EMPREGOS & NEGÓCIOS
Crescimento das vendas online aumenta demanda por shopper
Por Fábio Bittencourt

É fato que a pandemia e o isolamento social impulsionaram o comércio eletrônico mundial. De acordo com dados da última edição (42ª) do relatório Webshoppers, elaborado pela Ebit/Nielsen, no Brasil compras online cresceram 47% no primeiro semestre de 2020, em comparação ao mesmo período do ano anterior, faturando R$ 38,8 bilhões. O salto no número de pedidos realizados por 41 milhões de usuários foi de 39% (90,8 milhões) – e, deste total, 7,3 milhões compraram pela internet pela primeira vez. Segundo o levantamento, é a maior alta em 20 anos.
Às vésperas da Black Friday, o e-commerce brasileiro registrou alta de 29% nos primeiros 11 dias de novembro. O resultado é que todo esse movimento terminou por aumentar também a demanda por personal shopper, lançando luz sobre o mercado dos especialistas em compras. De supermercado a roupa infantil, passando por enxoval de bebê, artigo para cama, mesa e banho, eletroeletrônico, vinho. O papel do profissional, muitas vezes, nem é só o de pegar os itens selecionados pelo consumidor, mas fazer uma curadoria dos produtos, escolher o melhor preço, sugerir uma marca.
Em uma rápida pesquisa na web é possível ver que a maioria dos aplicativos, como James, Shopper, Rappi, possui vagas e está recrutando – inclusive para outras áreas. Há casos em que o colaborador é um "parceiro" do portal (autônomo); em outros, contratado com carteira assinada. A estudante do nono semestre de direito Catarina Guedes, 25 anos, é efetiva da Rappi. Há um ano e quatro meses o seu expediente de trabalho é no GBarbosa do Costa Azul, coletando a lista com os pedidos dos clientes. Começou meio período, e seu desempenho a levou a ficar full-time (tempo integral).
Catarina fala com entusiasmo sobre a experiência, diz receber um "salário muito bom" no final do mês, além de bonificações, e destaca a relação de profissionalismo com a startup. "Tenho todos os direitos trabalhistas", diz.
Segundo a assessoria de imprensa da Rappi, o aplicativo registrou, no pico da crise de coronavírus, um aumento de cerca de 100% na demanda por shoppers em Salvador. Informa ainda que, com o relaxamento da quarentena, esse número é hoje menor, "porém há planos de expansão do quadro" destes profissionais, e que avalia a necessidade "de acordo com as demandas da região".
"A principal função de um shopper é a seleção dos produtos solicitados pelo usuário. Nesse sentido, podemos dizer que ele é praticamente um assistente pessoal durante o processo de compra do consumidor. O shopper tem acesso à lista de compras solicitada e pode enviar mensagens e fotos para o cliente ter uma visualização real dos itens que estão sendo selecionados. O shopper também pode enviar áudios e fazer ligações para o cliente [o telefone é corporativo]. Tudo para proporcionar a melhor experiência de compra ao usuário", escreveu a assessoria da empresa por e-mail.
"O processo de contratação dos shoppers é realizado por meio de uma empresa terceirizada, responsável pela seleção dos currículos e direcionamento dos candidatos para as próximas etapas", explica.
Para o especialista em carreira e diretor-executivo da Damicos Consultoria Fábio Rocha, o que um candidato a uma recolocação profissional ou mesmo quem busca uma alternativa de segunda renda precisa ter em mente é que não se trata de uma "carreira", mas trabalho. Segundo Rocha, os tempos são outros, formação não define mais área de atuação, e praticamente todo mundo precisa fazer um extra. Ele destaca ainda que, em havendo um elevado nível de especialização pelo profissional, a atividade pode, sim, tornar-se um bom negócio individual (empresa).
"São novos paradigmas, as novas gerações vão ter que ter duas, três atividades, fontes de renda. Mais do que nunca é preciso falar em ciclos de carreira: dos 20 aos 40 anos; dos 40 aos 65; 60 aos 75 anos. Carreira é uma jornada, não corrida de 100 metros ou maratona. Hoje, você pode ser bacharel em direito e ter sucesso em outro ramo. E educação, trabalho e vida pessoal têm de andar juntos. As atividades devem preferencialmente colaborar com a carreira, e você sempre buscar se qualificar", diz.
Plataforma digital
Coordenadora da central de entregas do Salvador Shopping Online, Adenôra Silva conta que, há seis meses, o centro de compras foi o primeiro no estado a lançar uma plataforma digital de vendas. Segundo ela, o app possui mais de sete mil produtos de diversos segmentos, com entrega feita por delivery ou por meio de retirada do produto no sistema drive-thru. Ainda segundo Adenôra, para monitorar, coletar, unitizar (armazenar), expedir e liberar os pedidos comprados pela internet, o shopping recrutou shoppers com a nomenclatura de auxiliar de serviços diversos (ASD).
"A compra online já era uma tendência. Com a pandemia, isso acelerou com pessoas que nunca tinham experimentado a compra digital, criando novos hábitos de consumo. É um caminho sem volta para o varejo. De olho nisso, nosso papel é auxiliar, sobretudo o lojista que não tem estrutura para se lançar sozinho no universo online, a acompanhar esse movimento. Mas é importante destacar que acreditamos ser um caminho conjugado com o mundo físico. Aliás, várias pesquisas apontam isso".
Catiene Costa Santana tem 30 anos e desde fevereiro atua como ASD do Salvador Shopping Online. "É uma experiência nova, em uma função demandada pela plataforma, mas visando ao desempenho do shopping como um todo. Cada dia é uma rotina diferente. Estamos em constante aprendizado, seja nos atualizando pelas novidades tecnológicas ou pelo contato direto com os clientes".
Diretor de pricing, cadastro e projetos da Cencosud Brasil, Ramiro Melgare diz que o grupo investe "em iniciativas digitais para disponibilizar novos canais para atender os nossos clientes e desenvolver um relacionamento mais amplo".
"Lançamos nos últimos meses aplicativos com ofertas exclusivas e personalizadas que visam a um canal mais próximo, disponibilizando ofertas mais relevantes para cada um dos clientes. A implantação do e-commerce, por meio do nosso site e WhatsApp, vem ocorrendo de forma gradual em cada uma de nossas bandeiras, primando em prover uma melhor experiência nestes canais. Além disso, em agosto, firmamos uma parceria com a Cornershop (controlada pela Uber), que prevê disponibilizar acesso às nossas lojas e produtos na plataforma de aplicativo da Cornershop e Uber", fala.
Compartilhe essa notícia com seus amigos
Cidadão Repórter
Contribua para o portal com vídeos, áudios e textos sobre o que está acontecendo em seu bairro
Siga nossas redes