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ENTREVISTA

“Sendo leve, corro mais”, diz Alison dos Santos

Atleta paulista roubou a cena durante Prêmio Brasil Olímpico

Por Daniel Dórea

09/12/2021 - 7:30 h
O Prêmio Brasil Olímpico, na última terça-feira, 7, foi sediado pela primeira vez em 22 anos no Nordeste. E os atletas da região brilharam no evento em Aracaju, depois do desempenho espetacular na Olimpíada de Tóquio, com quatro medalhas de ouro.
Porém, o A TARDE se fez presente na capital sergipana e é preciso reconhecer: um paulista roubou a cena por lá. Ninguém atraiu mais atenção que Piu no Teatro Tobias Barreto. Piu, um singelo apelido que faz jus à leveza do personagem construído por Alison dos Santos, uma figuraça de 21 anos e 2 metros de altura que superou uma dura infância e até um acidente doméstico que o marcou. Óleo fervente escapou da panela e deixou cicatrizes no menino de 10 anos, que hoje tem uma falha no cabelo, uma medalha de bronze olímpica nos 400 m com barreiras e muita alegria de viver.
“Fico feliz de transmitir alegria para as pessoas”, vibrou Piu em conversa com a reportagem em Aracaju, entre um passo esquisito de dança, uma tirada engraçada e um aceno simpático a quem não conhecia. Na entrevista, Alison falou sobre o jeito de ser que conquistou o país, mas também sobre a preparação para Paris-2024. Revelou até uma mudança de estratégia para melhorar seu desempenho.
Essa alegria que você tem nas competições, nas entrevistas, é algo que arrebatou o povo brasileiro. De onde veio esse jeito de ser? Você sempre foi assim? Isso te ajuda nas pistas?
Eu sempre gosto de comentar sobre a leveza que isso traz. E você corre muito mais rápido quando você está leve. E eu me sinto bem sendo assim, tanto nas pistas quanto fora. Me sinto bem estando leve, descontraído. Obviamente, na final dos Jogos Olímpicos eu estava nervoso, tenso, mas ao mesmo tempo leve, tranquilo, ciente de que eu tinha feito tudo que eu podia fazer. Só tinha que botar em prática tudo que eu estava treinando. No meio que eu cresci, todo mundo era meio que assim. Meu pai também é assim, muito de boa, brincalhão, zen. Se você tentar estressar ele, você que vai se estressar de tão calmo que ele é. E meus amigos também são todos da resenha, da brincadeira.
Tem aquela velha história de que o cara fica famoso, isso sobe à cabeça, o cara esquece os amigos, as origens. Isso não aconteceu com você, né?
Nada muda. Eu não sou melhor que ninguém por ter uma medalha olímpica, por ser o terceiro mais rápido da história. Todos somos iguais, de carne e osso. Então, não tem por que mudar, não tem lógica mudar. Obviamente, hoje eu tenho um peso a mais, pela influência que posso exercer nas pessoas. Só que não subiu pra cabeça, isso nunca vai acontecer. As amizades são as mesmas, apesar de que chegaram também amizades novas. Mas pode perguntar a todo mundo que já me conhecia antes dos Jogos Olímpicos. ‘Pô, como é o Pio, ele mudou?’. Vão responder que é a mesma coisa. ‘Se pá’ podem até falar que fiquei mais chato (risos).
Na última terça-feira, foi entregue o Prêmio Brasil Olímpico. Você venceu no atletismo, mas ainda não disputou na categoria principal, a de melhor atleta. É um objetivo seu?
Com certeza. Tenho o sonho de participar desse prêmio, que é algo muito gratificante pra gente. Quero evoluir também pra isso.
Nesta edição, em Aracaju, foi uma festa nordestina, com cinco atletas da região entre os seis concorrentes ao maior prêmio. No feminino, levou Rebeca Andrade, paulista. Mas no masculino deu Isaquias Queiroz, baiano. Como você vê essa geração de atletas do Nordeste? Vejo que o modo bem humorado deles de encarar a vida combina com o seu. Qual sua relação com eles?
São pessoas incríveis. Tenho amizade com eles, a gente conversa, resenha. É todo mundo muito brincalhão. A energia bate com a minha. Isso é muito bom porque traz uma leveza para o esporte. Ser feliz treinando, competindo, é muito bom pra gente.
Voltando o foco para as competições, o atual ciclo olímpico será mais curto. Vai durar três anos ao invés de quatro. Como você vê isso? E qual é sua meta para Paris-2024?
O ponto positivo é que chega mais cedo, né? E o ponto negativo é que a gente tem menos tempo pra treinar. Eu estou muito contente com o que a gente fez até agora, só que não quero parar por aqui. Estou muito feliz por ter corrido 46s72, ter feito a quarta melhor marca da história. Sou o terceiro atleta mais rápido da história. Só que a gente quer mais. E não é ganhar do Warlhom [Karsten, norueguês campeão olímpico] ou do Benjamin [Rai, americano medalha de prata em Tóquio]. A gente quer ganhar da gente, ser um Piu melhor a cada dia. Eu só tenho muita esperança e motivação para que nas próximas temporadas a gente consiga correr bem e possa dar tudo certo.
Falando mais especificamente, qual é a sua ideia de trabalho, de preparação, para a próxima Olimpíada?
A ideia é evoluir, melhorar pouco a pouco a cada temporada. E no ano que vem vamos fazer algumas mudanças táticas na minha prova. É algo que a gente precisa fazer urgentemente. Eu já não estava conseguindo correr tão bem com a tática anterior. Então, vamos mudar, trabalhar em cima disso e, depois de mudar essa tática, vamos ver no que vai dar, porque vai ser algo novo. Não tem como garantir resultado, mas estamos muito otimistas que isso me dê mais liberdade na prova, me deixe mais eficiente.
É sério que você acha que não estava correndo bem?
É claro que fiquei muito contente com os meus resultados na Olimpíada, só que tem algumas coisas, alguns detalhezinhos pequenos, que eu poderia ter feito melhor. Foi isso que eu quis dizer. Mas estou indo bem, é claro. Estou saudável, com perna, mas alguns detalhes táticos acabam atrapalhando em alguns momentos.
E essa prova espetacular dos 400 m com barreiras em Tóquio, com todos correndo abaixo do recorde olímpico anterior? Como explicar isso? Você não pensa ‘Pô, logo na minha vez de brilhar os caras também resolvem correr tanto assim’?
Tem duas maneiras de enxergar a situação. Fico triste por estar muito forte, mas ter outros ainda mais fortes, só que fico também feliz simplesmente por estar muito forte. E fico feliz de estar vivendo essa época dos 400 m com barreiras, algo que nunca existiu.
Tem explicação para esse nível absurdo de tantos atletas?
A explicação é que somos todos muito competitivos. Tenho que trabalhar muito porque sei que Warholm tá trabalhando muito, Benjamin, McMaster [Kyron, das Ilhas Virgens Britânicas], Samba [Abderrahman, do Qatar], todos estão empenhados. Por isso, tenho que ser perfeito, buscar sempre a perfeição nos treinamentos porque vão ter atletas treinando também pra conseguir a mesma coisa.
Como avalia a imagem que você passa hoje como atleta e ser humano?
Você tem que acreditar no seu sonho, em você, em quem trabalha com você. A gente é capaz de realizar tudo que a gente deseja. Tem que batalhar pra isso. A imagem que quero deixar é essa motivação, passar coisas boas pra quem me acompanha. Trazer felicidade para o povo. Ainda mais nesse período de pandemia que a gente vive, fico feliz de ter conseguido transmitir alegria para as pessoas.

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