CADERNO IMOBILIÁRIO
A versatilidade e a nobreza da chita
Por Carla Jesus

Séculos atrás a chita era um tecido ordinário, de cores fortes e estampas naturais, era usado apenas por pessoas pobres do Brasil colonial. Mas ao longo da história brasileira esse tecido indiano se reinventou, passou a ser conhecido como chitão - graças ao aumento das dimensões e dos padrões, ganhou ilustrações de flores nacionais e está presente nos mobiliários e peças decorativas.
O custo continua baixo, um metro do tecido não passa dos R$ 8. No entanto, as antigas características atribuídas ao chitão não existem mais. Ele não desbota ou rasga com facilidade, como se dizia, e isso permite novas funções, como revestir móveis, paredes ou objetos de decoração.
"Nas lojas ainda encontramos o chitão no morim (pano fino de algodão com tramas mais abertas), mas existem chitas em tecidos sintéticos que mesclam o algodão com poliéster, por exemplo, o que permite utilizá-lo de várias formas, até mesmo como cortina", diz a designer de interiores Valentina Rocha.
Uma dica da designer é combiná-lo com um tecido nobre, como a seda, para ter na cortina uma composição harmônica. O interessante, ressalta a blogueira Margaret Santos, é buscar um outro tecido de textura lisa e na tonalidade mais predominante da chita.
"Há várias opções do chitão com cores de fundo diferentes, basicamente nas cores primárias, como amarelo, vermelho ou azul. O ideal é buscar outro tecido liso com a mesma tonalidade", diz.

Tecido ganhou diferentes padrões e conquistou novas funções (Mila Cordeiro | Ag. A TARDE)
O grande problema do chitão no pano morim, alerta Valentina, é que ele deforma com facilidade, já que tem poucos fios. Isso pode dificultar o uso em peças que exijam lavagens frequentes, como uma almofada. Por isso vale investir nos tecidos sintéticos para ter peças duradouras.
E, apesar da grande identificação com a cultura brasileira, a chita, que é indiana, também tem uma versão chinesa, que traz estampas de flores orientais, mas mantém as cores primárias. Outra versão são as chitinhas, que têm padrões menores.
"Normalmente utilizo a chitinha para revestir pequenas peças, como gavetas de cômodas ou um abajur. Assim consigo preservar o desenho das flores, que ficariam cortadas em um padrão maior", conta Valentina.
Para Margaret, os tons alegres e tropicais do chitão são ideais para a decoração das áreas externas da casa. Seja no banquinho ou até mesmo na mesa de plástico, é possível aplicá-lo com a ajuda de cola, rolo de pintar, régua e tesoura, garante a blogueira.
Mas é claro que não basta uma cola comum, Valentina nos explica que há no mercado colas de alta resistência, que, além de permitirem a aderência, também impermeabilizam a chita. "A cola deve ser concentrada para criar uma película protetora. As colas comuns, à base de água, quando molhadas, não protegem a peça", explica.

"Nas lojas ainda encontramos o chitão no morim", afirma Valentina (Mila Cordeiro | Ag. A TARDE)
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