TENDÊNCIA
Novos investimentos na indústria turbinam crescimento
Setor industrial vai alavancar evolução econômica do País, aponta pesquisa
Por Núbia Cristina
Novos investimentos bilionários colocam a indústria baiana na perspectiva de ampliar a participação no PIB do Estado, turbinando o crescimento da economia local a médio e longo prazos. O processo de modernização e evolução da indústria avança, à medida que projetos mais sustentáveis, com foco na descarbonização dos processos e produtos, estão em curso.
A indústria também é apontada como principal responsável por alavancar a perspectiva de crescimento da economia do País. Um estudo realizado pela consultoria Tendências aponta que o Nordeste deve ter uma expansão média de 3,4% ao ano, entre 2026 e 2034, acima dos 2,5% previstos para o País nesse período. E o setor é apontado como o principal responsável por esse avanço, com destaque para áreas como a de energias renováveis.
Maior fabricante de carros elétricos do mundo, a BYD investe na instalação de um complexo industrial no Polo de Camaçari, que vai abrigar três fábricas e gerar mais de 10 mil empregos. Além de veículos de passeio elétricos e híbridos, as fábricas irão produzir chassis de ônibus e caminhões elétricos e processar lítio e ferro fosfato, mas o projeto será implementado por etapas. A expectativa é iniciar a produção de veículos no segundo semestre deste ano e está previsto um investimento total de cerca de R$ 3 bilhões.
“A BYD vem ocupar o espaço deixado pela saída da produção da Ford na Bahia, mas num outro paradigma produtivo e tecnológico, seguindo o conceito de descarbonização da mobilidade, dos meios de transporte através dos veículos híbridos e elétricos que a empresa vai produzir em Camaçari”, comenta o superintendente de Desenvolvimento Industrial da FIEB, Marcus Verhine.
A BYD anunciou que pretende transformar Camaçari em um polo de atração de fornecedores diversos ligados a toda cadeia produtiva, desde peças e acessórios até prestadores de serviços, com prioridade aos fornecedores locais. A fabricante chinesa se comprometeu a transformar a Bahia em um centro de inovação e formação de mão-de-obra para a eletromobilidade.
“A Bahia, por meio da atuação do Senai Cimatec, tem conseguido sediar muitas iniciativas no campo da pesquisa, inovação e tecnologia, vide o exemplo da Ford que deixou de produzir veículos no Brasil, mas manteve e ampliou sua área de pesquisa e desenvolvimento, hoje instalada no Cimatec Park. A BYD deve se somar nesse esforço tão necessário ao desenvolvimento econômico da Bahia e do Brasil”, pontua Verhine.
Renováveis
A Acelen, do fundo Mubadala Capital, anunciou que a companhia planeja investir 12 bilhões na produção de diesel e querosene de aviação renováveis na Bahia, a partir de 2026, ao longo de dez anos. A biorrefinaria terá capacidade para produzir 1 bilhão de litros por ano de combustíveis (ou 20 mil barris/dia) a partir do hidrotratamento de óleos vegetais e gordura animal.
“Esse projeto da Acelen é um dos mais representativos hoje no estado, da mudança planejada pelo setor industrial no sentido da descarbonização de seus processos e produtos. Ademais, pretende-se utilizar o óleo de macaúba, árvore nativa do Brasil com alto potencial energético, e o óleo do dendê, a serem plantadas em área de 200 mil hectares, priorizando terras degradadas. Como a Bahia possui uma parcela grande do seu território com baixíssima densidade econômica, iniciativas como essa da Acelen são vitais para a reversão desse quadro”, explica o superintendente de Desenvolvimento Industrial da FIEB.
Verhine destaca as boas perspectivas para o setor de refino de petróleo, o mais importante da indústria de transformação do estado, no que se refere à contribuição no Valor da Transformação Industrial e na arrecadação de tributos (ICMS). “Acreditamos que as perspectivas do setor são positivas, diante dos investimentos previstos pela Acelen, por exemplo, no processo de transição energética”. A Bahia possui a 2ª maior refinaria de petróleo do país e o segmento de refino responde por 24% do Valor da Transformação da Indústria do estado.
Bahia tem produção de energia limpa
O segmento de energias renováveis (eólica, solar, biomassa e hidrogênio verde) tem recebido investimentos significativos: entre 2017 e 2023, foram mais de R$ 120 bilhões. A Bahia possui o maior potencial do Brasil para a produção de energia limpa e renovável e atualmente a geração de energia eólica e solar do estado é maior que toda a energia produzida pela Chesf (11,2 GW contra 10,6 GW, respectivamente).
Indústria química terá redução em 2024
A indústria química, que responde por 22% da indústria de transformação baiana e é o 2º segmento mais importante, enfrenta o ciclo de baixa da petroquímica mundial e aumento das importações brasileiras de petroquímicos em 2023. O setor trabalha com a perspectiva de redução da produção em 2024, mas com índice menor que o de 2023, quando houve queda de 10,1% da produção química baiana.
Indústria baiana em números
Participação no PIB do Estado 24,9 %
Adiciona R$ 76,5 bilhões à economia local
Corresponde a 67% das exportações
Gera 451 mil empregos diretos, 18% do total de empregos no estado
Contribui com 55% da arrecadação do Estado
8º lugar no ranking nacional
7º na Indústria de Transformação
Maior polo industrial do Nordeste
Fonte: Observatório da Indústria da FIEB
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