ESTADUAL
Clubes da Série B do Baianão projetam recomeço por vaga na elite
Competição que garante acesso para duas equipes começa neste domingo
Por Celso Lopez

Com dificuldades financeiras, ano após ano os times do estado entram em um ciclo de recomeço a cada temporada. É isso que dará o tom da Segunda Divisão do Campeonato Baiano, que começa no domingo, 22. Um dos times mais tradicionais da região e primeiro tricampeão estadual, o Galícia também está em um processo de reconstrução, mas não só por causa do calendário. Com o time sem participar de competições oficiais há dois anos, o presidente Manolo Muiños creditou a volta à mudança de regulamento do torneio.
“Retornamos agora, tinha dois anos que não participávamos de competições oficiais, em virtude da pandemia e das obras do Parque Santiago, que está em reforma. E agora, por conta da possibilidade de ter duas vagas para subir e de um maior número de clubes, resolvemos participar, mesmo com a principal dificuldade de não ter um espaço próprio, e aí a logística fica muito complicada”, admitiu Muiños.
Uma novidade nos tempos recentes, a maior quantidade de vagas para subir à Série A do Campeonato Baiano só foi possível porque mais times participarão da competição, sendo 12 clubes no total. Contudo, de acordo com o pesquisador do futebol baiano Fred do Chame-Chame, a edição que mais teve times participantes na Segunda Divisão aconteceu em 1990, com 15 equipes.
Fred também confirmou que não é a primeira vez que a Segunda Divisão oferece duas oportunidades de acesso. Também foi assim nas edições de 1984 (ABB e Botafogo subiram), 1994 (Conquista e Eunápolis subiram), 1998 (Cruzeiro de Cruz das Almas e Atlético de Alagoinhas subiram) e 1999 (Colo-Colo e Fluminense de Feira subiram).
Ponto positivo para o Galícia, mas um pouco controverso para o treinador do Botafogo, time que terminou como vice-campeão da Série B na temporada passada, Sérgio Araújo. Segundo o técnico, apesar de democratizar a competição, a mudança torna ainda mais difícil subir para a Primeira Divisão, já que, ao invés de cinco adversários, os times enfrentarão 11.
“Essa possibilidade de duas equipes subirem é um avanço. Você dá a chance de chegar à final e já conseguir o acesso. Mas também temos que ver a questão da proporcionalidade. No passado você tinha seis equipes para disputar uma vaga, hoje você tem 12 para disputar duas”, afirmou Sérgio.
O presidente da Federação Bahiana de Futebol, Ricardo Lima, admitiu que as mudanças no regulamentos eram um sonho antigo, mas que a pandemia impediu os planos. “Nos preparamos para isso. Nos planejamos, já vínhamos nos reunindo e dialogando com os clubes, que também sabiam da importância de darmos juntos esse passo. Não pudemos promover essas mudanças antes devido à pandemia, mas, agora, conseguimos dar esse salto”, comemorou.
Por uma chance
As já conhecidas dificuldades enfrentadas pelos times do interior do Estado não diminuem com o passar do tempo. Sem contar a época atípica da pandemia, o planejamento das equipes exige uma temporada praticamente perfeita para atingir os objetivos almejados. Paulo Sales, que disputará a Série B no comando do Jequié, fez uma campanha histórica com o Barcelona de Ilhéus, fundado apenas em 2019 . O técnico admitiu, assim como Sérgio Araújo, do Botafogo, que o próprio calendário não ajuda nessa questão.
“O Barcelona realmente fez uma campanha histórica. Foi a primeira equipe, após subir, que fez uma campanha tão boa em toda a história do futebol baiano. Mas, infelizmente, o futebol do interior tem isso, você disputa o campeonato, realiza uma boa campanha e logo depois as camisas são guardadas e consequentemente todos, comissão, atleta e staff, estão desempregados. E foi o nosso caso lá”, lamentou Paulo Sales.
A exceção fica por conta do Grapiúna, vice-colocado da fase de pontos na temporada passada. O presidente Álvaro Castro explicitou que a expectativa é ainda melhor para esse ano, já que o time é mais forte. “Apesar de termos começado um pouco mais tarde a nossa preparação, montamos uma equipe ainda mais forte do que a do ano passado, então a expectativa é grande”, argumentou.
No caso do Galícia, o presidente Manolo Muiños assegurou que, apesar de o clube “ir para a luta”, o principal objetivo é a reconstrução a longo prazo. “É realmente um início, estamos buscando um recomeço para reconstruir nosso clube”.
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