cinco cervejas baianas foram classificadas: duas da Artmalte, duas da cervejaria Proa e uma da Mindubier. Os baianos disputaram com marcas de artesanais já conhecidas, como a Bohemia e a Colorado, que, inclusive, integram o portfólio da própria Ambev.

Já na etapa internacional, competindo com bebidas de países tradicionais na produção de cerveja, levaram a medalha de ouro a Sour de Morango da Artmalte e a Sour de Caju, da Proa (@proacervejaria). A fábrica onde é produzida a melhor do mundo na categoria Flavoured Wild & Sour Beer fica localizada em Lauro de Freitas e tem uma tiragem mensal de 18 mil litros de cerveja por mês. Mas as bebidas da marca são distribuídas em 180 pontos do estado, entre eles o próprio bar da Proa e em hotéis, restaurantes e supermercados.

Sócia-proprietária, Débora Lehnen conta que a Proa foi fundada em 2017, mas sua história começou em 2014, quando ela veio do Rio Grande do Sul morar na Bahia e passou a produzir em casa, para consumo próprio, porque não encontrava cervejarias artesanais no estado. Nessa época, o Brasil já vivia uma escalada do segmento, que começou em 2011 e só foi se estabilizar em 2016, quando 493 negócios foram registrados no setor.

Débora lembra que começou ousando nos sabores, até entender que o mercado baiano ainda estava começando e precisava de opções mais semelhantes à cerveja do dia a dia. Anos depois, ela garante que já conseguiu uma equidade entre as mais tradicionais e as mais ousadas, como de pimenta, caju e cupuaçu. Hoje são seis cervejas de produção fixa e outras sazonais, que dependem dos insumos da época.

Desafios do negócio

A sazonalidade é, inclusive, um dos desafios que, segundo Débora, o empreendedor desse segmento tem que aprender a enfrentar. Para ela, os piores períodos são justamente os de São João e Carnaval. A demanda esquenta mesmo nos meses entre setembro e dezembro. “Como somos microempreendedores, temos essa facilidade de adaptação nesses momentos. No inverno, por exemplo, trazemos novas opções mais densas, com maior teor alcoólico. Já no verão, são cervejas mais leves”, explica.

Presidente da Associação dos Cervejeiros Artesanais da Bahia (ACerva Baiana), Guilherme Uzeda acredita que premiações como essas da Artmalte e da Proa devem contribuir com o segmento, já que podem deixar os consumidores mais curiosos com relação às cervejas artesanais. Mas, para ele, o mercado baiano ainda tem muito a crescer diante de seu potencial. “São 15 milhões de pessoas no estado e uma população flutuante que vem do turismo, ainda temos muito espaço. Precisamos de investimento”, afirma.

“Ainda assim, o mercado vem crescendo. Existem profissionais muito qualificados, uma demanda muito grande por bares especializados. Falta mudar essa ideia que o baiano tem que cerveja tem que ser de garrafa. É uma mudança cultural mesmo, mas nada que não possa ser revertido”, avalia Guilherme.

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