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Fessin se livra de receio por grave lesão e já se destaca no Bahia
Por Daniel Dórea

Quando menino, em Campina Grande, Fessin não tinha a aprovação da mãe no seu sonho de se tornar jogador de futebol. "Ela só achava que eu iria me machucar", lembra ele. Intuição certeira de mãe. Após se destacar muito jovem no ABC, foi vendido ao Corinthians, mas teve sua grande chance na vida atrapalhada por uma grave lesão.
Aos 19 anos, o paraibano precisou passar por uma cirurgia. Foi colocada uma haste intramedular para corrigir fratura na tíbia ocorrida em jogo da Copa São Paulo de 2019. Foram quase 11 meses fora dos gramados, e o trauma reverbera até hoje, com o meia-atacante já totalmente recuperado e titular do Bahia. Uma tremenda volta por cima. Ele iniciou as quatro partidas da sequência recente de triunfos do Esquadrão. E também começou o jogo da última sexta, no qual o Bahia foi massacrado pelo Red Bull Bragantino: 4 a 0.
No geral, porém, Fessin tem se saído bem. Mas a reviravolta demorou a acontecer. Antes de ganhar a primeira oportunidade como titular, escalado pelo técnico Mano Menezes na partida contra o Atlético-MG, no dia 20 de outubro, Fessin esteve esquecido no Esquadrão. Emprestado pelo Corinthians para iniciar a temporada no time sub-23 do Bahia, não conseguiu iniciar sequer uma partida sob o comando do técnico Dado Cavalcanti nos aspirantes. Na equipe principal, com Roger Machado, não jogou nem um minuto.
"Entendo totalmente os motivos de não ter tido oportunidades no início. Eu tinha muito receio ainda, por conta da minha lesão. Quando Mano Menezes chegou, eu já tinha perdido o receio e esperava começar a ter essas oportunidades", explica o paraibano, agora aos 21 anos e com 11 jogos disputados pela Série A do Brasileiro, seis deles como titular. Mas a grande atuação de Fessin pelo Bahia foi em outra competição.
Na terceira chance escalado desde o início, contra o Melgar, pela Copa Sul-Americana, no dia 6 de novembro, ele marcou dois belos gols, um chutando de primeira após cobrança de escanteio e outro driblando dois adversários antes de finalizar no alto. A posição, ele havia ganho em 17 de outubro, quando, depois de entrar no segundo tempo, marcou nos acréscimos o gol do empate por 1 a 1 com o Goiás.
"Estou indo bem. Creio que ter ficado dois anos sem jogar um jogo completo atrapalhou bastante, por isso posso melhorar ainda em todos os aspectos. Nunca vou estar satisfeito, sempre vou querer mais e mais", crava, ambicioso. Ao mesmo tempo, ele valoriza o que já conseguiu: "As coisas aconteceram muito rápido pra mim. Estava no meu melhor momento no ABC e fui contratado pelo Corinthians. Vinha muito bem no sub-20 até a lesão na Copa São Paulo e, por conta dela, não tive chance no time principal. Mas é um bom início de carreira. Tenho apenas 21 anos e muita lenha pra queimar ainda".
Alvorada
As conquistas são celebradas também pela dureza que era a vida do menino Jefferson Gabriel em Campina Grande. "Minha infância foi difícil. No Nordeste nós tempos pouquíssimas oportunidades. Além disso, minha mãe não me apoiava no futebol. Já meu pai, que é servente de pedreiro, gosta de futebol e me deixava jogar. Mas várias vezes eu tive que sair escondido", conta. Entre uma e outra fuga para pegar o baba, Fessin descobriu a escolinha Alvorada, do Professor Leonildo: "Aí veio a parte boa da minha infância. Foi lá que aprendi tudo e ganhei uma grande família que me preparou para o que estou vivendo hoje".
A partir da Alvorada, Fessin foi subindo degraus. Saiu da base do Sport Campina para a do ABC, time no qual estreou como profissional e começou a aparecer para o Brasil. Por R$ 2 milhões, o Corinthians o tirou da equipe potiguar, ao adquirir 80% dos seus direitos econômicos. Ao final do contrato de empréstimo ao Bahia, válido por uma temporada, ficou definido que, também por R$ 2 milhões, o Tricolor pode ter o atleta em definitivo com a compra de 40% dos direitos. O presidente do clube, Guilherme Bellintani, já afirmou que o clube tem interesse na aquisição, devido às condições favoráveis do negócio na parte financeira.
Entre seguir no time que o vem projetando ou retornar para tentar reescrever sua história no Corinthians, o jogador se coloca em cima do muro. "Não fico pensando nisso, essa parte deixo para meus empresários. Meu foco é jogar bem e ajudar a equipe em busca dos nossos objetivos na temporada". E quais seriam essas metas? Após tamanha superação na carreira, Fessin ignora as oscilações do time e mira o alto: "Nosso elenco é muito forte e vamos brigar pra ficar na parte de cima no Brasileirão, almejando classificação à Libertadores. E, sem dúvidas, vamos lutar pelo título tão sonhado da Sul-Americana".
Esse último desafio tem nova etapa na terça-feira, quando o Bahia inicia, na Fonte Nova, a disputa das oitavas de final contra o Unión Santa Fé (ARG).
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