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ESPORTES

Em Salvador, Nelson Piquet fala da cidade, Stock e F1

Por Ricardo Palmeira

15/11/2014 - 8:00 h
Nelson Piquet
Nelson Piquet -

Etapas da Stock Car são pratos cheios para presenças ilustres de grandes nomes midiáticos e esportivos. Em Salvador, o maior deles certamente será Nelson Piquet, tricampeão da Fórmula-1 (1981, 1983 e 1987). O lendário automobilista chegou quinta a Salvador e, hoje, estará presente no circuito do CAB. Ainda ontem, sem qualquer estardalhaço, ele circulava tranquilamente pelo CAB, acompanhando filho Pedro Piquet, 16 anos, que correrá na prova de hoje às 10h25 como convidado especial da equipe Linardi Sports, na Mercedes-Benz Challenge C250, categoria preliminar da Stock Car. Enquanto caminhava pelo circuito, Nelson Piquet topou dar uma parada para um exclusivo bate-papo com A TARDE.

Há uma semana, você deu uma entrevista ao site da ESPN na qual, embora tenha elogiado o nível atual dos pilotos, teria afirmado que "hoje, qualquer imbecil pilota na Fórmula-1". Você realmente tem essa visão?

Não é bem assim. Eu não quis dizer aquilo. Só que, muitas vezes, o cara escreve no site do jeito que bem entende. Na verdade, o que eu quis dizer foi que um piloto atualmente não precisa ter conhecimento técnico do carro para guiar na F-1. Antigamente, era necessário ao piloto um conhecimento muito grande para passar ao engenheiro. Hoje, o engenheiro já sabe tudo. Isso graças ao sistema de telemetria. Então, hoje, não é preciso experiência alguma. Basta saber guiar.

Outra crítica que você costuma fazer à F-1 atual é com relação à regra da asa móvel, que facilita a ultrapassagem, a tornando meio artificial. Você não acha que nessa nova F-1, com tanta tecnologia, realmente fica difícil auferir quem é um piloto bom de verdade?

Logicamente que um piloto que chega hoje à F-1, você vê que tem diferença com relação a um que já está há mais tempo na categoria. Atualmente, acho que a F-1 está em um grande nível, com pilotos muito rápidos como Hamilton, Nico Roseberg, Alonso, Vettel... Mas, é claro que está mais difícil diferenciar um grande piloto de um piloto comum. Não concordo com este sistema de asa móvel. O cara vem atrás, tem o direito a abrir a asa, ganha de repente mais 30 km/h na velocidade e passa com facilidade. Ultrapassar não requer mais competência do piloto. E era na hora da ultrapassagem que se via quem era quem na F-1. Na minha época, era difícil ultrapassar. Era ali que o piloto mostrava se era competente de verdade. A ultrapassagem era o momento em que estávamos mais propensos a errar. Aí, hoje, inventaram essas artimanhas como a asa móvel. Acho errado isso.

Na Stock Car, criaram o 'push-to-pass', botão que dá potência extra ao motor e que, pela regra, permite a quem vem atrás acioná-lo na hora da ultrapassagem. Você também critica a Stock Car por isso?

Sim, é a mesma coisa! Tudo foi artifício criado na busca por um espetáculo melhor. Fizeram tudo isso para o público, mas deixaram a esportividade e a competitividade de lado.

Recentemente, conversei com Ricardo Maurício, atual campeão da Stock Car, e ele me disse que é mais fácil a um piloto de carro de fórmula se dar bem em carro de turismo do que ao contrário. O argumento é que o carro de turismo é mais lento e, por isso, dá mais tempo ao piloto. Ou seja, a descoberta do limite do carro e todos os tempos de reação são menos difíceis. Tudo seria mais tranquilo. Você concorda?

