EC.VITÓRIA
“Preciso colocar dinheiro no Vitória, não tirar”, diz Fábio Mota
Por Rafael Teles

Fábio Mota viveu, na quinta-feira, 28, o primeiro dos 30 dias em que será presidente interino do Vitória. Ele foi eleito para gerir o Conselho Deliberativo do Rubro-Negro em 2019, e chegou ao cargo máximo do clube após o pedido de licença de Luiz Henrique Viana, vice de Paulo Carneiro, que está afastado do cargo enquanto é investigado por gestão temerária.
No primeiro dia de trabalho como presidente do clube, Fábio Mota conversou com o A TARDE e falou sobre os planos para os próximos 30 dias. Período esse que coincide com o fim da Série B do Campeonato Brasileiro. Ou seja, é sob a gerência dele que o Leão vai definir a permanência, ou não, na Segunda Divisão.
“Eu vou passar 30 dias fazendo tudo que eu puder, em todas as áreas, para tentar tirar o time dessa situação. Buscar ajuda na área financeira, técnica e psicológica, onde for possível. Se conseguirmos, ótimo. Se não, pelo menos eu fiz minha parte e não fui omisso”, afirmou Mota, que, além das ocupações na Toca do Leão, é também Secretário de Cultura e Turismo de Salvador.
Na entrevista que segue pelas próximas linhas, o presidente interino afirmou que não vai participar das próximas eleições, explicou como vai atuar o “grupo gestor” montado por conselheiros para comandar o Vitória, falou o que pretende fazer de diferente de Paulo Carneiro e detalhou a atual situação e os próximos passos do caso que envolve o afastamento do cartola.
Como vai funcionar o ‘grupo gestor’ que você citou?
Na verdade, isso já está acontecendo. Desde a saída do presidente afastado, nós já estamos dentro do clube com vários conselheiros ajudando nas tomadas de decisão. Manoel Matos com questões financeiras, Ademar Lemos com a parte de futebol, Tiago Noronha está na parte da divisão de base, temos pessoas que acompanham as questões jurídicas. Enfim, o que vamos fazer agora é normatizar esse grupo gestor. Vamos definir as competências e responsabilidades de cada um, e eu vou liderar esse grupo com atribuições para que cada área se desenvolva da melhor forma possível. Esse é o nosso plano de trabalho.
Como isso difere do trabalho que vinha sendo feito no clube por Paulo Carneiro?
Evidente que hoje em dia, nas grandes empresas modernas, não existe mais uma administração feita por uma pessoa só. O presidente não pode ser o único mandatário, o único tomador de decisões, o único que assina, isso é coisa do passado, é retrógrado. Nas gestões modernas, hoje, você tem que dividir responsabilidades e ouvir diferentes opiniões. O Vitória passou os últimos três anos com uma única pessoa mandando, isso é coisa do passado. Não podemos fazer isso. Com o conselho gestor vamos dividir essas responsabilidades. Por exemplo, no meu caso minha formação é jurista. Não posso ajudar na área financeira. Tenho que pegar alguém que toque o barco. No fim, vamos fazer reuniões e tomar decisões com base nas decisões técnicas de cada área dessas.
Nesta quinta, aconteceu a primeira reunião com você como presidente, o que foi debatido?
Foi uma reunião justamente para alinhar essas questões do grupo gestor com os conselheiros que estão na linha de frente para ajudar o clube.
Com você como presidente interino, quem fica à frente do Conselho Deliberativo?
Não existe essa deliberação no estatuto. Eu continuo presidente do Conselho Deliberativo, e interinamente assumi a presidência do Vitória por 30 dias. É como se fosse uma acumulação.
Esses 30 dias com você à frente do clube coincidem com o término da Série B. O que é possível ser feito pelo objetivo de salvação do Vitória nesta reta final de campeonato?
É uma situação complicada, né?! O Vitória está há mais de 15 rodadas na zona de rebaixamento, e enfrenta uma situação financeira que é uma das piores da história do clube. Eu sei que é muito difícil, vamos ter que ganhar quatro jogos em sete, mas todo o meu foco, toda a minha energia vai ser voltada para livrar o Vitória do rebaixamento. Eu vou passar 30 dias fazendo tudo que eu puder, em todas as áreas, para tentar tirar o time dessa situação. Buscar ajuda na área financeira, técnica e psicológica, onde for possível. Se conseguirmos, ótimo. Se não, pelo menos eu fiz minha parte e não fui omisso.
Como conciliar o Vitória com a secretaria de cultura?
O conselho gestor vai ter suas atribuições e cada um vai fazer o seu dever de casa, todos os dias. No fim do dia, depois do expediente, vai ser a hora de acompanhar cada um dos conselheiros para saber como caminham as demandas.
O grupo gestor seria o prenúncio de uma chapa para a próxima eleição?
Não, não. Ninguém está pensando em chapa. O foco é ajudar o Vitória hoje, ajudar o Vitória agora. Quero deixar bem claro que não vou ser candidato na próxima eleição, nem vou receber nenhum salário enquanto for presidente interino do Vitória. Eu preciso arrumar um jeito de colocar dinheiro no Vitória, e não de tirar. No mais, vou cumprir meu mandato como presidente do Conselho Deliberativo, que vai até o ano que vem. Depois disso, minha contribuição com o Vitória já terá sido dada.
Pode explicar como está a situação do presidente afastado, Paulo Carneiro?
A comissão processante estava com o relatório pronto para ser votado na reunião desta semana, mas o presidente afastado entrou com um requerimento para que oito testemunhas fossem ouvidas. Diante disso, ficou prejudicado o prazo para a produção do relatório. Então, a comissão pediu mais tempo para ouvir as testemunhas e fazer as atribuições finais. Em função disso, houve também um pedido de um novo afastamento do presidente afastado, que foi votado e confirmado por unanimidade pelo conselho.
E quais são os próximos passos dessa situação?
No fim desse prazo (fixado em 60 dias), o relatório vai ser lido e o teor dele vai ser votado. A decisão pode ser pela volta do presidente afastado, por um novo afastamento temporário, ou por uma saída definitiva. Cada decisão dessa terá uma causa. Se for um afastamento definitivo, vamos convocar uma Assembléia Geral Extraordinária (AGE) para confirmar a saída e iniciar um novo processo eleitoral.
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