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Juninho Capixaba: "Nunca perdi a esperança"
Por Daniel Dórea

Em 2015, aos 18 anos, uma estreia para encher um menino de esperança. Ainda conhecido apenas como Juninho, o garoto nascido em Cachoeiro de Itapemirim (ES) – a terra do Rei Roberto Carlos – iniciou a carreira profissional numa das partidas mais importantes do ano: Bahia x Santa Cruz, duelo direto na briga pelo acesso à Série A. Não deu nada certo.
Ele não foi bem, o Tricolor perdeu e acabou não subindo. Agora, quase dois anos depois, já com Juninho Capixaba como nome de guerra , o jovem de 20 anos superou um longo período sem muitas chances para ganhar a vaga de titular no Brasileiro da Série A.
Em entrevista exclusiva, ele fala sobre a espera pela oportunidade, além de lembrar da infância humilde e das mudanças de posição na base. Em relação à lesão no tornozelo e à possibilidade de atuar no próximo jogo, dia 11, contra o Atlético-GO, despista.
Após a estreia em 2015, você vinha nos dois anos seguintes de atuações só quando o treinador escalava time reserva. Chegou a achar que não teria mais chance no Bahia?
Não. Sabia que minha hora ia chegar em algum momento. Sou funcionário do clube e continuei trabalhando. Nunca perdi a esperança. Precisava acreditar no meu sonho de infância.
O que você pensava nesse período? O que te diziam?
As pessoas me falavam que eu precisava ter paciência, e tive. Escutei meus empresários. Chateado eu estive algumas vezes, mas era coisa de dia a dia. Nada que me tirasse a tranquilidade para voltar a trabalhar no outro dia.
Acredita que existe algum preconceito com os meninos da base do Bahia?
Isso vai da pessoa. Alguns dizem isso, mas eu nunca senti esse preconceito. Sempre trabalhei sem me preocupar se vinham jogadores de fora ou não.
Ainda na base, você chegou a trocar o Bahia pelo Vitória e depois voltou. Como foi isso?
Aconteceu em 2013. Na época, tive um problema com um diretor da base do Bahia e acabei indo embora. Fui para o Vitória e lá assinei meu primeiro contrato profissional, em 2014. Mas acabei sendo mandado embora e surgiu a oportunidade de voltar para o Bahia.
Quem foi o responsável por repatriar você?
Na época, quem me trouxe de volta foi Éder Ferrari (gerente de futebol do clube entre 2015 e 2016).
Como foi que você saiu do Espírito Santo e parou no Bahia?
Em 2011 eu estava morando em Campos dos Goytacazes, no interior do Rio, e treinava numa escolinha lá. Aí surgiu a chance numa peneira pra entrar no Bahia. Fui selecionado, mas não teve passagem e acabou não dando certo. Depois, teve uma segunda peneira e passei de novo. Aí, fiz dois dias de testes aqui em Salvador e fiquei.
Morou no alojamento?
Fiquei uma semana numa pousada e depois passei para o alojamento. Foi tranquilo. Sempre fui bem tratado no Fazendão.
E antes disso, como era sua infância? Fazia alguma coisa além de jogar bola?
Eu estudava, né? E, quando fui morar em Campos, com uns 11 anos, comecei a ajudar minha mãe, que trabalhava com serviços gerais. Às vezes capinava um quintal pra ela e ganhava uns trocados. Também ajudava meu tio, que levava entulho na carroça. Mas sempre jogando bola, na rua e na escolinha. Minha família não tinha condição de pagar as coisas. Chuteira eu ganhava de presente, às vezes do treinador ou do pai de um colega. Só quando cheguei ao Bahia tudo começou a melhorar.
Como você avalia suas atuações neste Brasileiro?
Fiz partidas boas, não excelentes como quero fazer. Estou me adaptando, é uma nova etapa pra mim, mas já deu pra mostrar um pouco do meu futebol.
Parece que você está priorizando a parte defensiva...
Digo que o lateral é quase como um 'terceiro zagueiro'. Primeiro tem que marcar e depois, se tiver chance, ajudar lá na frente.
Era uma dificuldade que você tinha por ser meia de origem?
Na verdade, tenho facilidade pra marcar. Mas venho trabalhando pra melhorar.
Agora você já se considera um lateral esquerdo?
Não sou só lateral. Jogo também de meia e volante, e acho que faço bem feito. Mas minha posição atual é lateral esquerdo mesmo.
De quem foi a ideia dessa mudança de posição?
Éder (Ferrari) e Aroldo (Moreira, técnico do sub-20) me falaram que eu poderia ter maior produtividade como lateral. E aí acabei me jogando. Fui até atacante de beirada na base, mas me adaptei à nova função.
Você estava torcendo pela efetivação do técnico Preto?
Não sei se é torcer, mas tenho uma amizade grande com ele. Sempre me ajudou com ensinamentos e conselhos quando era auxiliar. Fiquei feliz porque ele merecia essa oportunidade.
Agora que acabou a indefinição, o que você enxerga para o time no 2º turno do Brasileiro?
O Bahia sempre pode dar mais. Não deveria estar brigando contra o rebaixamento. Tem elenco pra brigar até entre os seis primeiros. Nossa realidade no momento é ruim, mas vamos dar a volta por cima.
E a lesão no tornozelo? O médico falou em 15 dias de recuperação. Acha que dá pra jogar contra o Atlético-GO?
Não tenho como antecipar. Estou fazendo tratamento em dois períodos, mas ainda não dá pra ter certeza.
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