ELEIÇÕES VITÓRIA
"Nós amamos o Vitória e não o poder sobre ele", diz José Guerra
O Portal A tarde conversou com candidato ao cargo de presidente da Frente Popular
Por Marcos Valença
Defensor de uma discussão ampla e um processo minucioso de auditoria e reestruturação de seus processos internos antes de o Vitória torna-se uma SAF, esse é um dos pensamentos do candidato ao cargo de presidente do Vitória, José Guerra, em pleito que ocorre marcada para o dia 10 de setembro que vai escolher o novo presidente do clube, no Complexo Barradão, das 9h às 19h.
Servidor público, bacharel em direito e especialista em políticas públicas e gestão governamental defende uma alternativa de profissionalização, modernização e transparência para o clube e conversou sobre outros temas em entrevista ao portal A Tarde.
1- Gostaríamos primeiro de uma apresentação e saber por que você é o melhor candidato para presidir o Vitória?
Me chamo José Guerra, tenho 45 anos, sou casado e pai de 3 filhos leõezinhos. Sou servidor público, bacharel em direito e especialista em políticas públicas e gestão governamental. Sou apaixonado pelo Vitória, frequentador assíduo da arquibancada do Barradão desde que me entendo por gente. Fui fundador e colaborador de diversos grupos de rubro-negros, a exemplo da Vitória Candango, de Brasília. Há bastante tempo decidi participar da vida política do clube, motivado em ajudar a construir um clube mais democrático, profissional, popular e vencedor. Não à toa faço parte da Frente Vitória Popular, onde encontrei torcedores que compartilham da mesma sinergia. Representando a todos eles, sou candidato à presidência do Esporte Clube Vitória e apresento uma alternativa de profissionalização, modernização e transparência para o nosso clube.
2- A Frente Vitória Popular esteve presente em outras eleições, mas essa é a primeira vez que lança um candidato para presidente. O que fez vocês acharem que é o momento ideal?
Nós amamos o Vitória e não o poder sobre ele. Temos responsabilidade e humildade em reconhecer que na primeira eleição não estávamos prontos para ter um candidato ao Conselho Diretor. De lá pra cá, a Frente Vitória Popular foi o único agrupamento que manteve a coerência e se colocou, aberta e francamente, contra o grupo que levou um clube do tamanho do Vitória a esta situação vexatória em que estamos. Por isso nos preparamos, estudamos a estrutura do clube em todos os âmbitos, participamos como protagonistas nas reformas do estatuto e estamos prontos para ser uma alternativa viável ao torcedor que almeja uma gestão democrática, profissional, transparente e popular.
3- Ainda falando do processo eleitoral, a democracia no Vitória é nova e as campanhas ruins dos últimos anos fizeram com que muitos torcedores deixassem de ser sócios, como vocês imaginam o quadro de votantes e como chegar neles?
Acreditamos que a democracia no Esporte Clube Vitória ainda tem muito o que evoluir, e que ela não deve ficar restrita às eleições trienais. Para isso, é preciso que a direção seja transparente, que os torcedores tenham conhecimento sobre o que ocorre no clube e que sejam incentivados a participar do seu dia-a-dia. Isso, somado aos resultados em campo e a uma administração profissional em todas as esferas do clube, inclusive no marketing e relação com os torcedores, consolidará o crescimento do quadro de associados. É preciso criar um círculo virtuoso na relação entre o clube e a nação rubro negra.
4- O Vitória vive uma crise financeira grande por conta de gastos excessivos de presidentes anteriores e os rebaixamentos sofridos pelo clube. Como você acredita que possa reverter essa dificuldade financeira?
É preciso antes de tudo ter muito cuidado com análises catastróficas, que só nos levam a atitudes impensadas. A dívida do clube, embora seja muito alta, está em boa parte renegociada e equacionada. A Frente Vitória Popular, inclusive, sugeriu ao clube aderir à renegociação. Além disso, o Vitória é um formador de atletas de primeira linha, tem patrimônio e infraestrutura de alto padrão e uma torcida que demonstra dia após dia seu amor incondicional. Tudo isso, sendo gerido de forma profissional e transparente, se torna uma fonte de recursos que nos colocará em situação financeira muito mais confortável. É preciso reiterar que uma gestão profissional, moderna e transparente tornará o clube mais atrativo a parcerias que gerem receitas. Inclusive já estamos prospectando algumas que poderão ser implementadas assim que tomarmos posse.
5- Muitos clubes estão passando pelo processo de Sociedade Anônima do Futebol (SAF), você acredita ser esse o caminho do Vitória? Você defende? Qual o modelo que vocês acreditam que dão certo?
O estatuto do Vitória passou recentemente por uma reforma e foi da Frente Vitória Popular a proposta que prevê um cuidadoso processo para a criação de uma SAF. Ou seja, não somos contrários. No entanto, defendemos que antes de qualquer discussão dessa ordem o Vitória deve passar por um processo minucioso de auditoria e reestruturação de seus processos internos. É preciso trazer o Vitória para os padrões mais atuais de gestão em todos os seus departamentos. Só após isso poderemos passar para o necessário debate sobre a SAF.
6- Quem ganhar a eleição vai ter que trabalhar com duas previsões orçamentárias. Uma para a Série B e outra para a Série C. Como viver com essa diferença que começa com o direito de transmissões (cada clube da Segunda Divisão recebe ao menos R$7 milhões?)
A gente se preparou para todos esses cenários, vamos detalhar todos os pontos em nosso projeto que será lançado em breve. Mas posso adiantar que teremos algumas diretrizes que vão nos ajudar nessa conta, uma na utilização de atletas das divisões de base na montagem do elenco principal e outra na reestruturação administrativa. Um clube organizado e transparente será muito mais atrativo aos parceiros e principalmente ao sócio-torcedor. Vale lembrar que éramos pouco mais de 6 mil sócios até um mês atrás e temos potencial para quintuplicar esse número. Nós vamos tratar bem esse patrimônio que é a nossa torcida e ela vai se sentir parte do clube.
7- Dívidas sempre atrapalham os clubes, mas o Rubro-Negro hoje está proibido de contratar por conta de um débito com o Boca Júnior, por conta da aquisição de Walter Bou na gestão Ricardo David, e está próximo de uma outra proibição por conta do débito Universidade Católica, por conta do débito na negociação envolvendo Jordy Caicedo, como enfrentar esses dois problemas que podem impedir o clube de fazer as contratações?
Como já colocamos na pergunta anterior, todos os cenários que projetamos para o futebol profissional em nosso mandato tem como diretriz a utilização intensiva da base, o que diminui em parte os efeitos de possíveis proibições. E também projetamos a atração de parcerias e de sócios-torcedores para gerar uma receita que nos permita um equilíbrio financeiro. Mas é importante dizer que esses problemas são frutos de uma atuação amadora, personalista e opaca de dirigentes que se diziam entendidos, cujas práticas infelizmente continuam no clube através de seus aliados. Nosso projeto propõe uma gestão profissional, transparente e moderna para que esses erros não se repitam.
8- Qual recado que você deixa para o torcedor do Leão para as próximas temporadas?
Eu também sou torcedor, então usarei a primeira pessoa. Nós torcedores somos colossais e estamos provando isso nesta Série C. Não existe um futuro para o Vitória sem a nossa participação. E só a nossa chapa possui coerência e transparência nesse quesito. O Vitória demorou muito para permitir ao seu torcedor que pudesse escolher quem e como vai gerir o clube. Devemos dar o devido valor a essa conquista e garantir que continuaremos aptos a construir um Vitória democrático, profissional, popular e vencedor!
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