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29/07/2022 às 5:15 - há XX semanas | Autor: Luiz Teles

ENTREVISTA

Zico: "O futebol precisa cuidar melhor de sua memória"

Ex-jogador estará em Salvador na semana que vem para lançar o livro ‘A História de todos os gols de Zico’,

Zico, craque da Seleção Brasileira e do Flamengo
Zico, craque da Seleção Brasileira e do Flamengo -

Um dos maiores craques de todos os tempos, Arthur Antunes Coimbra, o Zico, estará em Salvador na semana que vem (dia 4 de agosto) para lançar o livro ‘A História de todos os gols de Zico’, em noite de autógrafos no livro e fotos, exclusiva para quem adquirir a biografia, que acontece a partir das 18h, no Salvador Norte Shopping. No local, crianças e adultos também poderão se divertir no Zico Park, uma exposição interativa inédita sobre a vida do ídolo, instalada numa área de 180 m².

Escrito pelos flamenguistas Bruno Lucena, Marcelo Abinader e Mário Helvécio, o livro descreve a trajetória do atleta tendo os seus tentos como fio condutor, além de muitas estatísticas, rankings e curiosidades.

Por telefone, Zico, que celebra 70 anos em 2023 , conversou com a reportagem do A TARDE sobre o livro, a carreira e suas expectativas para o desempenho da Seleção na Copa.

O livro foi escrito por três autores, mas houve uma participação sua também?

Claro, claro! Na verdade, a ideia inicial do Bruno (Lucena, falecido no ano passado) era fazer um livro sobre meus gols do ponto de vista dos goleiros, mas aí ele foi vendo no caminho que pouca gente queria falar e era complicado achar as pessoas, de modo que ele propôs que fizéssemos sobre os gols e as curiosidades deles e das partidas, o que achei ótimo. A gente era amigo e estava em contato o tempo todo, trocando ideia sobre os lances e as pesquisas dele, das estatísticas que ele levantou. Foram quatro anos de conversas, e durante esse período se juntaram também o Marinho (Mário Helvécio) e o Marcelo (Abinader), todos com muita coisa nova e que a gente ia se certificando o tempo todo da realidade dos números, dos fatos... Eu acho que o livro ficou um espetáculo, que ajuda a marcar a minha história e a contá-la para pesquisadores, fãs e toda uma nova geração que não me viu jogar, mas sabe e tem curiosidade sobre a minha carreira. É muito bacana porque tem tudo ali e corretamente, e faz parte agora de minha história oficial. E é até por isso que faço questão de fazer esses eventos de lançamento, com o maior prazer. Já lançamos no Rio, em Vitória, em Brasília e agora em Salvador.

O livro conta a sua história por meio de seus gols. Você tem muitas lembranças de seus jogos aqui na Bahia?

Claro! Meu primeiro gol como profissional foi numa partida contra o Bahia, pelo Brasileiro de 1971 (o franzino Zico tinha 18 anos e anotou o tento de empate no 1 a 1 com o Tricolor, na Fonte Nova). Me lembro muito da alegria daquele dia. Lembro também de um jogo pela Seleção que vencemos por 1 a 0, com um gol do Baltazar (Brasil 1x0 Espanha, em 8.7.1981). E também teve meu irmão Edu (Coimbra), que jogou aí no Bahia (em 1976, foi campeão baiano) e que fui visitá-lo muitas vezes naquele ano.

Você faz 70 anos no ano que vem e tem um importante legado. Como vê a maneira que a memória do esporte no Brasil tem sido tratada?

Cara, quando o pessoal que está até hoje responsável pelo Museu do Flamengo começou o trabalho deles – como o Rodrigo Sabóia e o Bruno (Lucena) –, eu fui lá na Gávea e fiquei chocado com o que vi. Eram vários troféus jogados em uma sala, mal conservados... Rapaz, aquilo me deu uma tristeza no coração. A gente (jogadores) suou tanto por aquilo, lutou tanto por aquelas conquistas, e de repente está tudo em um estado de conservação que mostrava que ninguém ligava. Aí, fomos até a diretoria e convencemos eles que precisa cuidar. A gente batalhou um bocado, fez campanha para recuperar tudo e, graças a Deus, eles fizeram um trabalho fantástico e restauraram não apenas os troféus, mas a história por trás deles. O futebol precisa cuidar melhor de sua memória. Fico muito feliz em colaborar para a preservação. Queria que todo clube pudesse passar por isso, mas percebo que tem melhorado bastante.

