CADERNO IMOBILIÁRIO
Arte urbana torna decoração de lojas e bares mais original
Proprietários de estabelecimentos investem em obras artísticas, como grafites e murais
Por Inara Almeida*
Quem nunca entrou em um restaurante ou loja e, antes mesmo de ir embora, já ficou com vontade de voltar devido à decoração de tirar o fôlego? E como a primeira impressão, normalmente, é a que fica, estabelecimentos comerciais têm fugido dos papéis de paredes e apostado, cada vez mais, em criações de artistas urbanos locais para estampar as paredes e garantir originalidade.
O desejo de se destacarem em um mercado cada vez mais competitivo e a vontade de criar um ambiente único e atraente para os clientes são alguns dos motivos pelos quais donos de comércios têm investido em artes como grafites e murais para compor as decorações. De acordo com Gabriele Meireles, arquiteta responsável pelo escritório Studio Gm+, além de estética, as artes urbanas funcionam como uma estratégia de marketing eficaz.
“Murais coloridos e bem-feitos podem ser usados para atrair a atenção dos clientes, criando um ponto de referência visual que os ajuda a encontrar o local. Também podem ser compartilhados nas redes sociais, aumentando a visibilidade e o alcance do estabelecimento. Outra vantagem das artes urbanas em estabelecimentos comerciais é que elas podem ajudar a estabelecer uma conexão com a comunidade local”, explica.
“Arte é uma coisa que me permeia o tempo todo”. Foi assim que Ícaro Rosa, chef e proprietário do restaurante Jiló, com unidades em Salvador e Itacaré, começou a explicar o porquê resolveu adotar os grafites nas paredes dos seus negócios. Entre as inúmeras manifestações artísticas presentes no estabelecimento da capital baiana, localizado na Pituba, há um trabalho cheio de cores e referências do artista Eder Muniz, conhecido como Calangos.
Em meio à cachoeira, frutas, animais e plantas representados no grafite, Ícaro fez questão do desenho de uma mulher preta, em referência às mulheres que passaram pela sua vida, como mãe e avó, e influenciaram na sua gastronomia. Calangos decidiu, então, homenagear a cantora, atriz e coreógrafa baiana Nara Couto.
Quem também resolveu apostar na arte urbana foi Roberto Simon, sócio do restaurante Oriente Fast, em Salvador. Da necessidade de preencher espaços vazios na parede, o empresário percebeu que a arte deveria fazer parte da identidade visual da casa e da mensagem que queria passar aos clientes.
“A arte complementa a arquitetura, deixando o ambiente mais descontraído, agradável e interessante. Faz com que a experiência de ir ao restaurante seja mais completa e se torne um verdadeiro entretenimento”, diz. A árvore repleta de flores que arranca suspiros e flashs dos clientes é obra da artista Miu Monteiro.
Os muitos desenhos de lábios coloridos feitos pelo artista Ghibba Dourado na parede já virou a marca registrada do estúdio da maquiadora e hairstyle Ariane Moraes, em Feira de Santana. A empresária escolheu uma arte que representasse bem o seu trabalho e, de quebra, servisse como um belíssimo plano de fundo para as fotos de suas clientes.
“Meu intuito em optar por ter uma pintura feita por um artista foi justamente a ideia de exclusividade, autenticidade e que pudesse trazer um pouco de minha personalidade”, pontua.
Os artistas concordam: têm crescido o interesse das pessoas por decorações personalizadas e autênticas em suas casas e ambientes de trabalho. Segundo Miu Monteiro, grafiteira e muralista há 5 anos, empresários têm percebido agregação de valor no ambiente.
“As pinturas de parede exclusivas influenciam no comportamento do consumidor, contribuem com a construção da consciência de valor desse espaço. Não só monetário, mas valor humano, porque é uma manifestação sócio-cultural. É uma experiência que o cliente vive”, afirma a artista.
Além da estética, de acordo com Eder Muniz, artista há 21 anos, a presença de arte em estabelecimentos comerciais demonstra cuidado e preocupação com os detalhes. “Mostra o amor, cuidado e atenção que você tem pelo que faz. É necessário ter arte”, opina.
Apesar do interesse cada vez maior no trabalho dos artistas urbanos, segundo Calangos, em Salvador, a falta de educação artística em relação ao trabalho dos grafiteiros ainda é muito presente. “Tem gente que fala: ‘você faz de graça na rua e está me cobrando esse valor?’. Não é de graça, é voluntário. O trabalho comercial é diferente. Ainda rola de você precisar educar os clientes”, diz.
*Sob a supervisão da editora Cassandra Barteló
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