EC.VITÓRIA
O xadrez de Burse
Planejamento do Leão é incerto e aposta pode ser naquilo que o clube já possui
Por Celso Lopez
A cada dia de pós-temporada que passa, o torcedor do Vitória recebe uma má notícia sobre a situação financeira do clube. Impedido de fazer novas contratações por conta de um transfer ban designado pela Fifa, conseguir novos reforços ainda é um sonho. Sem muitas certezas sobre 2023, o técnico João Burse já terá que projetar um início de ano com as peças que tem e mexer no tabuleiro de jogadores para manter a Fábrica de Craques como uma equipe competitiva, a fim de começar a disputa da Série B sem levar grandes sustos.
Além dos problemas atuais, o futuro do Leão também se mostra comprometido. O Vitória está impedido de receber a primeira cota da Copa do Brasil de 2023 por causa de uma dívida trabalhista. “A gente não vai receber a primeira cota. Ela está bloqueada por uma ação trabalhista de Wallyson [ex-jogador do time]. Não vamos receber esse recurso. Ação trabalhista que ganhou no Rio Grande do Norte. E o ofício saiu bloqueando a cota”, explicou Fábio Mota em entrevista ao programa ‘Segue o BAba’, do portal GE.
Entre saídas, renovações de contrato e retorno de atletas, a dúvida que fica é: quem representará o escudo rubro-negro no ano que vem? Essa é uma pergunta difícil de responder, até porque a diretoria do Leão ainda está em tratativas para tentar renovar com atletas como Santiago Tréllez, por exemplo. Mas já há confirmações de que alguns jogadores não estarão no elenco na próxima temporada. Dentre eles o zagueiro Wallace, que já teve três passagens pela instituição e não retornará após o empréstimo ao Brusque, por receber um salário alto demais para a realidade atual do Leão. Além dele, Foguinho, Thiaguinho e Dinei, que se aposentou recentemente, também não estão nos planos para 2023.
Com 32 jogadores contratados na temporada, muitos dos vínculos foram por empréstimo. Após a chegada de outubro, o tempo de muitas dessas transações chegou ao fim. Logo, jogadores como Zé Vitor, Vicente, Thiaguinho e o lateral esquerdo Sanchez, que foi titular em grande parte da temporada, não irão permanecer na equipe. No entanto, o clube também terá alguns atletas emprestados de volta. É o caso do volante João Victor, do volante Rodrigo Andrade e do goleiro Caíque. Desses, os últimos dois têm futuro incerto, mas Burse já demonstrou interesse em João Victor.
Se a maioria dos jogadores que sairão não parece deixar saudades, com certeza o fim de contrato que o torcedor mais sentiu até agora foi o do zagueiro Alan Santos. Capitão e parceiro titular de Marco Antônio, o atleta foi uma das peças fundamentais para o retorno à Série B, mas não chegou a um acordo com a diretoria para a renovação.
Permanecer é reforçar
Como não dá para pensar em mercado de transferências ainda, o maior reforço do Vitória nos próximos meses será a manutenção de seus atletas, sobretudo dos titulares. Dentre os 11 ideais de João Burse ao fim da Segunda Divisão, sete já estão garantidos para disputar ao menos o começo da próxima temporada. No momento, a maior dúvida gira em torno da permanência de Tréllez.
“Nós recebemos a proposta de Tréllez, fizemos a contraproposta e estamos esperando a resposta dele. A gente sabe que tem prazo. E como a gente está com transfer ban [punição da Fifa], se o contrato de Tréllez vencer, deixamos de ter interesse. O Vitória, neste momento, pode renovar contratos. Não pode fazer contratos novos. Acho que a gente vai conseguir chegar a esse acordo”, comentou o presidente Fábio Mota, otimista com a situação.
Para Burse, mais de meio time já está completo. Dalton, Marco Antônio, Léo Gomes, Eduardo, Dionísio, Gabriel Honório e Rafinha estão garantidos no Leão de 2023. Com essas opções e no contexto atual sem novos reforços, as maiores preocupações do técnico serão a lateral direita, que não tem ninguém, e ter outro defensor. Junto de Marco Antônio, somente o jovem zagueiro Carlos está disponível para Burse.
Um provável Vitória para o início de 2023 pode ter: Dalton (goleiro), Marco Antônio e Carlos (zagueiros), Guilherme Lazaroni (lateral esquerdo), Léo Gomes (volante), Dionísio, Eduardo e Gabriel Honório (meias), Rafinha e Alisson Santos (atacantes). Com isso, a lateral direita ainda precisa de reposição imediata.
No fim, os problemas financeiros são o principal rival do Rubro-Negro para a temporada de 2023. Até agora, sem acordos com a CBF e com cada vez mais problemas no horizonte, a meta de voltar à elite do futebol brasileiro em 2024 se mostra complexa. Para a temporada seguinte, conseguir estabilidade na Segunda Divisão parece um objetivo mais viável. Contudo, os pesadelos deste ano ainda não terminaram, como comenta Fábio Mota.
“A grande dificuldade é que o Vitória tem que pagar [os salários] o mês de setembro, outubro e novembro. Os jogadores já vão se apresentar no dia 29 de novembro. Os contratos que renovamos agora, somos obrigados a pagar. Como a gente está com crise financeira muito grande... Mas você não tem solução”.
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