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Negócios ligados às festas juninas prevêm recorde de faturamento

Supermercados e lojas de confecções devem crescer 4%; pequenos empreendedores também estão otimistas

Publicado domingo, 28 de maio de 2023 às 08:20 h | Autor: Inara Almeida*
Laís, da Licor da Lai,  contratou 6 ajudantes
Laís, da Licor da Lai, contratou 6 ajudantes -

Além do combo de frio tradicional do mês de junho – regado a agasalhos, botas, f ogueiras e licor – o São João deste ano também deve manter o comércio baiano aquecido. Dados da Fecomércio-BA e da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) apontam o crescimento de 4% nos supermercados e vestuário, setores mais demandados para a época, com um faturamento próximo a R$ 2 bilhões, recorde na série histórica.

Guilherme Dietze, consultor econômico da Fecomércio-BA, explica que o ótimo desempenho esperado pelo varejo baiano é resultado de um conjunto de fatores positivos na economia nacional. “A queda forte na taxa de desemprego e inflação geral mais baixa que há um ano fazem com que as famílias tenham mais oportunidades de elevar os seus gastos no comércio e no turismo, outro setor relevante para o São João”, pontua.

À medida que o São João se aproxima, quem curte bebida alcoólica já começa a abrir um espaço entre a cerveja e o vinho do final de semana para o tradicional licor. A empreendedora Laís Barbosa (@licordalai) produz a bebida estrela do período junino desde 2017 e, neste ano, as expectativas estão lá em cima.

“Já na Páscoa o pessoal começa a se animar e pedir os licores. As vendas entre abril e junho superam a do ano todo. Durante os outros meses, consigo trabalhar sozinha ou com mais uma pessoa mas, neste período, contrato, em média, seis para me ajudar, fora a família que também se envolve”, destaca a empreendedora.

Além do ponto de venda fixo em Periperi, que funcionará ao longo de todo o mês de junho, e do serviço de entregas, este ano, o Licor da Lai vai estar no Outlet Premium, na Estrada do Coco, a partir de 1º de junho.

Comer um pedaço de cada bolo colocado na mesa é costume indispensável numa boa festa junina. Para isso, as lojas Bolos das Meninas (@bolosdasmeninas), na Graça e na Pituba, já estão com a produção a todo vapor: além dos sabores tradicionais da época, como aipim, carimã e tapioca, o cardápio das casas ganham mingaus, milho cozido, pamonha, canjica e outras delícias.

Há 10 anos no mercado, o calendário junino da marca é mais antecipado, e as ações para o São João já começam a ser colocadas em prática após o Dia das Mães. Daniela Veloso, uma das sócias da Bolos das Meninas, participa ativamente das estratégias de comunicação da empresa neste período.

“Temos as estratégias nas redes sociais, os cardápios especiais para a época. Este ano, desenvolvemos um [cardápio] para coffee break, com mini-porções de canjicas, cuscuz, para atender às empresas. É um mês com mais interação, eu vou em todos os pontos diariamente e faço conteúdos ao vivo para os clientes”, diz.

Depois das comidas típicas, o entusiasmo durante a temporada de São João fica por conta das compras de roupa. A empresária Thaís Brito (@lojathaisbrito) garante que o período de festas juninas, junto ao Natal e Dia das Mães, é o que mais alavanca as vendas.

Além do tradicional quadriculado, escolha de muita gente para curtir os festejos de São João, a lojista procura apostar em peças mais versáteis, para atender a todos os gostos. Este ano, além da questão econômica, Thaís acredita que a saudade das festas terá grande peso no impulsionamento das vendas.

“A pandemia nos deixou saudosos das festas e também desse movimento extra que o São João traz para o comércio. O retorno da normalidade traz não só a alegria de viver a data, bem como o crescimento nas vendas”, afirma.

Produtos mais caros

Apesar das altas expectativas em relação às vendas no período de São João, consumidores precisam se preparar para gastar mais do que nos anos anteriores. Na cesta de compras, itens como farinha de trigo, milho verde e aipim, requisitados em muitas receitas típicas, vão pesar: os preços subiram 21,3%, 30% e 19,75%, respectivamente, em um ano, segundo a Fecomércio.

Quem não abre mão de garantir ‘looks’ novos para curtir as festas juninas também vai precisar abrir mais o bolso. A inflação do grupo está em 12,31%, mais do que o dobro da média da RMS, de 5,18%.

A antecipação na compra das matérias-primas e a aquisição em grupo podem ser eficazes para evitar a redução do lucro dos empreendedores e o encarecimento dos produtos para os clientes, segundo Wagner Gomes, analista do Sebrae. O especialista também dá dicas para facilitar as vendas.

“Uma forma de facilitar a venda é dar diversas opções de pagamento aos clientes, inclusive, com possibilidade de parcelamento ou descontos à vista. Por isso, iniciar as negociações com antecedência é crucial. E aqueles velhos e conhecidos mimos ou brindes podem ajudar no encantamento e culminar no fechamento da venda”, aconselha.

A pesquisa de preço é outra grande aliada dos empreendedores. Laís Barbosa optou por não subir o valor dos seus licores, e, para isso, dedica muito do seu tempo para encontrar boas promoções.

“Aproveito quando saio para já ir pesquisando. Outro dia, por acaso, encontrei leite condensado por R$ 3,79 e saí com 20 caixas. Em outros lugares, o mais barato que encontrava era R$ 4,55. Está tudo mais caro, a cachaça, frutas, até as embalagens”, diz.

A Bolos das Meninas também segurou o preço dos produtos para a clientela, o que fez com que o lucro da empresa tivesse uma redução. 

“A gente opera ‘no laço’, para não gastar mais do que precisa. Entendemos que é um período difícil para todos, não só para a gente. Muita gente deixou de ter renda, está vivendo apertado, então, demos um jeito de segurar e não repassar esses aumentos”, pontua Daniela.

*Sob a supervisão da editora Cassandra Barteló

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