EMPREGOS & NEGÓCIOS
Público LGBT ganha cursos de qualificação
Por Biaggio Talento | Agência A TARDE

"Sair do armário" pode ser um bom começo para se conseguir um emprego na Bahia. O requisito básico para se obter uma vaga nos cursos de qualificação profissional promovidos pela Secretaria de Justiça, Cidadania e Direitos Humanos do Estado é a autodeclaração da condição de "homossexual" na ficha de inscrição.
Os cursos são oferecidos por meio do Programa Qualifica Bahia, para auxiliar administrativo (para lésbicas) e recepção em hotelaria (com espanhol) para todo público LGBT (sigla referente a lésbicas, gays, bissexuais e travestis). Após o interessado ser qualificado, a secretaria ainda o ajuda a ingressar no mercado de trabalho.
Uma das organizadoras do programa é Paulete Furacão (única travesti em cargo público no governo baiano), coordenadora do núcleo LGBT da Secretaria de Justiça.
Paulete explicou que muitos empresários se queixam da falta de qualificação, por exemplo, de travestis. Devido à demanda, o Estado resolveu abrir esse caminho. Numa primeira etapa, 17 travestis se formaram em auxiliar administrativo. A segunda turma, para os cursos de recepcionista, com língua espanhola, e auxiliar administrativo, ofereceu 40 vagas, preenchidas nesta quarta-feira, 28.
A procura foi tanta que a secretaria formou cadastro de 70 interessados em fila de espera. Os cursos devem começar em setembro, com carga horária de 200 horas. O secretário de Justiça, Almiro Sena, explicou que a qualificação profissional do segmento LGBT foi um pedido das lideranças do movimento homossexual baiano e se encaixa nas políticas de ação afirmativa dos governos da Bahia e Brasil.
"A intenção inicial foi permitir que travestis saíssem da prostituição. Os cursos se prestam justamente a ensinar uma profissão a elas". O público LGBT "é um segmento que não tem as mesmas oportunidades que os outros, e, por essa razão, precisamos de política específicas para ele", completa Sena.
Piadinhas - A iniciativa gerou "piadinhas de mau gosto", reclamou Sena. "Disseram que a gente estava fazendo curso para ensinar travesti a se prostituir. Isso foi no mínimo desinformação. Não temos juízo de valor sobre a prostituição, que não é crime. Agora, a pessoa, da mesma forma que tem o direito de se prostituir, tem o direito de optar por não se prostituir. E muitas das travestis me disseram que se prostituíam por não ter oportunidade, pela formação deficiente e rejeição da família. Se a própria família rejeita, imagine as outras pessoas".
Sena lembrou que a Constituição determina que o Estado deve dar "oportunidade diferenciada" a quem é mais vulnerável.
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