É exatamente isso! Os carros de fórmula tem mais velocidade tanto em reta quanto em curva. Então, o piloto precisa ser... Como dizer (pensa na palavra)? Ele precisa ser mais sharp (algo como preciso e afiado, em inglês) para pilotar o carro no limite. O tempo de reação é mais curto. Geralmente, quem se especializa em carro de turismo não gosta de admitir isso. Porém, o que Ricardo Maurício disse é a verdade, o que não quer dizer que um piloto que venha de uma categoria de carro de turismo não possa se destacar na fórmula. Às vezes, ele se especializa naquela categoria porque prefere. Se tivesse ido para uma categoria de fórmula, poderia, sim, ser bem sucedido. Isso é subjetivo.

Seu filho Pedro vai competir hoje numa categoria preliminar da Stock Car. O que esperar dele para o futuro? Dá para ser um novo Nelson?

É muito prematuro dizer. Pedro acabou de fazer 16 anos. Ele começou neste ano na Fórmula-3 Brasil, recém-criada. E a categoria não é muito competitiva. Os outros pilotos são bem mais lentos (Pedro Piquet, já campeão, ganhou 9 das 14 corridas disputadas). Agora, como convidado, ele vai disputar sua primeira prova dessa categoria. Está tudo muito no início.

E Nelsinho Piquet, que muitos apostavam que seria seu sucessor, ficou meio apagado após aquela episódio do GP de Cingapura de 2008 (ele provocou propositadamente um acidente para beneficiar a estratégia de corrida de seu companheiro de Renault Fernando Alonso, que acabou vencedor do GP). Para vocês, esse episódio já faz parte do passado?

Hoje, Nelsinho tem corrido competições de rali indoor nos EUA. Aquele episódio foi um mal para todos. Quem fez meu filho fazer aquilo pagou por tudo (Nelsinho foi obrigado pela equipe a provocar o acidente sob pena de não ter seu contrato renovado para 2009). Quando eu soube do que ocorreu, exigi que o fato viesse a público e processamos o responsável pela ordem, o Flavio Briatore, então chefe da equipe Renault, e o banimos da F-1 (Nelsinho, por ter denunciado a trapaça e sido forçado a participar dela, acabou absolvido no processo). Logicamente que um ato como aquele recai também sobre Nelsinho. O processo não quer dizer que ele fosse inocente. Discordei do que ele fez. Ele também errou e pagou por isso.

Voltando à F-1, você acha que Hamilton leva o campeonato?

Hamilton é mais rápido que Roseberg. É mais piloto e favorito ao título. Mas, não é certo que vai ganhar. Ele pode perder o título se, de repente, tiver algum problema e abandonar a corrida. O que eu acho que não era injusto. Isso faz parte da competição. Agora, de outro modo, ele leva o campeonato.

Por que atualmente o Brasil não tem mais pilotos de ponta, com chances de título na F-1?

Simples: não há categorias de base! O kart atualmente é uma zona. Não tem organização. O kart está parecendo um bate-bate do ca$%#@... A F-3 Brasil está começando agora, sem grande competitividade. Hoje, no Brasil, só se preocupam com categorias de pilotos já formados, como a Stock Car. É muito difícil formar novos talentos assim.

Para terminar, tem gostado da estadia na Bahia? Já veio muitas vezes ao estado?

Pela minha atividade atual, já que minha empresa vende sistema de rastreamento de caminhão (Piquet também é dono de uma equipe que corre categorias automobilísticas pela América do Sul), eu passo o ano rodando o Brasil inteiro. Então, estou acostumado a vir à Bahia. Conheço bem Salvador e Feira de Santana. A Bahia é uma terra muito bacana, que eu adoro. Lembro do melhor Carnaval de minha vida. Foi em 1970, quando passei num acampamento na praia de Itapuã. Agora, desta vez está sendo uma passagem mais rápida. Estou ficando mais entre o hotel e a praia, sem sair muito pela cidade.

Mas, está sendo possível curtir um pouco?

Lógico. Salvador é muito bonita. Adoro vir para cá.

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