Itabuna almeja o pódio do Baiano e vaga na Copa do Nordeste

O que significa vencer um dos maiores clubes do estado na casa dele? Na verdade, vencer não é a melhor palavra. O Itabuna goleou o Vitória, por 4 a 1, em pleno Barradão, no último domingo. Para o Dragão do Sul, a partida serve como coroação de um trabalho, ainda em andamento, que visa alçar o clube entre potências do Nordeste, além de ser um combustível para que busquem voos ainda maiores na competição.

Sem frequentar a série A do campeonato baiano há 10 anos, a equipe retornou à elite do estadual neste ano. Após a campanha na última série B, o técnico Sérgio Araújo foi mantido como comandante de um clube que vive um novo projeto interno que é refletido em campo. Em meio a um processo para virar SAF, o Itabuna conta com um projeto ambicioso, que vem superando expectativas até mesmo da diretoria.

Com a chegada de uma nova direção há cerca de um ano atrás, a meta, traçada junto a presidência do clube, era clara: estar na elite do Baiano em até três anos. Em campo, a coisa foi ainda melhor. Em questão de meses, o Dragão do Sul contratou Sérgio Araújo como técnico e confirmou seu retorno à primeira divisão, após boa campanha. Desde então, a ambição cresceu e os planos, agora, são outros.

Duas pessoas que fazem parte da linha de frente do clube sentiram, no último jogo, um ar familiar ao entrar no Barradão. Isso porque Gerson Figueiredo e Leonardo Amoedo são atuais diretores do clube e acumulam passagens pela direção do Vitória. Hoje investidor e responsável pelo planejamento no Itabuna, Amoedo foi diretor estatutário do Leão e deixou o clube em 2017. Gerson, por sua vez, foi assessor especial de Sinval Vieira, ex-presidente, e cuidava do setor da base.

Linha de trabalho

O passado rubro-negro e a experiência na elite do futebol, em um momento turbulento por lá, deixaram fortes lições para eles. “Sabemos o que não fazer. Temos consciência de que a gestão e a governança precisam estar acima da política”, afirmou Amoedo.

O dirigente confia muito no trabalho feito no clube do Sul e é um forte entusiasta do modelo SAF. “Nada contra o Clube Social, mas não acreditamos que o futebol pode ser feito dessa forma. Cremos nos princípios de administração moderna”, disse o mandatário. O clube do sul aguarda trâmites burocráticos para se tornar SAF, que já foi aprovada.

No Itabuna, por exemplo, as contratações não são decididas pelo treinador. Sérgio Araújo, no qual o clube confia muito, trabalha dentro de um modelo de negócio estabelecido dentro da equipe. Nela, tem o poder de vetar algum nome, mas toda indicação feita pelo técnico passa por algumas etapas, incluindo análise pelo Comitê de Futebol e o Centro de Inteligência do clube. “Há uma diretriz, um modelo de trabalho, que é alinhado com a diretoria”, ressaltou o diretor.

Sobre metas para o ano de 2023, Leonardo crava: quer ficar entre os três primeiros no Baiano. Sabe das dificuldades e que enfrenta clubes sérios na briga pelo pódio. “Respeitamos muito os adversários. Se não conseguirmos ficar entre os três, queremos entre os quatro, que pelo menos brigamos por uma vaga na Copa do Nordeste, que é nosso principal objetivo. Queremos estar nas Copas do Nordeste e do Brasil”, disse.

Para impulsionar os objetivos, o clube conta com um forte modelo de meritocracia e premiação. Com metas agressivas por vitórias - desde que o clube fique entre os 4 - e participação do jogador, como por assistência, gol, presença no banco, escalação, etc. “Com esse modelo, o atleta pode fazer até cinco vezes o seu salário”, finalizou Leonardo.

Gerson Figueiredo, CEO do Dragão do Sul, decidiu por fazer jogos-treinos na pré-temporada contra o Vitória e o Bahia. Nas duas partidas, perdeu e sequer marcou gols. Para Gerson, a preparação antes do Baiano foi importante e, de lá pra cá, mudanças no time o fizeram encaixar e ‘dar liga’.

“Reunimos os caras da bola e achamos por bem fazer esses amistosos. Nos fez muito bem e, com isso, traçamos um plano para o campeonato baiano”, afirma Figueiredo. Para ele, a contratação de Cesinha, autor de dois gols contra o Rubro-Negro, foi fundamental na virada positiva de um time que não para por aí: tem certeza que o Itabuna veio pra ficar.

Voando baixo em campo, o lema no Itabuna é ‘pés no chão’. Segundo Figueiredo, os atletas tinham até meia noite do jogo para comemorar, mas ontem já tinham que pensar no Barcelona de Ilhéus, próximo adversário do Dragão. Fora de casa, o time entra em campo em busca de seguir 100% e líder do Baianão.