Como vão os seus projetos hoje: CFZ (Clube de Futebol Zico) e Zico 10 (escolinha de futebol)?

No CFZ a gente não tem mais equipes disputando campeonato, mas mantivemos toda estrutura de campos, e alguns clubes ainda a usam para treinar no Rio. Tem um restaurante e quadras que o pessoal aluga para jogar as peladas à noite. A gente também aluga para festas de aniversário. Hoje estamos ampliando, com uma parceria, para ter uma Arena de Futebol de 7 e quadras de Beach Tênis. Já o Zico 10 a gente tem 25 parceiros espalhados pelo Brasil e sempre que estou no país (Zico é diretor conselheiro do Kashima Antlers, no Japão), faço visitas aos espaços, como em Manaus, Florianópolis, Vitória e Rio de Janeiro.

Há ainda alguma chance de você voltar ao futebol como técnico ou dirigente?

Não, não. Isso não tem chance. Tenho outras maneiras de me envolver. Tenho as minhas palestras, que gosto muito de fazer sempre que convidado. Sou conselheiro no Kashima, num contrato que termina esse ano, mas não penso em voltar a ser técnico ou dirigente não.

Você treinou o Al-Gharafa, do Qatar, em 2013. O que você espera da Copa no país?

Vai ser um choque de cultura, com certeza, mas eles têm muito dinheiro e vão fazer, do ponto de vista da estrutura, uma grande Copa. Não sei se vão tratar os turistas do mesmo jeito que os imigrantes são tratados lá, sob uma lei forte de controle de costumes. Para você ver, quando estava lá, para sair do país você tinha que ter seu passaporte liberado pelo Sheik, Sem a autorização pessoal dele, você não saia. Tudo muito rígido e controlado. Lá não tem negócio de jeitinho não. Tem que andar na linha.

E quais suas expectativas para a Seleção na Copa. É favorita?

Não diria favorita. Certamente o Brasil chega como candidato forte e há grandes chances de conquista, mas há hoje um equilíbrio mundial das principais seleções. Não dá para destacar como favorito. Numa Copa, tudo depende muito das condições de cada time naquele momento e cada jogo depois da primeira fase é decisivo.

Mas haveria alguma seleção de destaque?

Olha, não exatamente muito superior, mas vejo a Inglaterra se consolidando cada vez mais como seleção. Eles já têm o melhor campeonato do mundo, que é a Premier League, e a melhor organização de clubes, com grandes jogadores em todas as equipes, com muitos ingleses, inclusive. Então, acho que ela pode ir bem na Copa.

Você foi Secretário Nacional de Esportes nos anos de 1990 e 1991, quando fomentou a ‘Lei Zico’, que modificou a estrutura do esporte e do futebol brasileiro, criando ferramentas para profissionalizar clubes e federações. Como você enxerga hoje o modelo das SAF (Sociedade Anônima do Futebol)?

Para você ver, ainda que com outros parâmetros, o que fizemos naquela época foi criar as ferramentas e a opção dos clubes e de seus departamentos de futebol de se tornarem empresas, profissionalizando os dirigentes. Como um negócio em que o diretor não-remunerado, que só chega no clube muitas vezes 19h, quando todos já foram embora, pode andar para frente? O futebol poderia ter se aproveitado disso desde aquela época, mas não soube, por diversas razões e por conta da estrutura que é muito política e de vaidades. Outros esportes como vôlei, basquete e natação souberam usar a lei e cresceram muito, mantendo isso até hoje. Espero mesmo que dessa vez, com a SAF, isso traga um ambiente mais profissional e, em consequência, mais resultado para os clubes e para o futebol brasileiro.

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