Retomada de feiras setoriais gera oportunidade de negócios na Bahia

Depois de uma tímida retomada no segundo semestre de 2022, Salvador e a Bahia voltam ao roteiro das feiras setoriais com mais força neste ano. De acordo com o site especializado Feiras do Brasil, que mapeia esse tipo de evento ao redor do País, até o momento, estima-se que o estado deva sediar 58 feiras em 2023, abarcando diversos segmentos.

As exposições geram oportunidade de novos negócios, parcerias empresariais e promovem o que há de mais novo no mercado –, além de movimentar a economia por onde passam.

Aqui na capital, o palco das maiores feiras é, sem dúvida nenhuma, o Centro de Convenções Salvador (CCS), no bairro Boca do Rio – inaugurado cerca de um mês antes da chegada da pandemia de Covid-19.

O espaço é administrado pelo grupo francês GL Events, que confirma seis grandes congressos no local em 2023 –, com a chance de outros eventos, ainda em negociação, serem anunciados em breve –, segundo a assessoria de imprensa.

Entre os programados estão Combate das Marcas (feira de carros), Yes ShowRoom (móveis e eletros), Feira Fest Moda e Fest Hair (moda e cabelo), Feira Moda Bahia, 12ª Superbahia (varejo de alimentos), e a 32ª Feira de Calçados (Bahiacal).

Existem dois tipos de feiras setoriais, as de empresas dedicadas ao consumidor final, chamadas de B2C - “Business to Consumer”; e as B2B – “Business to Business”, ou seja, negócios de empresas para empresas (revendedoras).

“A feira B2C é aberta ao público, no qual ele é o consumidor final. Já a feira B2B é um momento de aproximação e de encontro das empresas com os revendedores, é geralmente onde apresentam as novidades, a inovação do ano, e os novos produtos que chegarão no mercado”, explica Ludovic Moullin, diretor geral do Centro de Convenções Salvador.

Ele também fala sobre como as feiras setoriais são relevantes no cenário comercial e econômico da capital. “São importante para desenvolver o mercado local, porque essas feiras vêm sempre trazer inovação e novos produtos, elas criam sempre novos negócios e oportunidades. Os eventos possibilitam que novas marcas que desejam entrar no Nordeste, por exemplo, participem dessas feiras para apresentar e se conectar com o revendedor, entrando no mercado da cidade”.

Indo para a vigésima terceira edição, e realizado pela Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores na Bahia (Fenabrave) em parceria com a Soma Marketing, o Combate das Marcas é um feirão de carros novos que reúne as principais marcas e mais de 20 concessionárias em um grande showroom.

Este ano, o evento, gratuito e aberto ao público, acontece de 17 a 19 de março, com a expectativa de receber até dez mil visitantes, média de três mil por dia, segundo o organizador da feira, o empresário Leonardo Sahade.

Demanda reprimida

“A gente estima movimentar 72 milhões de reais no evento. A expectativa do setor é alta, até em função da demanda reprimida dos últimos anos, nos quais a feira não aconteceu devido à pandemia. Há também uma perspectiva positiva de estoque nas concessionárias, depois desse período operando com o estoque baixo, e não havendo carro para a pronta entrega, mas agora a linha de produção das montadoras já está se normalizando, então a gente acredita que até março praticamente todas marcas estejam com seu estoque (atualizado)”, conta.

Sahade ainda destaca que o Combate das Marcas, historicamente, representa 20% do volume total de carros emplacados na cidade durante o mês em que ele é realizado, o que demonstra sua grande força e impacto no setor.

Do tipo B2B, a Bahiacal, maior feira regional de calçados do Brasil, também acontece no CCS este ano. A primeira edição de 2023, referente às coleções outono/inverno, já ocorreu (nos dias 15 a 17 de janeiro), mas a segunda, para produtos das estações primavera\verão, está marcada para julho, entre os dias 23 e 25. O público estimado diariamente é de mil pessoas. A movimentação financeira de cada edição semestral é de R$ 60 milhões, segundo a Associação Baiana das Empresas de Representação de Calçados e Afins (Aberc).

“A feira impacta muito na economia de Salvador, já que um fluxo importante de empresários vêm à capital para participar da exposição. Não só a rede hoteleira, mas toda a atividade local de turismo e gastronomia se dinamiza e passa a ser melhor conhecida por todos os visitantes. Além disso, dirigentes de indústrias de todo o Brasil passam a considerar a possibilidade de implantar unidades fabris na Bahia após conhecer na feira as potencialidades do estado”, conta Roberto Sacramento, assessor da diretoria da Aberc.

Espaço para crescer

Do segmento de supermercados e varejo alimentício, a 12ª Superbahia será realizada em julho, de 11 a 13, no CCS, com a expectativa de público total girando entre 15 mil e 20 mil pessoas. Do tipo B2B, ela é a maior feira de varejo de alimentos do Nordeste e, na visão de Mauro Rocha, superintendente da Associação Bahiana de Supermercados (Abase), é a maior feira setorial do estado da Bahia.

“A gente está muito otimista para a feira deste ano. Contratamos um espaço maior em relação ao ano passado, e o CCS estará todo tomado pela Superbahia, estamos falando de uma feira com dez mil metros quadrados. A gente espera também gerar mais de R$ 350 milhões em negócios”, diz Rocha.

O superintendente acrescenta ainda que o setor de alimentos é muito forte e resiliente a crises, e, por isso, a feira tem uma dimensão tão grande e importante no estado.

“Na feira, também oferecemos cursos para treinar funcionários, então o pequeno empresário vai na Superbahia para melhorar a empresa dele, se capacitar, e também capacitar sua equipe, então ele tem uma visão completa do negócio dele no evento”.

A Feira Fest Moda e Fest Hair, prevista para acontecer entre 6 a 11 de abril, espera receber 1,2 mil pessoas por dia, e é destinada ao consumidor final de roupas e produtos de beleza e estética. Já a Feira Moda Bahia, do mesmo segmento, começa em 2 de julho e vai até o dia 8 do mesmo mês. Também aberta ao público, o evento espera receber seis mil pessoas diariamente.

A Yes ShowRoom, focada em móveis e eletros, está marcada no CCS para abril, dos dias 12 a 14. Esperando receber mil pessoas por dia, a feira é feita de empresas para empresas, e tem o objetivo de criar um ambiente qualificado para apresentação de inovações e tendências do setor moveleiro e de eletros do Brasil, com a participação de empresários, fabricantes e lojistas.

Apesar de estar crescendo muito, na visão de Ludovic Moullin, diretor geral do CCS, o mercado de feiras de Salvador ainda não é grande o suficiente. Ele espera que a cidade continue a se expandir e passe a receber cada vez mais eventos. “A gente (CCS) está conversando com várias feiras do Sul e de São Paulo para que elas desenvolvam versões regionais e venham para cá. Tem mercado para isso aqui no Nordeste, o nosso objetivo é que Salvador seja de fato a capital de negócios da região”.

*Sob a supervisão do jornalista Fábio Bittencourt